Pequim abre a carteira: e agora, quem paga?
Porque, basicamente, temos visto e ouvido que na prática não houve reação à queda da economia, se não a mera criação de mais dívidas.
E isso, como sabemos, funcionou parcialmente.
Ou seja, é como colocar uma flor cortada num vaso com água: realmente parece ficar um pouco melhor, mas é uma questão de tempo e acabará como todas as flores cortadas, é inevitável.
Na Europa, vimos a queda da Grécia, da Irlanda e de Portugal: o que preocupa mais agora é a Grécia que, apesar do resgate, está ainda uma vez à beira da bancarrota. Pois, como sabemos, o resgate é o vaso cheio de água que não pode evitar o inevitável.
Nos casos da Irlanda e de Portugal, o remédio será sempre o mesmo: tapar o buraco da dívida com mais dívida, cada vez mais dívida. Pois as discussões que podemos ouvir ou ver vertem acerca dum único tema: colocar nova dívida para pagar a velha dívida.
É um jogo louco ao qual ninguém quer pôr fim.
Há alternativas? Sim, há e já falámos disso várias vezes, mas é bom lembrar as coisas de vez em quando.
A solução seria reestruturar a dívida: convocar os credores e fazer o seguinte discurso: Meus senhores, o dinheiro acabou (e há muito), por isso é preciso cortar a dívida. Vocês perdem dinheiro com isso? Então, qual o problema? É na natureza das coisas que um investidor possa perder o próprio dinheiro.
Paradoxalmente, esta seria a solução mais lógica: quem arrisca dinheiro na especulação, pode perder o capital investido. É a alma do Capitalismo. Dum Capitalismo normal, óbvio, não deste Capitalismo Parasitário.
Na nossa realidade, os investidores são sagrados. Como os bancos. O que não é esquisito, pois afinal são a mesma coisa.
Na nossa realidade, todos podem perder dinheiro: cidadãos, empresas, Estados. Mas os bancos não.
Na nossa realidade é normal que os salários sejam cortados, os serviços fechados, o futuro hipotecado: é normal se a alternativa for um banco perder dinheiro.
Mas há um problema (há sempre um problema!): o dinheiro acabou. É que acabou mesmo.
Sobra uma pergunta, sempre a mesma: e agora, quem paga?
O embaixador chinês Song Zhe |
A China já tem vários milhares de milhões de Euros de obrigações emitidas pela Grécia e Portugal e é possível que o próximo passo seja a aquisição de outra dívida soberana da Europa, afirmou Song, enfatizando como o objetivo fundamental do investimento chinês na Europa seja proteger o elevado nível de reservas monetárias da China e que Pequim tem plena confiança na moeda, que continuará a ser um dos pontos fortes do investimento chinês.
Nada estúpidos este Chineses. Comprar dívida significa agarrar um Estado pelo pescoço, mais eficaz do que uma invasão militar.
Quero abrir uma nova empresa no teu País, não me deixas? Olha, pensa bem nisso, tenho muita da tua dívida nos meus cofres, se decidisse pôr esta dívida no mercado seria um grande problema encontrar novos investidores, as taxas de juros aumentariam, enfim…
Este, claro, é um exagero, pois nunca as coisas funcionam desta forma: não há necessidade de fazer estes discursos, são conceitos implícitos que todos conhecem e que ninguém gosta de citar. Por isso as coisas são resolvidas antes, entre cavalheiros, sem atritos e sem incomodas alusões. É suficiente comprar dívida para que tudo fique claro.
Então, ao longo de alguns tempos, paga Pequim. Que, com uma mensagem muito precisa, envia sinais de distância do Dólar e tenta uma aproximação à Zona Euro. Não vai ser muito divertido, pois no interior da União Europeia e da Zona Euro há divergência de opiniões sobre a política externa, para não mencionar o nó da Nato.
Sem mencionar o preço que teremos de pagar à tigre chinesa por esse tipo de “ajuda”.
A razão foi a abertura de um aterro, mas a visão ampla dos leitores será capaz de detectar um sinal muito forte de confronto aberto entre a realidade e os poderes constituídos.
Inútil procurar esta notícia, não aparece nos media. Certas coisas é melhor que fiquem entre as paredes de casa, o contagio é sempre um risco.
Mas a verdade é que na Grécia, às portas do velho e rico Velho Continente, as pessoas estão gradualmente a perder a confiança no sistema e algumas lutam abertamente contra o sistema.
A revolução contra Khadafi tornou-se uma coisa muito diferente do que vimos na Tunísia e no Egipto e que continuamos a ver no Yemen e Síria.
A propósito: 400 mortos é o balanço dos choques entre manifestantes e forças policiais em Damasco. Aquando uma No Fly Zone? Uma intervenção da Nato? Misseis inteligentes dos EUA? Ou os manifestantes sírios pertencem a uma categoria diferente dos Líbios, uma categoria inferior?
Está na hora de mandarmos a União Europeia dar uma curva. Tenho a impressão que se fosse eu que mandasse viraria o parceiro número um da China na Europa. Querem um porto de águas profundas esplêndido, nós temos um, Sines, nós somos vossos amigos, relembro uma velha amizade com 500 anos de história. Estou certo que era isto que os chineses gostariam e podes crer Max, Portugal teria mais hipóteses de brilhar se levasse a CPLP para a frente com a China, a India e o Brasil. UE trés demodé Max. A Islândia também abriu os portos e sabes a quem, à Rússia.
Na Islândia entrou muito dinheiro russo.
É tempo de nos voltarmos outra vez para o mundo e deixarmos a Europa, que está velha.
Olá Mário!
Sabes uma coisa? Concordo.
Mas falta a coragem para deixar a União Europeia. Grande pena, pois seria um optimo exemplo para os restantes Países Membros: há vida além da União e talvez seria uma ocasião para repensar esta UE que representa quem? Nós? Nem pensar…
Portugal tem uma história de séculos, laços profundos com Brasil, Angola, Moçambique. É uma pena não ter desfrutado isso e ter-se ligado à esta cambada de burocratas, criados dos bancos.
Talvez tenhas razão: Portugal deveria começar a olhar para o mar e não para a terra.
Abraço!
E parcerias com o Irão e a Venezuela, Portugal só tem futuro fora da União Europeia, mas os nossos líderes têm mais lucro não saindo e para se precaverem convenceram todo um povo de que sair da UE é morte certa.