A força da independência

Finalmente um político sério em Portugal.

Uma pessoa que diz o que pensa. Que pensa o que diz.

Alguém que dá confiança. Uma pessoa à qual seria possível entregar a nossa carteira, com toda a tranquilidade, ou as chaves do carro.

Fernando Nobre candidatou-se no principio do ano para o cargo de Presidente da República portuguesa: como independente, conseguiu arrecadar 14% das preferências, nada mal.
A sua ideia é clara: cidadania, longe dos partidos, longe do poder.

Pena existir apenas um Fernando Nobre. Deveria haver mais: um no Brasil, um em Angola, um em cada País.

Para catalisar o voto de quem está farto da prepotência dos partidos, de quem quer sair dos tristes jogos de poder. Para aprender que a política pode ser feita com e para os cidadãos, pode ser algo de mais nobre.

Ou Nobre, isso mesmo.

Isso, claro, foi há três meses.
Entretanto as coisas mudaram. Mas pouco, muito pouco.

Após ter-se declarado monárquico;
após ter sido membro da Comissão Política da candidatura de Mário Soares (Partido Socialista) em 2006;
após ter sido mandatário nacional do Bloco de Esquerda nas eleições europeias de 2009;
após ter sido membro da Comissão de Honra da candidatura de António Capucho pelo Partido Social Democrata em 2009;
finalmente, em 2011, Fernando Nobre viu a Luz: a cidadania é que conta, poder aos cidadãos.

E ontem, Nobre viu outra Luz e aceitou o convite de Pedro Passa o Coelho (Partido Social Democrata) para ser a cabeça de lista por Lisboa nas eleições legislativas marcadas para o próximo 5 de Junho.

Fernando Nobre consegue assim dar uma nova definição ao conceito de “independência”:  liberdade de passar dum partido para outro com a máxima descontração.
De facto, Nobre passa das barricadas esquerdistas para a Casa Real com a velocidade do fotão.
Agora está ao lado das grandes corporações, após um segundo empunha a bandeira do Socialismo.
Marx ou o Papa, para ele tanto faz, desde que possam trazer um cargo qualquer.

A única coisa que me assusta é que Fernando Nobre é um médico.
– Doutor, dói-me aqui
– Ah, não é nada, fique descansado
– Obrigado doutor.
– Vamos amputar
– Como assim?
– Uma Aspirina e tudo passa
– Mas como? Disse amputar…
– Pois acho ser pneumonia
– Pneumonia???
– Enfermeira, prepare o paciente para uma lobotomia.

Fernando Nobre.
Uma pessoa que pensa o que diz. Que diz o que pensa.
O problema é mesmo este: o que pensa?

Ipse dixit.

2 Replies to “A força da independência”

  1. A palavra TACHO, diz-vos alguma coisa?

    (Não, ele não deve querer dar um tacho de comida ao povo diariamente…)

    Cumprimentos Max,
    — —
    R. Saraiva

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