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O que fazer? (e ficar sem leitores) Parte II

Ainda Eduardo:

Então, prezado Max o que deve ser feito? Pois milhões estão gritando que ninguém faz nada. Porém a pergunta é: O que fazer baseado na realidade e no possível?

Correcto Eduardo, correcto.
Mas para enfrentar esta parte, temos que ser honestos e ler as entrelinhas.

O bolo

Eu lancei aqui uma iniciativa e um tópico:

  • a iniciativa é uma(s) petição(ões)
  • o tópico é para debater os problemas abismais que marcam Portugal nestes dias.

Alguém viu sugestões dos leitores? Conseguem encontrar hipóteses? Palpites?

A única sugestão foi de Gilson Sampaio, não acaso uma pessoa já muito activa na blogosfera (e, ironia, tive que chumbar a proposta dele…).

Mas os outros?
Feedback: zero.

Eduardo: nem se esforçam para uma miserável sugestão num ínfimo blogue e querem organizar a revolução no mundo?

Eu sei, eu sei…se fosse um blogueiro inteligente, não deveria ser tão crítico com os leitores, com o risco de perde-los. Mas estamos aqui para dizer que sim, somos mesmo bons, somos porreiros, somos os melhores, ou estamos aqui para tentar perceber as coisas e também encontrar possíveis soluções?

Perguntam a mim as soluções?
Meus senhores, eu costumo ler os vossos comentários, todos, nem um escapa. Por isso sei que estou a interagir com pessoas inteligentes, que têm capacidade para analisar, reflectir, exprimir opiniões, escolher.
E, de facto, vocês analisam, reflectem, exprimem opiniões e…e escolhem esperar.

É um pouco como bater os ovos, empastar a farinha, preparar o creme, moldar o bolo, coloca-lo no forno e depois esperar que alguém venha a extrai-lo antes que queime.

Eu não sei que raio de ideia transmiti ao longo deste ano de trabalho; mas, no caso, melhor lembrar o seguinte: eu sou uma pessoa absolutamente normal, tal como todos os leitores, não tenho mais capacidades, pela simples razão que o mundo é feito de pessoas absolutamente normais, todas iguais.

Não acaso, quando aparece uma pessoa mais inteligente, eis que avança a rotulagem: um génio.
E se a pessoa ficar um pouco aquém, eis outra rotulagem: um Francês (ou um atrasado, em alternativa).
As outras são pessoas totalmente, absolutamente, completamente normais.

Não há por aqui ninguém que possa apresentar soluções milagrosas. Não há aqui e nem nos outros lugares pessoas fantásticas com as soluções no bolso.

Vocês conhecem já todas as soluções, vocês são a solução.

Esperar que alguém apresente soluções é exactamente o que foi feito até agora.
A condição na qual estamos não se criou sozinha, não houve um Deus que desceu na Terra e impôs este estado de coisas.

Tudo aconteceu porque ficámos à espera, porque demandámos.

“Eles são os políticos, eles que decidam”.
Depois as coisas correm mal, porque os políticos não cuidam dos nossos interesses mas dos deles. Então eis que o cidadão pergunta: mas como é que isso não funciona?
Eh, difícil responder, não é?

Aqui, neste blogue, está a acontecer a mesma coisa.

“Senhores, vamos fazer uma petição?”
“Siiiiim, boa ideia, bravo Max!”.
“Alguém tem propostas?”
“………”

Deixem-me perceber uma coisa: era suposto só eu fazer propostas?
Eu faço, claro.
Mas se depois o leitor não gostar?

“Ele é o autor do blogue, ele que decida”
É assim que funciona?

Exemplo?

Um exemplo simples simples?

Quanto tempo passam em frente do computador?
Mesmo que seja pouco: quanto tempo é preciso para escrever um mail e envia-lo para o Parlamento, Presidente da República ou outra entidade qualquer?

O que é preciso para  escrever uma carta e dizer :”Não, não concordo, quero que as coisas sejam feitas de outra maneira, nomeadamente…”?
Imaginem se, não digo todos, mas muitos, mesmo muitos cidadãos fizessem o mesmo.

Poderia uma acção destas ser ignorada?
Sim, óbvio.

Mas apenas de forma aparente. Porque a realidade é que um Presidente ou um Parlamento, para ser considerados legítimos, precisam dos votos, os vossos votos.

Sem votos seria preciso avançar com formas de poder mais descaradamente não democráticas.
Mas, meus amigos, neste caso falamos de outro tipo de jogo, um jogo muito mais “pesado” e não apenas para nós.

Os políticos precisam de votos. Precisam desesperadamente do consenso popular, por isso ficam particularmente atentos aos sinais que a sociedade envia.

Porque acham existirem tantas sondagens? Porque a classe política utiliza os resultados para aperfeiçoar o rumo. E qual melhor sinal duma massa de cidadãos que afirma estar descontente com as escolhas do partido? Ou para propor alguma coisa?

Alguém costuma enviar tal carta? Ou um simples mail? Com todo o tempo passado na frente do ecrã, não tiveram 5 minutos para escrever? Ah, percebo…

E depois esperam que alguém surja para resolver os nossos problemas.
Parece-me bem.

O Herói Solitário

Eu já fiz a minha escolha: vou em frente com, no mínimo, uma petição (mas serão mais, com certeza) e com todas as iniciativas que surgirão na minha cabeça (faltando as ideias das outras cabeças).

Vou fazer publicidade nisso (internet é excelente neste aspecto: Facebook, Orkut…), recolher apoios (se existirem) e apresenta-las (para depois ser deitadas no lixo).
Fora dos partidos, desligado das ideologias.

Mas farei alguma coisa.

Mesmo sozinho, vou em frente, porque sinto de ter um dever: não tenho a Síndrome do Herói Solitário, nem quero ou posso salvar o Mundo.

Simplesmente, recuso conformar-me e quero ter um papel activo, por pequeno que seja.
É um dever com a minha pessoa, a minha família, os meus amigos. (lágrimas, comoção, que homem!)

Cedo ou tarde, Informação Incorrecta voltará a ser o que era: um blog de informação, pois haverá outro blog dedicado a coisas mais concretas, iniciativas. 

Quanto aos leitores, são vocês que sabem, são vocês que decidem, não posso responder eu.
O que posso fazer é pôr este blogue, o meu tempo e o meu trabalho à disposição.
Ser ponto de encontro, recolher ideias, divulga-las.

É pouco?
É o que tenho.

E hoje tiro folga.

Ipse dixit.