O raio é que conta

Como é a situação em Fukushima?
Boa ao que parece. Que dizer, não explodiu e isso já não é mal.

Tentamos perceber algo mais, sempre tendo em conta a miséria de informação que o Governo Japonês, para não falar da Tepco, carinhosamente divulga.

Caldeirada de radiações

O iodo radioactivo encontrado na água do mar em frente do reactor número 2 de Fukushima é 7,5 milhões de vezes superior ao limite legal.

7,5 é um bom resultado, mas porque não chegar aos 10 milhões? Mais fácil de memorizar também.
E, de facto, este era o valor do dia 2 de Abril, antes que a Tepco começasse a despejar toneladas de água radioactiva no Oceano Pacífico.

A libertação de água contaminada no mar é uma violação sem precedentes das regras de segurança, mas foi considerada inevitável: o governo justificou a acção como uma espécie de mal menor, embora os peixes tenham um ponto de vista um pouco diferente.
E, apesar do Governo japonês já ter garantido que não há risco para a saúde (e porque deveria, ora essa), a Coreia do Sul protestou formalmente.

Entretanto a empresa anunciou a intenção de pagar indemnizações a partir do final do mês, não aos peixes nem à Coreia, mas aos moradores e aos agricultores que vivem ao redor da central: reembolso de despesas médicas, perda de receitas devido à evacuação e custo de vida após as novas directrizes impostas pelo governo.

Problema: mesmo hoje a Tepco atingiu o recorde histórico negativo nos mercados dos valores, parece existir uma ligeira desconfiança à volta da empresa, portanto não é claro onde poderão encontrar o dinheiro.
A prefeitura de Fukushima começou a medir os níveis de radiação nos recreios das escolas: ao longo dos próximos dois dias, mais de 1.400 escolas e creches serão testadas para atender a crescente ansiedade dos pais.
Já o facto de 4 reactores ameaçarem explodir é preocupante, mas quando o Governo afirma que não existem riscos além dum raio de 30 quilómetros, então a preocupação torna-se terror.

Várias e eventuais 

Vamos ver agora uma colectânea de outras notícias, com relativas fontes:

De acordo com um especialista [já viram quantos especialistas ou alegados tais aparecem sempre depois e nunca antes? Um fenómeno bem esquisito este. NDT], podem ser precisos entre 50 e 100 anos para reduzir a temperatura das barras de urânio até um nível que permita de transferi-las da central.

Será portanto necessário continuar a inunda-las com água de mar, despejada a seguir no oceano após ter-se carregado de radioactividade. A probabilidade é assim duma fuga radioactiva ao longo de um século. (Link: ABC)

Conselho pessoal: ao longo dos próximos 50-100 anos melhor abdicar do sushi.

As águas subterrâneas naturais abaixo da central mostram um nível de radioactividade 10 mil vezes maior dos valores permitidos pelas autoridades. É o iodo 131, 15 metros abaixo do reactor. (Link: CBS)

Não só o sushi, mas também melhor desconfiar de quem ofereça um copito de água.

Já foi tentado utilizar robot  para resolver a crise no interior do complexo, mas sem sucesso.
Por isso, a agência de notícias Reuters  revela que uma empresa americana já está a recrutar trabalhadores kamikaze dos EUA, dispostos a trabalhar no inferno de Fukushima com os especialistas que tentam salvar os reactores. (Link: Yahoo Canada)

A maior bomba de cimento do mundo foi enviada para o Japão como parte de um projecto que provavelmente irá decretar o desmantelamento definitivo de Fukushima. (Fonte: The Augusta Chronicle)

A ideia, portanto, é cobrir tudo com uma imensa camada de cimento, pelo menos para esconder a vergonha.
Mas o especialista dantes não tinha dito que seria preciso deitar água do mar ao longo de quase um século? O maior funil do mundo?

No rescaldo de Fukushima, Tóquio terá de enfrentar uma série de apagões durante o verão. A quantidade de corrente elétrica fornecida para Tóquio já foi reduzida em vinte por cento. (Fonte: CNN)

Fosse só este o problema…

Os trabalhadores que desesperadamente tentaram controlar os reactores disseram que esperam morrer cedo, isso depois de terem sido repetidamente expostos a níveis elevados de radioactividade. (Fonte: The Telegraph)

Uma dúvida: mas será que o resto do mundo pode descansar?
Por enquanto os especialistas concordam com a governo de Tóquio: não existem riscos.

Eu seria um pouco mais preciso: não há riscos além dum raio de 12.742 quilómetros…

Ipse dixit.

Fontes: Il Corriere della Sera, NaturalNews

4 Replies to “O raio é que conta”

  1. Não sei se sou pessimista. Mas tem todos aqueles lances de correntes marítimas, que levam coisas de um lado para outra, etc. Talvez a radioatividade pode ser levada. Caso isso possa ser possível, com certeza os especialistas sabem disso. Então vem aquela velha história de divulgar relatórios falsos para não fazer o mundo se desesperar.

    Por um segundo me pego em contradição e penso se não seria melhor o mundo não saber de algumas coisas. Mas apenas por um segundo.

  2. Na minha opiniao, esta crise nuclear no Japao,vai fazer parecer Chernobyl pequeno e a maioria das pessoas so se vao aperceber quando ja for tarde demais. Nao esquecer que falamos de 6 reactores, todos eles com mais combustivel, sendo esse combustivel mais toxico tambem que o de Chernobyl. Pelo que tenho apurado(foruns,sites e alguns mainstream media) ja se chegou ao ponto sem retorno e que apenas se esta a adiar o inevitavel.

    Consequencias para o ambiente serao dramaticas, especialmente para o oceano pacifico e a ilha do Japao, cuja parte do territorio(dificil de determinar quanto)ficara uma zona de morte durante muitos anos. Impacto na economia japonesa, que por si ja estava extremamente debilitada devido a sua divida altissima, sera enorme, o que por sua vez ira abanar a economia global devido a' importancia desta mesma. Nao esquecer que a populacao japonesa alimenta-se bastante de peixe e neste momento estao a despejar quantidades incriveis de agua radioactiva para o oceano.

    Espero que o desastre humano nao seja muito grande tambem, pois falamos de uma zona do globo com alta densidade populacional. Nao esquecer que todo o sudeste asiatico podera ser afectado, caso os ventos mudem de direccao. Pelo que li essa mudanca costuma acontecer todos os anos em finais de Abril(preciso de confirmar).

    Esta' na altura da humanidade repensar a utilizacao da energia nuclear. A China construiu recentemente uma central nuclear que usa Torio em vez de Uranio, o que segundo dizem, nunca teria estes problemas. O unico "senao" e' que nao podem fazer armas nucleares neste tipo de centrais. Inconviniente para alguns, corecto?

    http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html

  3. Olá Max!
    sobre o sushi…rs de fato não haverá mais sushi, até porque já será pescado cozido e será possível usar como lanterna já que vai faltar energia elétrica…
    por volta do dia 22 ou 24/3 relataram pela Kiodo que foram vistos 13 raios de neutrões… já devem ter vistos outros raios, já q os 13 raios saíram de outro reator e não o de n. 1! O.o
    Já relataram que o lençol freático está "enriquecido" ainda em março… Já identificaram iodo 131 nas chuvas em San Fracisco CA… pouca mas existente! É bom começar a pesquisar sobre cardumes de peixes que gostam de viajar por todos os oceanos pois os que visitarem o Pacífico estarão premiados. Me diga, as sardinhas tão saborosas, que tem nas costas brasileiras e nas águas portuguesas… passeiam por águas orientais também????

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