Iniciativas: Petição (1)

Muito bem.

Fizemos a sondagem, os votos foram contados, agora é tempo de passar ao lado prático.

Como escrevi, em termos de iniciativa pensei nas petições. E como entretanto não surgiram outras ideias, diria que podemos avançar com isso.

Em primeiro lugar, acho ser preciso estabelecer linhas guias.
Estas. 

Petição? Manual de instruções
1. As petições têm que abranger problemas de interesse comum e não particular.
2. As petições devem ter como objecto assuntos concretos, não apenas valores universais. 
3. As petições devem ser constructivas e não negativas.
Vamos ver.
(Nota: os leitores e as perguntas deles são fictícias) 

Ponto 1: As petições têm que abranger problemas de interesse comum e não particular.  

Exemplo A) “O meu vizinho costuma estacionar o carro dele no meu lugar: Informação Incorrecta pode preparar uma petição para que o vizinho seja chicoteado na pública praça?”.

Resposta: não, não pode. Este é um problema particular entre o leitor e o seu vizinho, as petições têm que “pedir” algo que seja interesse de todos.

Exemplo B) “Na minha aldeia somo 12 pessoas, a mais jovem das quais tem 96 anos, e não temos parentes. Informação Incorrecta pode preparar uma petição para que a Freguesia ou a Câmara forneçam um serviço de transporte (como um carro) de forma que, uma vez por semana, alguém possa sair para fazer as compras?”

Resposta: epá, nunca tinha pensado numa coisa como esta. Na verdade tinha imaginado intervenções de bem outro alcance. Mas será que um pedido como este deve ser rejeitado a priori?

O risco é de perder-nos num mar de pedidos, talvez todos justificados e correctos, mas muitos, desligados entre eles e sem um fio condutor.

Também é verdade que Informação Incorrecta não é uma instituição de caridade: salvar Países, socorrer os pobres…fogo, não podemos fazer tudo.

Mas se for uma boa acção? Podemos recusar uma boa acção?

Não sei, deixo a questão em aberto e espero por sugestões. 

2. As petições devem ter como objecto assuntos concretos, não apenas valores universais e não tangíveis.  

Exemplo A) “Sofro muito porque não há paz no Mundo. Informação Incorrecta pode preparar uma petição que peça aos Países de empenhar-se pela Paz no Mundo?”

Resposta: não.
Se o objectivo for pedir a Paz no Mundo, o Fim das Injustiça, o Fim da Discriminação Racial, o Amor Universal, o Fim do Terrorismo e outras coisas do mesmo estilo, então tanto vale fechar o blogue e dedicar-se ao golfe.

As petições têm que ter objectivos concretos, realizáveis, tangíveis. Algo que possa realmente acontecer, a ideia não é criar uma  nova sociedade com o nome de Utopia.

3. As petições devem ser constructivas e não negativas.

Exemplo A) “Já não aturo todos estes políticos, Informação Incorrecta pode preparar uma petição que peça para prende-los todos?”

Resposta: não.
Estou convencido de que a melhor forma para obter alguma coisa seja pedir para construir, não para destruir.

Ao responder ao leitor Anónimo (que agradeço ainda uma vez) que comentou o resultado da sondagem, escrevi:

A minha ideia é fazer petições, por exemplo, “a favor” e nunca “contra”.

Eu acho que na nossa sociedade faltam coisas, não é preciso elimina-las.
Falta “clareza”, por exemplo, falta “verdade” (termo, este, continuamente abusado), falta a participação dos cidadãos.

E estou convencido que numa sociedade com maior participação, e onde seja possível conhecer lados até agora “escondidos” ou bem pouco publicitados, cuidar de aspectos que agora podem parecer “a mais” fique a ser uma coisa automática e ultrapassada por novas leis ou normas.

Além disso, há muitas petições “contra” e não acho existir necessidade de mais.
Pelo contrário, Informação Incorrecta quer fazer algo de não tão abusado como ser simplesmente “contra”.

Isso mesmo.

É por esta razão que respondo de forma negativa à ideia de Gilson Sampaio, o autor do homónimo blog. 
A ideia dele faz todo o sentido, mas todo mesmo: retirar o prémio Nobel da Paz de Barack Obama.
Repito, todo o sentido; eventualmente deveria ganhar o Nobel da Guerra, se isso existisse.

Mas a ideia é construir, não destruir. E para construir devem existir propostas “positivas”. (Lamento Gilson!!!).   

Por enquanto não lembro de outras “normas”, mas com certeza surgirão.

Entretanto, desejo realçar uma proposta que chegou.

Uma proposta e duas perguntas

Farvana que escreve:

[…] criação de um tópico que fale das agências de rating em mais detalhe, de facto que trate da sua criação e propósito, da influência que têm tido na especulação económica (e vice versa a bem dizer) e finalmente de uma conclusão que deixe em aberto a discussão sobre uma possível resolução do problema de Portugal face à redução previsível do seu rating para Junk (não deve tardar muito)

Embora os primeiros pontos referidos sejam factuais creio que uma discussão deste problema seria recebida de bom grado por toda a comunidade do “Informação Incorrecta”[…]

Farvana (que agradeço e ao qual respondi de forma privada também) sugere a criação duma discussão acerca dos problemas de Portugal e das eventuais soluções.

Ok, Informação Incorrecta não está aqui para solucionar as crises de inteiros Países (lolololol!), mas não é este o ponto: o ponto é que duma discussão como esta podem nascer ideias e propostas concretas.
Que tal? A mim a ideia de Farvana parece boa.

Portanto deixo aqui umas perguntas:
Como seria possível solucionar ou melhorar a actual crise de Portugal?
Quais medidas o leitor gostaria de tomar se isso fosse possível?

Esta proposta tem também outro mérito: realça o facto da realidade de Portugal, por exemplo, não ser a mesma do Brasil.
Mas é verdadeiramente um problema? Acho que não.

Com certeza há temáticas em comum e, além disso, não está escrito em lado nenhum que a petição deve ser apenas uma.
A primeira proposta é relativa aos problemas portugueses, mas a intenção não é apenas tratar de assuntos tão específicos. Além disso, nada impede que Informação Incorrecta possa agir em mais “frontes”.

Uma última nota.

Há um pensamento que continua a aterrorizar-me: olho a sondagem e vejo os revolucionários da “Vida de Brian”, dos Monty Python, perdidos em infinitas discussões e incapazes de qualquer iniciativa prática.

Este é um perigo que temos de evitar, a qualquer custo.

E se não conhecem a “Vida de Brian”, aconselho procura-lo, depressa, pois estão a perder uma maravilha.

Ok, por enquanto é tudo.
Mas apenas por enquanto.

Ipse dixit.

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