Vale bem a pena reportar o artigo, escrito sob forma de carta enviada para um País todo: Portugal.
“Caro Portugal, daqui é a Irlanda.”
Assim começa esta carta, assinada pelo colunista Brendan O’Connor e publicada na primeira página do diário.
“Não quero intrometer-me mas tenho lido sobre vocês nos jornais e acho que estou em condições de vos dar alguns conselhos sobre o que têm pela frente”.
O poder político é um dos temas fortes. “Sei que estão sob pressão para aceitar um resgate e que os vossos políticos dizem estar determinados em o recusar. Eles dirão que nem por cima dos seus cadáveres. Segundo a minha experiência, isso significa que serão resgatados muito em breve, provavelmente num domingo”, antecipa.
Brendan O’connor também esclarece que resgatar e ajudar não são sinónimos. “Dado que o inglês é a vossa segunda língua, talvez possam pensar que as palavras ‘bailout’ e ‘aid’ significam que serão ajudados pelos nossos irmãos europeus para superar as dificuldades do presente”. Na Irlanda, escreve, “o inglês é a nossa língua materna e era isso que nós pensávamos de saber o que ‘bailout’ e ‘aid’ significavam”.
“Se desejares traduzir correctamente a palavra “bailout”, então procure no dicionário palavras como emprestar dinheiro, hipotecas, usura, engano. Isto dará uma tradução mais exata do que vai acontecer”.
No entanto, continua, “permitam-me que vos avise: esse ‘bailout’ não vai resolver os vossos problemas, vai, provavelmente, arrastá-los para as gerações futuras”.
A crise política portuguesa também não passou despercebida. “Também sei que vão trocar de governo nos próximos meses (…) Nós também mudámos de Governo e é uma boa diversão durante algumas semanas (…) Verão que o novo governo fará todo o tipo de promessas durante a campanha eleitoral”, avisa.
O documento termina assim: “Portugal, aproveita enquanto podes porque a realidade estará à espera para irromper novamente quando toda a diversão desaparecer”.
Fontes: Prova Final, Independent