Ontem o Pec (Pacto de Estabilidade e Crescimento) ditado pela União Europeia e escrito pelo Primeiro Ministro José Sócrates não foi aceite na Assembleia da República. A seguir, Sócrates apresentou as demissões. É crise!
Todos felizes. Acabamos com um Primeiro Ministro que não deixa saudade. Mas agora?
Agora começa a parte mais divertida.
Por exemplo: o PSD (Partido Social Democrata), próximo partido de governo in pectore, já noticiou que uma das medidas a serem tomadas será a subida do IVA.
Mas como? Acabou de criticar o Primeiro Ministro socialista por causa das medidas impopulares, que asfixiam a economia, e agora aumenta o IVA?
Doutro lado, é o mesmo leader do PSD que afirma:
Até que haja um conhecimento completo da situação financeira em Portugal, nenhum responsável político pode dizer com certeza que não irá mexer nos impostos, se tal for necessário.
Moral: se a mexer nos impostos for o governo, isso é mau, se for um partido até agora na oposição, então é “necessário”.
Agora fica tudo mais claro.
Interessante as posições do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda: votaram contra o Pec proposto pelo governo, mesmo ao saber que isso teria significado uma provável governação de Direita e a “ajuda” internacional.
Um fulano entra nas Urgências com uma perna, um braço partidos e sem parar de rir.
-Está tudo partido, porquê está a rir?- Pergunta o enfermeiro.
-Porque amanhã teria sido o dia do almoço com a minha sogra!- responde o fulano.
Entretanto a União Europeia pensa. O que é muito preocupante.
O primeiro-ministro do Luxemburgo e presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, diz que se houver um pedido de socorro a Portugal, 75 mil milhões será um valor “apropriado”.
75 mil milhões? 75.000.000.000? A mim também parece “apropriado”: com um resgate assim podemos hipotecar o futuro nosso e o das próximas gerações, e alegremente seguir o caminho da Grécia e da Irlanda.
Doutro lado é “necessário”.
Não estão convencidos? Então observem os juros da dívida:
Os juros da dívida pública portuguesa continuavam hoje a subir e a bater recordes nos mercados secundários, roçando os oito por cento para as obrigações a dez anos, os 8,5 por cento a cinco anos e os sete por cento a dois anos.
Melhor prova do que isso não há. Deve ser resgate, e já.
O que escrevi nas Profecias para 2011?
Portugal: Benfica campeão e FMI em Lisboa. Quando? O Benfica em Maio, o FMI antes: Março parece-me um bom mês, chegam as andorinhas e pode chegar também a “ajuda” internacional.
Acertei acerca das andorinhas e da “ajuda”, errei acerca do Benfica. Resultado: 2-1, nada mal.
Ok, as previsão das andorinhas não era tão difícil, admito…
Atravessamos o Atlântico para encontrar outra pessoa preocupada com a demissão de Sócrates.
É a Presidente do Brasil, Dilma Rousseffam, que acaba de confirmar a viagem em Coimbra e Lisboa.
Questionada sobre como seria chegar em Portugal sem ter chefe de Governo para recebê-la, a resposta foi:
Mas não tem presidente para me receber?
Concluo com um pensamento do blog amigo Notas Verbais:
Dos líderes partidários aos deputados, discurso político desligado da realidade e dos anseios, sobretudo dos anseios. Estão confinados aos jogos de poder até porque não sentem a sua “segurança social” ameaçada…
Nem mais.
Ipse dixit.
Fontes: Público, Diário de Notícias, Notas Verbais