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Boa notícia: as catástrofes naturais acabaram

Circulam vozes na internet. Suspeitas. O terramoto no Japão é apenas o último elo duma série de acontecimentos que fazem pensar.

Será que o que está a acontecer no mundo é normal? Absolutamente normal?
Será que a velocidade com a qual viajam as informações contribui para a sensação dum planeta mais perigoso?
 
Gostaria de deixar clara a minha posição desde já: os fenómenos naturais acontecem, está na natureza das coisas. Sempre aconteceram e continuarão a acontecer. E no passado o planeta sofreu episódios bem piores, tais como a queda de asteroides mortíferos e a quase extinção da vida.

Os dois últimos grandes terramotos tiveram lugar em Haiti e Japão: são estas duas localidades que apresentam um risco sísmico particularmente elevado.

Se um terramoto devastador atingisse a Suécia, por exemplo, ficaria muito suspeitoso, pois este País apresenta um risco telúrico muito baixo.

Mas Haiti e Japão estão sentados em cima de falhas tectónicas, zonas extremamente problemáticas do planeta. O Japão, em particular, convive com os terramotos desde sempre.

Paradoxalmente, em ambos os casos as vozes na internet falaram logo de conspiração, de operação dos Estados Unidos, de HAARP. Significa isso que as catástrofes naturais já não podem existir? O terramoto de Lisboa, ano 1755 afinal não passou duma operação americana?

Porque o nível agora é este. Na internet há relatos segundo os quais não apenas o do Japão e de Haiti, mas também o terramoto de Sumatra foi responsabilidade do HAARP, assim como a grande seca na Rússia (porventura, o único caso que pode ter algum sentido).
 
O telemóvel fica sem rede? Chove um pouco mais? Apanhei uma multa por excesso de velocidade? Culpa do HAARP.

Obviamente não pode ser assim, o nosso é um planeta “vivo”, em contínua embora lenta transformação.

Mas vamos analisar alguns dados. As desgraças acontecem, é claro, mas é sempre bom tentar perceber algo mais. Afinal, é o único planeta que temos, melhor vigia-lo. E pode sempre haver algo de interessante. Se calhar não uma conspiração, mas algo de interessante na mesma.

Tsunami e terramotos

Até bem poucos anos, a maioria de nós nunca tinha ouvido falar de tsunami. Agora, de repente, há tsunami um pouco por todos os lados. Normal?

Existe uma explicação para isso: a verdade é que os terramotos são fenómenos não totalmente conhecidos. Sabemos quais as causas, podemos medir a força, mas quanto a prevê-los, por exemplo, nem pensar.

Os tsunamis são intimamente ligados aos terramotos e começaram a ser estudados só em tempos recentes.
A consciência de que um tsunami pode provocar mais mortos do que um terramoto, por exemplo (e este é o caso do Japão), é recente também.

Tudo normal então?
Não.

Os tsunami, como referido, são provocados pelos grandes terramotos: e a seguir alguns gráficos.

Começamos com o número dos terramotos no período 1973 – 2011:

O padrão é claro até 2008: um continuo crescimento do número total dos terramotos. Depois uma queda: menos terramotos nos últimos 3 anos (a HAARP distraiu-se?).
E a força dos sismos?

 
Um padrão parecido, mas não idêntico: subida nos últimos anos, com “picos” em 2004, 2007 e 2010. A cada 3 anos. Interessante, não é?

Em particular, terramotos com magnitude 7:

Em aumento, a partir de 1994.
E magnitude 8:

Mesma coisa: parece existir uma “vaga”.
Sensação confirmada pelo gráfico da magnitude total:

Neste caso a magnitude está a subir desde 1990. E lamento informar que na altura a HAARP não existia. Pena.

Que podemos fazer com estes gráficos?

Duas coisas.
A primeira é falar duma conspiração americana, que tem como objectivo a criação de grandes sismos um pouco por todo o mundo.
A segunda é começar a enquadrar estes fenómenos numa dimensão maior.

EUA? Sim, mas não só

Começamos com a primeira hipótese.

As alterações climatéricas e ambientais para fins militares são uma realidade, não há dúvida acerca disso.

Doutro lado, a experiência ensina que quando o Homem pode estragar algo, dificilmente consegue conter-se.

E que os Estados Unidos estejam a estudar formas para provocar catástrofes em zonas “delicadas” é absolutamente credível.

Mas não podemos esquecer que os Estados Unidos não são os únicos que detêm este potencial. Rússia e China, por exemplo, têm os mesmos objectivos.
Se acreditarmos na hipótese HAARP, então não podemos omitir que Moscovo opera com o sistema SURA, em Nižni Novgorod.
E a China? Mistério. Mas se Pequim não tivesse instalações parecidas ficaria muito surpreendido.

Então: desejamos ainda acreditar que os “maus” estejam sempre dum só lado?

Idiotice militar

A seguir.

O HAARP provocou o sismo no Japão? Ok, vamos admitir isso.
Alguém pode explicar a razão? Sim, podem existir razões económicas: e, de facto, o Japão está a passar por um mau bocado neste sentido, sem considerar que esta desgraça, tal como as outras em geral, enriqueceu os bolsos de alguém.

Mas pensamos nisso: numa altura em que a fricção entre China e Estados Unidos está a subir, que faz Washington? Põe no caos total o próprio melhor aliado na zona.

Não só: mas trabalha tão bem que consegue arrasar o potencial energético do País amigo, precipitando Tokio num pesadelo radioactivo do qual ninguém sabe como e quando conseguirá sair.

Isso, repito, no País aliado situado exatamente ao largo das costas chinesas.
E poucos dias antes, sempre os malvados Estados Unidos tinham atingido também a Nova Zelândia, outro País amigo.
Porquê? Assim, provavelmente estava a sobrar um pouco de energia, porque desperdiça-la com um terramoto num País inimigo? Melhor num País amigo, assim tudo fica entre nós.

Golpes de mestre, sem dúvida. Se calhar sem sentido nenhum, mas sempre de mestre.

Se os teóricos dos HAARP tivessem indicado a Rússia ou a China quais possíveis responsáveis, ao menos a história teria tido um mínimo de significado.

O Sol e Mãe Natureza

Abandonemos as teorias conspiracionistas e, tal como afirmado, tentemos encaixar os fenómenos em algo de mais sério.

Por exemplo: já repararam no que está acontecer ao Sol? Já repararam na esquisita atitude da estrela nos últimos anos?
Falta de manchas solares ao longo de meses, fuga dos padrões observacionais históricos, agora um repentino despertar com uma actividade explosiva superior ao normal?

Não estou a sugerir um iminente Armageddon, nem a chegada de Nibiru com todos os Annunaki de mau feitio: acho que os leitores já conhecem qual o ponto de vista deste blog em relação a estas histórias.

Mas o nosso planeta, todas as nossas vidas, dependem da atitude da nossa estrela. Que, paradoxalmente, conhecemos pouco.

Por coincidência, o nosso conhecimento acerca do Sol faz lembrar o acerca dos terramotos: conhecemos a força, conhecemos os princípios, mas não somos capazes de fazer previsões, a não ser de tipo estatísticos.

Falta-nos algo mais, falta perceber a essência da estrela.

Se tivesse que escolher um culpado pelas recentes desgraças que atingem o planeta, eu escolheria Mãe Natureza. Pelo menos, até prova contrária.
Em última análise, sempre foi a verdadeira responsável das grandes catástrofes.

Não estou a ver fins do mundo por causa do plano intergaláctico que colide com os quantos hiper-cósmicos quadrimensionais: simplesmente pode ser que algo esteja a acontecer, como é natural. Algo que desconhecemos e que bem merece ser seguido. Sem preocupações (preocupados de quê? Nem sabemos de que se trata!), mas com curiosidade e sede de aprendizagem.

Pois nós não vivemos “compartimentalizados”.
Pelo contrário: apesar dos nossos “importantíssimos” assuntos tal como a dívida pública, o preço do ouro ou o campeonato de futebol, vivemos num planeta vivo, indissoluvelmente ligado ao destino do Sol.

Que, por sua vez, faz parte dum grupo local de estrelas, postas no interior duma galáxia, que faz parte dum grupo local de galáxias, que compõem o Universo.

Pensar que tudo possa funcionar de forma autónoma e independente parece-me bastante limitado. E com isso acabo o sermão.

Ámen.

Ipse dixit.

Gráficos: Dlindquist