O próximo patrão

Xi

Quem será o próximo leader chinês?

Não é uma pergunta de segundo plano.
Se com Hu Jintao, o actual Presidente, a China baixou a mascara e assumiu o papel de segunda potência mundial, com o próximo chefe o programa é ainda mais ambicioso: tornar-se a primeira.

Impossível? E porquê?

Pequim queima as etapas: segura pelo pescoço os Estados Unidos ao deter enormes quantias de dívida americana; é presente de forma tentacular em todos os continentes com empresas que, como autênticas cabeças de ponte, exportam produtos chineses e importam matérias primas; com o disfarce da ajuda económica aos Países em dificuldades, adquire posições-chave logísticas, políticas e financeiras.

E, em breve, haverá um novo homem forte que, com a ajuda do Partido, tentará o grande salto: a China como primeira potência.

Este homem é Xi Jinping.

Xi: exactamente no meio

É interessante ler algumas das notas biográficas de Xi: isso ajuda em perceber quanto diferente seja a filosofia oriental da nossa.

Xi com uma Alemã

Esqueçam o self-made man, o homem que construiu a fortuna com as próprias mãos: Xi não é nada disso. Pequim não aprecia individualidade: pelo contrário, admira quem sabe crescer no seio da estrutura. E quem como a estrutura pense.

Neste aspecto, Xi representa um sucesso: a sua principal dote ao longo das décadas parece ter sido a de ficar no meio.
No meio de quê? No meio, e ponto final. 

E se no Ocidente isso pode ser sinonimo de mediocridade, no Oriente esta atitude ganha outro valor: porque não falamos duma pessoa indecisa, incapaz de fazer escolhas ou de pouco valor.

Não é isso o “meio” chinês.

Xi: vida e obras

Xi nasceu na província de Shaanxi, mais ou menos no centro do País, uma das zonas mais pobre de toda a China. Pobre agora, imaginem em 1958, quando o bom Xi viu a luz. Como se não tivesse sido suficiente, o pai de Xi fica emaranhado no jogo mortal da Revolução Cultural e, como resultado, é exilado na imensa planície que é a província de Henan.

Xi com um Brasileiro

Mesmo assim, Xi conseguiu frequentar a universidade, faculdade de engenharia química, algo de muito semelhante ao sistema de selecção dos quadros desenvolvido na União Soviética sob o regime Estalinista e durante a fase de Brezhnev, o chamado “socialismo real”.

Ou seja, os possíveis líderes políticos, devem ter capacidades técnicas e científicas de nível médio e superior, capazes de enfrentar experiências nas fábrica ou de gestão política-administrativa nas unidades de produção. Esta é ainda a forma como a China selecciona os próprios futuros dirigentes.

A seguir, a prática é ir nas várias províncias para acumular experiências, e neste caso foi o mesmo Xi que pediu para ser destacado antes em Hebei (no Norte), começando desta forma uma estrada que foi sempre a subir: do Norte para o Sul, em Xiamen (como vice-presidente da Câmara) e a seguir Shejiang, como governador da inteira província.

Em 2002, no XVI Congresso Nacional do Partido, foi eleito membro do Comité Central, do qual era já suplente desde 1997. Durante o mesmo período tornou a província de Zhejiang a mais virtuosa do ponto de vista da economia, graças a uma elevada taxa de investimento estrangeiro, criando também uma reputação como inimigo de líderes corruptos.

Após a saída de Chen Liangyu, secretário do partido em Xangai, Xi foi nomeado para substituí-lo em Março de 2007 e recebeu um sinal de apreço por parte das autoridades centrais. Aqui não se comprometeu a tocar temas polémicos, a aplicar apenas as directrizes do governo central.

Em Outubro de 2007 Xi é eleito membro do Bureau Político do Partido e do Comité Permanente do Bureau Político; então foi nomeado primeiro secretário do Secretariado do Comité Central (cuja cabeça formal é Hu, mas é o primeiro secretário que manda de facto).

Um ano depois, em 2008, na Assembleia Nacional Popular, Xi foi eleito vice-presidente da República., tornando-se o segundo homem mais importante da diplomacia chinesa: e continua a ser o mais provável sucessor de Hu como secretário geral do Partido.

A verdadeira tarefa de Xi?

Xi dá nas vistas, pela competência e pelas ideias “centristas”. Nem demasiado à esquerda, nem demasiado à direita, nem demasiado ligado ao dogma centralista do Estado, nem demasiado envolvido nas concepções liberais. no meio, na melhor tradição chinesa.

A esposa de Xi

Única concessão ao show-business é representado pela segunda esposa, Peng Liyuan, cantante lírica de grande fama e, ao mesmo tempo, major geral do Exército Popular de libertação.

Xi será mais do que o novo Presidente da República: será o sinal da renovação.
A classe dirigente chinesa está consciente do problema da idade avançada dos próprios quadros em actividades: Hu, por exemplo, está muito perto dos 70 anos, e não é o mais velho.

Antes que toda a estrutura se torne uma imóvel gerontocracia, é preciso pensar na substituição.

Mudança, portanto, mas ainda nos moldes exigidos pelo Partido. Conseguirá Xi provocar um passo em frente neste sentido também?

Ou melhor: é esta a derradeira programada?

Ipse dixit.

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