Ganhar tempo para?

Enquanto esperamos para conhecer qual a mágica solução que as mentes pensantes irão encontrar em Bruxelas, avançamos com algumas considerações.

Também uma maneira para fazer o ponto da situação.

Nos próximos dias a ajuda à Grécia deveria partir. E já está atrasada.

Mas sabemos que os 110 bilhões de Euros não são suficientes para curar o “caso Grécia”. Assim como três anos não é um prazo realístico para Atenas poder resolver todos os problemas que afligem o País.

Temos depois de pensar que sim, os políticos gregos tiveram uma atitude errada ao falsificar as contas para entrar no Euro. Mas sabemos também que não foi só obra deles, que instituições financeiras ajudaram o País a forjar documentos falsos. As mesmas instituições que antes ajudaram a Grécia na ilegalidade, ganhando com isso, logo continuaram a ganhar apostando na falência de Atenas.

O que irá acontecer com estas instituições?
Se a resposta for “nada”, então não pode haver ajuda que funcione, pois existirá sempre uma ampla margem de manobra para atitudes longe de qualquer tipo de controle.
E neste contexto é possível enquadrar também os especuladores.

Mas apontar os especuladores quais origem do mal do mercado, como feito pelo Presidente francês Sarkosy, seria um erro. E grave também, pois as operações especulativas não são a causa mas a consequência.

É este sistema económico e financeiro que permite a actividade dos especuladores. Até poucas semanas atrás poucos eram os que falavam neles; mas existiam e operavam na mesma. Só que ninguém fazia nada para resolver o assunto pela simples razão que não eram atingidos os interesses que agora estão em causa.
Por isso as operações especulativas eram tacitamente admitidas e todos participavam nelas. O que não existia (ou melhor: o que não era encarado) era o problema ético.

Agora Sarkosy e os outros leader europeus descobrem a ética. Só agora? Realmente…
 
É bom lembrar que os “especuladores”, esta misteriosa e incorpórea categoria, não são demónios com cauda e cornos, são operadores económicos cujo fim é só um: o lucro. E vão onde este é possível.

Se é possível lucrar com a Grécia é porque este País apresenta uma situação arriscada. E sabemos que assim é, de facto. Se atingem Portugal é porque também em Lisboa algo está errado. Mas isso não é culpa dos especuladores: eles simplesmente aproveitam uma situação já podre.

Assim como podre era a situação dos sub-primes norte-americanos em 2007. Foi assim que tudo começou.
Este “vírus” que é a crise actual não foi travado: após ter provocado uma sensível queda de produção e consumos ao longo de 2008 e 2009, voltou este ano atacando um novo alvo, a dívida soberana.

Como foi possível este percurso? A resposta é: crise sistémica.
Contrariamente a quanto afirmado até hoje pelos políticos, esta não era uma crise pontual mas algo de muito mais profundo. Era, ainda é e será, uma crise que abrange todo o sistema económico e financeiro ocidental.

A razão? Os leitores de Informação Incorrecta já conhecem a resposta; os outros podem olhar para o seguinte gráfico:

(click para aumentar)

Uma boa parte dos nossos problemas reside naqueles dados. Parte, não todos. E só falamos de 5 Países, mas a lista é mais comprida, a começar pelos EUA, a Grã Bretanha…

Soluções?
Ao que parece as mentes pensantes da UE projectam algo deste tipo: super-plano de 600 bilhões de Euros para socorrer Países em graves dificuldades.

Efeito: ganhar tempo, adiantar.

Para quê?

Este é o problema…

Ipse dixit

Gráfico: Der Spiegel

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