Grécia: à beira do abismo
A Grécia está à beira do abismo advertiu ontem o Presidente da República Karolos Papoulias[…].
E com a ajuda europeia será só dar um passo em frente.
Corte nos salários, cortes nas reformas, taxas mais elevadas, despedimentos facilitados, um País sob administração controlada pelo Fundo Monetário Internacional ao longo dos próximos 10 anos, perspectivas de crescimento negativas.
Os bancos? Salvos. Os políticos responsáveis? Salvos. Os especuladores? Salvos.
Qual seria a vossa reacção?
Hoje a votação no parlamento grego: os deputados terão que decidir se aceitar o plano da EU ou não.
O resultado não é seguro, pois há partidos da direita e da esquerda que já decidiram votar contra.
Provavelmente o plano será aprovado, deitando assim gasolina numa situação já explosiva.
A ver vamos.
Entre os leitores de Il Grande Bluff há um cidadão grego, Adanaklasi, que assim descreve a situação:
Desde o meio-dia o centro de Atenas, mas também das outras grandes cidades do País, estava cheio de pessoas preocupadas acerca do futuro.
Foi uma das maiores manifestações dos últimos anos. Desde logo foi claro que havia provocações contra o partido comunista e os sindicalistas do Pame, quando pessoas com as bandeiras do sindicato tentaram invadir o parlamento. A policia respondeu com gás lacrimogéneo, provocando a fuga das pessoas que entretanto tinham tomado lugar na praça.
Nas ruas circulavam pessoas com o rosto coberto, tinham começado a destruir tudo enquanto os milhares de pessoas do partido socialista e da oposição continuavam a marcha em direcção ao parlamento.
Carros destruídos, montras das lojas em pedaços, dois bancos e um prédio em chamas.
Enquanto estava num café vi as pessoas correr com os extintores na mão: mesmo no outro lado da rua um banco em chamas, 20 pessoas trabalhavam ali, infelizmente 3 não tiveram possibilidades: um homem de 36 anos e duas raparigas, uma das quais gravida.
Uma verdadeira tragédia.
Amanhã a tarde (hoje, NDT) a votação acerca das medidas de lágrimas e sangue, com uma proposta do partido comunista que pede uma maioria de 180 votos contra os 160 pedidos pelo governo.
A oposição de direita pediu aos próprios parlamentares para votar contra e declarou que quem votar a favor será expulso do partido Nova Democracia.
O segundo partido de esquerda, Sinapsismo, vota contra. e sempre mistério permanece o voto do partido de extrema direita que ainda não falou.
Nesta altura a Grécia é um teste: é possível descarregar todos os custos duma operação de salvação das instituições financeiras nos ombros da classe média e baixa? Qual a reacção e as consequências?
O resultado vai além dos limites gregos, pois é possível que Atenas e as outras grandes cidades helénicas sejam uma antecipação de cenários que podem desenvolver-se em outras praças.
Portugal, Espanha, Irlanda mas não só observam com interesse.
Ipse dixit
Fontes: Informazione Scorretta, Il Grande Bluff, Adanaklasi