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Media e realidade

Os media são bons. Os media são maus. Pontos de vista.

Silvio Berlusconi, por exemplo, acha que os órgãos de informação fazem um mau trabalho.
Até o ponto de descrever a máfia como uma realidade criminal perversa e potente; quando, na verdade é “só” a sexta numa hipotética classificação de mal comportados:

Ultrapassamos as 500 operações policiais e 5.000 detenções

afirma o político falando da situação no Sul de Italia.

Então, quem são os culpados segundo o primeiro ministro? Televisão e livros, que difundem um imagem negativa. Sem estas “perversões”, a máfia ficaria reduzida a um bando de rapazes mal comportados ou pouco mais.

Alguém poderia realçar o facto de Marcello Dell’Utri, íntimo de Berlusconi, ter sido condenado com pena de 9 anos por causa da sua actividade mafiosa na Sicília. Mas, evidentemente, segundo Berlusconi o amigo Dell’Utri foi vítima dos media. Porque sem media a máfia quase não existe.
Os media são maus.
 

Mudamos de continente e podemos ler o título do El Colombiano:

A economia mundial recupera mais rapidamente, afirma o FMI

Quando todos os outros órgãos de informação realçam os dados negativos do relatório FMI e as previsões dominadas pela incerteza, eis que o diário da Colômbia (País muito próximo dos EUA) consegue ver um mundo cor de rosa.
Sim, ao ler o artigo nota-se que ainda existem alguns probleminhos, mas a China avança, o Brasil também, da Índia nem falamos, a Indonésia é só subir. Acerca do EUA nem uma palavra.
De facto, estamos perante um media “bom”.

Há depois alguém para o qual os media são totalmente indiferentes. Este alguém é Goldman Sachs, como reporta El Clarin.

No meio duma tempestade, com o próprio nome que aparece em todos os jornais do mundo (talvez não nos jornais da Colômbia), o banco americano continua os negócios com grande indiferença e duplica os úteis: 3.300 milhões de dólares no primeiro trimestre deste ano.
Os media? Não contam.

Ipse dixit