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Se Atenas chora ninguém ri em Bruxelas

Breve actualização acerca da crise grega. Que é cada vez mais crise.

Eurostat questionou-se acerca da fidedignidade das contas apresentadas pela Grécia. Ou seja, duma forma elegante disse que são falsas.
O rácio deficit/PIB é superior ao anunciado pelo governo de Atenas. Eurostat avalia o valor num 13,6, mas já fez saber que é previsto um aumento de 0,5 pontos, o que colocaria o deficit total num triste 14,1% do PIB.
E os mercados não estavam à espera de mais.

A primeira reacção chega dos EUA (olha o caso…), com Moody que baixou logo o rating da Grécia, que: agora é A3, mas também neste caso a agência fez questão de antecipar que o valor baixará outra vez.

Será mais difícil para o governo grego conformar-se com objectivos do programa de estabilidade (fonte: AFP)

Outra consequência: os Títulos de Estado bienais gregos alcançaram um histórico 10,9% de rendimento. Cada vez mais perto dos valores argentinos pre-default. E é preciso realçar que o País sul-americano não tinha a protecção de Bruxelas…

O Ministro das Finanças de Atenas confirma que o seu objectivo permanece o mesmo: reduzir o deficit de quatro pontos ainda este ano.

O que, ainda assim, não seria suficiente para ficar do lado dos “Bons”: uma redução de 4 pontos significaria atingir um deficit de 10,1% do PIB, maior que o deficit de Portugal. Mas, sem dúvida, seria um resultado motivador, em particular para os mercados internacionais.

Eis a classificação dos “Maus”:
Irlanda 14,3%
Grécia 14,1%
Grã Bretanha 11,5%
Espanha 11,2%
Portugal 9,4%

Como se isso não fosse suficiente, Eurostat revelou também que o deficit médio da zona Euro em 2009 foi 6,3, isso é, o triplo de 2008.

Resultado: Euro em sofrimento. No gráfico a queda da moeda europeia ao longo do dia de hoje

A segunda parte da tabela mostra só uma descida. O que, para uma moeda, não é bom.
E Portugal? Não passa despercebido. As contas de Lisboa estão debaixo da lupa e alguém começa a ter dúvidas…mas isso fica para o próximo post.
Ipse dixit.