Mindfucking – Parte II

Segunda parte da entrevista de Stefano Re.

Boa leitura!


Mensagem emotiva e racional

Para compreender por qual razão a mensagem emocional é hierarquicamente superior à mensagem racional, precisamos de observar exemplos, que neste caso são outros processos. O processo específico ao qual me refiro são as duas formas de comunicação, que são distintas uma da outra: uma chama-se comunicação numérica e a outra comunicação analógica.

A comunicação analógica é a mais antiga e é feita por comportamentos, gestos, tons de voz, proxemismos (que é a distância entre indivíduos); é a utilizada por todo o mundo animal e é a que tem reinado sem perturbações durante milénios no planeta Terra.

A comunicação numérica, por outro lado, é também chamada de simbólica e baseia-se em símbolos, fonemas (quando falamos de uma linguagem verbal) ou símbolos escritos como as letras, e constrói elaborações lógicas mais complicadas. Estas são as formas de comunicação que estamos a utilizar neste momento para falar e que utilizamos quando escrevemos.

A diferença essencial entre a comunicação numérica e a comunicação analógica é que a analógica, aquela comportamental, que transmite mensagens emocionais e que induz reacções fundamentalmente emocionais, é a mais antiga, tem um enorme passado, enquanto a numérico-simbólica chegou anteontem: por isso o nosso cérebro reconhece sempre a comunicação analógica e a mensagem emocional como uma prioridade no que diz respeito à comunicação lógica, racional e simbólica.

Nós, tendo o conceito de identidade de nós próprios e querendo ter um conceito positivo de identidade, não querendo sentir que somos idiotas, obviamente não aceitamos a ideia de sermos condicionados por mensagens emocionais e dizemos “não, as escolhas que faço, faço-as numa base racional”. Aquilo que, infelizmente, acontece e ao que qualquer pessoa pode chegar, mesmo com respeito a si próprio (se tiver um mínimo de honestidade intelectual), é que todas as nossas escolhas e decisões, mesmo as que tomemos racionalmente, são feitas a um nível emocional.

Para dar um exemplo trivial: todos tiveram relações e todos, no decurso das suas vidas, enfrentaram a ruptura de certas relações. Esta ruptura foi marcada a um nível emocional antes da chegada das motivações racionais. Depois enriquecemo-la com motivações racionais mais do que válidas, obviamente na nossa visão, pelo que eis as mil razões pelas quais acabámos; mas, de facto, o momento em que a relação acabou foi uma decisão emocional baseada numa reacção emocional a uma mensagem emocional. Isto é algo que trago como exemplo porque está presente na experiência diária de quase toda a gente, mas na realidade isto acontece em todo o lado: acontece quando mudamos de emprego, acontece quando mudamos de casa, acontece quando ficamos zangados, acontece quando ficamos indignados, acontece quando mudamos de partido em termos de voto, etc.

Todas as decisões que tomamos nascem e movem-se primeiro a um nível emocional, depois são justificadas e, digamos, constitucionalizadas a um nível racional: ou seja, construímos à sua volta motivações que procuramos.

Sobre isto faço frequentemente o exemplo da mensagem televisiva que foi lançada há alguns anos atrás por aquela que era a então Ministra da Saúde, Beatrice Lorenzin: na televisão e ao falar de sarampo e vacinas, a Lorenzin afirmou que em Inglaterra teriam morrido 200 crianças, disse numa emissão televisiva a nível nacional, depois 270 crianças noutra emissão vários meses mais tarde. Essa informação era incorrecta, ou seja, era falsa. Para ser muito claro: em ambas as ocasiões, nos anos em questão, nenhuma criança tinha morrido. Num caso zero pessoas tinham morrido, no ano em que ela disse que 200 crianças teriam morrido em Inglaterra; no outro caso em que ela disse que 270 crianças teriam morrido, na realidade apenas uma pessoa morreu, um homem de 25 anos de idade com pneumonia relacionada com sarampo.

Assim, a informação a nível nacional era manifestamente falsa, mas a nível emocional foi um enorme murro no estômago de todos os espectadores dos programas na faixa horária de máxima audiência: uma enorme plateia de público recebeu um enorme impacto emocional, a mensagem de que centenas de crianças morrem de uma doença terrível, de que a única salvação é vacinar contra o sarampo. Estas pessoas, nas semanas seguintes, não só não receberam sequer um desmentido racional (porque nenhuma das emissoras televisivas em questão publicou o desmentido dos dados falsos), como até o desmentido que alguém tentou fazer com os dados na mão, com os dados oficiais do governo britânico, não teve o efeito de cancelar o impacto emocional porque, como disse, o impacto emocional, a comunicação emocional, é muito mais profunda, é muito mais antiga e tem prioridade sobre a comunicação racional.

Estes são métodos de manipulação de massa. Repito: não importa qual seja o objectivo, se for feito para o bem da humanidade, para os interesses económicos das empresas farmacêuticas, para a carreira política deste ou daquele indivíduo ou para qualquer lobby local ou mundial. Não importa se é feito em nome do Senhor ou do Diabo, o conceito é que, para além dos conteúdos que podem mudar, os processos de manipulação estão lá, são visíveis e têm um efeito.

Porque digo palavrões

Os processos são constantes e contínuos entre todos e estamos a utilizá-los agora também. Por exemplo, uma coisa que reparei é que fui entrevistado várias vezes ao longo dos últimos anos, em vários cenários, mas raramente estive num estúdio de televisão tão bem equipado como aquele em que estou hoje e isso está a afectar-me. Reparei nisto há momentos na forma como estava a responder às perguntas e a tratar da minha parte desta entrevista. Como é que isso está a influenciar? Com processos perceptivos, ou seja, o facto de eu estar num estúdio, que tem toda uma série de equipamento técnico e uma aparência muito formal, também me leva a ser mais formal.

Eu, por exemplo, na minha forma de comunicar normalmente sou bastante desbocado, uso muitos palavrões e não o faço apenas por modo de expressão pessoal, é que gosto de uma linguagem solta, uma linguagem directa e natural que faça o interlocutor sentir-se à vontade e não o faça sentir numa conferência aborrecida; mas faço-o também por razões técnicas porque, ao estudar a meta-comunicação, é uma coisa típica que o nível de atenção das pessoas num discurso complicado tenda a baixar-se: então usar um palavrão aqui e ali eleva o nível de atenção, basicamente permite libertar recursos no ouvinte para que este possa voltar a concentrar-se naquilo que está a ouvir. Portanto, algo também tecnicamente útil.

Neste caso, o ambiente em que nos encontramos está a manipular a minha forma de me expressar e está a reduzir esta minha inclinação natural para utilizar este tipo de mecanismo de comunicação. Mesmo as poucas vezes que usei uma linguagem “desbocada” nesta entrevista tive de me forçar, de alguma forma, a usá-la, lembrando-me que poderia ser útil para melhorar a mensagem a nível da comunicação. Este é um exemplo de como tais processos estão sempre em função, quer queiramos quer não, em todas as situações.

Reconhecer os processos de modificação perceptiva

Como é que um indivíduo com acesso a estas noções, as reconhece? Obviamente, a resposta conveniente seria “ao ler os livros de Stefano Re”, “ao vir às conferências de Stefano Re, aos cursos de Stefano Re, ao dar muito dinheiro a Stefano Re porque ele lhe explica”. Mas não é verdade, basta observarmo-nos a nós próprios, basta observarmos constantemente e com cuidado como funcionamos, como construímos os nossos modelos de realidade e de identidade. É óbvio que é necessário um pouco de treino e talvez sejam precisas algumas noções básicas, por isso é realmente útil ler livros, fazer cursos, de alguma forma ter algumas ferramentas: mas, acima de tudo, é trabalhar observando-se a si próprio, e sublinho a si próprio e não aos outros.

Somos constantemente pressionados a julgar os processos dos outros e não os nossos, o que também é tecnicamente absurdo porque só sabemos dos outros o que podemos ver através dos nossos olhos, através dos nossos processos. De nós próprios, pelo contrário, vemos tudo: podemos ver tanto o exterior, o que manifestamos, como o interior, o que realmente sentimos. Assim, se talvez numa dada situação fizermos o tom sério e depois, por dentro, estivermos a rir, sabemos disso: assim somos capazes de ver estas diferenças, de compreender e tentar entender quais as necessidades, quais os processos em função, algo que nos outros não somos capazes de fazer, temos sempre uma visão muito limitada.

Os processos de manipulação, como qualquer outro tipo de processo de influência, não têm necessariamente validade absoluta, ou seja, não podem ser 100% válidos. Assim, na realidade, não temos de nos perguntar porque é que um grupo de pessoas (uma percentagem mais ou menos grande) resiste a uma dada mensagem de influência. É absolutamente fisiológico, de facto, completamente normal: seria muito estranho se uma mensagem de influência fosse capaz de afectar 100% das pessoas.

Porque é que uma percentagem resiste a esta manipulação

Sobre isto abro um discurso que, na minha opinião, é muito importante a nível estratégico. Nas técnicas de interrogatório opera-se num indivíduo, então os processos de influência são enormes porque quando se tem um prisioneiro é possível gerir todo o espaço da sua vida, pode-se decidir quando ele come, se come, o que come, a que horas dorme, onde dorme, se o ambiente for iluminado ou escuro, decidir quem vê e quem não vê e gerir o seu universo; quando se fala de grupos de pessoas, imaginem-se até mesmo dez, vinte ou trinta pessoas juntas, já qualquer técnica que se utilize começa a ter limitações muito mais fortes. Pode ser que se consigam obter resultados enormes em algumas pessoas, mas em algumas outras os resultados serão inferiores e até zero em alguns indivíduos. Se estamos a falar de populações, ou seja, milhões ou biliões de pessoas, é absolutamente claro que uma percentagem variável, qualquer que seja o processo de condicionamento, não é atingida; seria realmente assustadora a ideia de processos de condicionamento capazes de anular a vontade de qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer lugar em tais números.

Dito isto, a nível estratégico é importante entendê-lo porque quem quer que esteja a realizar estes processos de manipulação de massa ou está a fazê-lo de forma aleatória (uma hipótese que não considero coerente com o investimento e sobretudo com a recorrência dos mesmos grupos, das mesmas personagens ao longo das décadas, ao longo deste caminho) ou, se não estão a fazê-lo de forma aleatória, é estudado à mesa. Se a coisa for estudada à mesa, significa que fizeram toda uma série de experiências e, de facto, encontramos vestígios dessas experiências que visavam precisamente optimizar o nível máximo de eficácia da influência sobre as populações.

O verdadeiro alvo da propaganda de vacinação

Aqui abre-se uma discussão interessante e por isso disse que é importante compreender os processos e não o conteúdo: ao parares no conteúdo distrais-te, distrais-te com os elementos tais como vacina sim, vacina não, saúde sim, virologista não, etc., etc.; não sabes quem está certo e quem está errado, no final perdes-te. Se olharmos para os processos torna-se muito mais simples e claro. Se no processo houver um mecanismo de manipulação de massa, uma mensagem direccionada às massas através de vários meios, um mecanismo que obtém um determinado resultado e também uma percentagem esperada de sucesso, então é natural perguntar para que era, ou seja, a quem estavam a apontar, qual era o alvo.

Por exemplo, em toda a questão das vacinas há vários anos que há rumores e são discutidos muito estes infames novax [termo que em Italia indica as pessoas contrárias às vacinas, ndt]: agora, com a questão da Covid, falamos de “negacionistas”. Para além do conteúdo específico, o processo tinha claramente um alvo e este alvo nunca foi uma minoria. Ou seja, todo este poder de influência nunca foi dirigido aos novax ou aos que são agora os “no mask”. Trata-se de uma minoria fisiológica estudada, que foi prevista: quem implementou estes mecanismos de manipulação de massa sabia-o e por isso, certamente, não o fez para eles, não são eles os alvos. Os alvos são os outros, são a maioria e são aqueles dos quais estão a obter resultados.

Alteração perceptual sobre a inviolabilidade do corpo

Vamos num flashback: digamos que em 2015 perguntava-se à totalidade da população italiana se estivesse disposta a renunciar ao direito à inviolabilidade do seu corpo; mais especificamente, que a pergunta tivesse sido se concordava que fosse aprovada uma lei que permitisse a uma autoridade não especificada, sanitária ou estadual, de injectar no seu corpo o que quisesse, quando quisesse, contra a vontade do mesmo dono do corpo. 100% teria dito “não, não vejo porque deveria permitir que alguém injectasse substâncias no meu corpo contra a minha vontade, porque deveriam fazer algo assim?”. Lógico, elementar: todos teriam respondido desta forma. Isso em 2014 ou 2015. Depois houve, não entremos em detalhes, toda a dinâmica da propaganda das vacinas, das “terríveis” epidemias de sarampo, difteria, “pessoas que estão a morrer de tétano”, “sem vacinas é o fim, os imunocomprometidos, na escola “as crianças já não podem entrar porque há alguém que não é vacinado”, os “terríveis” novax, etc.

Resultado: em 2018-19 havia uma parte considerável da população (é difícil confiar nos meios de comunicação para conhecer os resultados), digamos entre 50 e 80 por cento da população que subitamente concordava com a ideia de tornar obrigatória, mesmo contra a vontade das pessoas, a injecção de substâncias farmacológicas nos tratamentos de saúde. O que significava até nelas  próprias, mesmo que elas fossem o alvo. Ou seja, o que queriam era alcançar aquele 80%, que passasse do “não, não dou a permissão para injectar substâncias no meu corpo” para “sim, é correcto e adequado, dou a permissão para injectar algo no meu corpo mesmo contra a minha vontade e fazemos uma lei agora, com pressa, porque é urgente”.

Esse era o processo perceptivo, esse era o alvo. Os novax, as minorias, nunca contaram para nada neste esquema, apenas serviram como lenço vermelho para o touro, para atrair a atenção dos oitenta por cento, para dizer que era contra eles, contra aqueles miseráveis, incivilizados, primitivos que devia fazer-se a obrigação; sem compreender que estavam a atirar para o lixo o seu direito, que estes oitenta por cento estavam a abdicar dos seus direitos e que toda a estratégia era feita para eles, não para a minoria.

A propósito, se um negacionista é alguém que nega que existe uma emergência sanitária capaz de destruir o Estado de Direito, eu sou um negacionista. Contudo, neste momento, qualquer pessoa que colabore com a destruição do Estado de Direito é um colaboracionista. Usemos as palavras com os pesos certos: se quisermos chamar negacionistas àqueles que criticam este desvio, devemos chamar colaboracionistas àqueles que o apoiam.

Sou um amante do cinema, e veio-me à mente uma cena: 1988, o filme é They Live (“Eles Vivem”) de John Carpenter. Há uma cena muito interessante em que, através da utilização de alguns óculos especiais, pode-se ver qual é a realidade e não aquela que foi manipulada e posta à frente dos olhos das pessoas. E o protagonista, para sua grande surpresa, através destes óculos descobre coisas que não via mas que estão presentes na realidade. Uma das imagens mais marcantes, especialmente na América nos anos ’80, foi mostrar uma personagem que tem na mão algumas notas, Dólares, mas quando se olha para elas através dos óculos que nos fazem ver o que realmente são, são folhas de papel em que está escrito “Este é o vosso Deus”. Encapsula o conceito do consumismo, transformando o poder monetário, o valor monetário nominal, num Deus.

Condicionamento comercial: as corporações

O que aconteceu às empresas e porque é que mudaram? O que mudou em relação aos mecanismos de manipulação de massa entre os anos ’80, ’90 e este milénio? O que aconteceu é algo terrivelmente grave, que pude testemunhar directamente do interior. Aconteceu que no século XX as técnicas de manipulação de massa foram desenvolvidas e utilizadas de uma forma muito ampla a partir dos estudos de Pavlov, um estudioso da Europa de Leste que desenvolveu as bases do condicionamento mental, dos mecanismos de condicionamento mental; a partir dos estudos iniciais feitos com animais, as técnicas de condicionamento foram desenvolvidas com muita ambição e no início com programas ultra-secretos.

Nessa altura havia a Guerra Fria, pelo que por um lado o KGB, os serviços secretos da União Soviética, desenvolveram estes estudos com experiências nos seus prisioneiros, por outro lado, nos Estados Unidos, a CIA desenvolveu uma série de programas de análise. No caso específico há um nome famoso, chama-se MK Ultra que foi apenas um dos estudos que, em civis e militares, estudaram as formas de modificação perceptiva de massa. Estes estudos tiveram grandes desenvolvimentos, enormes aplicações largamente secretas; depois em parte emergiram, ou seja, surgiu e está ainda a surgir toda uma documentação, que em parte foi destruída, e que agora é património comum: sabe-se que estes programas estavam em vigor, tiveram também resultados bastante poderosos.

O que aconteceu é que nos anos ’80, particularmente entre os anos ’70 e ’80, as empresas puseram os olhos nestes estudos, grandes empresas internacionais, multinacionais; perceberam que tinham um enorme potencial económico porque eram, por exemplo, a base perfeita para criar estratégias de marketing, informação mas também estratégias de comunicação fora da publicidade directa, que podiam induzir as pessoas a mudar o seu comportamento, a sua percepção da realidade e identidade em favor dos interesses das mesmas empresas.

Publicidade e modelos de identidade diários

Uma coisa muito simples de se observar, mas por esta altura já estamos tão habituados a isso que já não reparamos, é que na televisão há publicidade por faixas horárias. Se fores observar, notarás que, dependendo do horário, a publicidade, para além de “visar” a idade e os escalões de trabalho dos utilizadores que pode atingir, também põe em prática uma série de comportamentos que são apropriados à hora do dia: de manhã há anúncios onde se escovam os dentes, se faz a higiene, se lava o cabelo, se sai de casa, se veste, se escolhe o champô para ter o cabelo brilhante; depois há a hora do almoço, para que haja toda a parte sobre comida, cozinha, ferramentas domésticas, take-away e assim por diante. Assim, a publicidade desenha a tua identidade hora a hora ao longo do teu dia e ao longo da tua vida, dependendo da tua idade, do tipo de trabalho que fazes, das tuas expectativas, dos teus medos: disciplina-te, cria um modelo ao qual depois aderes inconscientemente porque és constantemente bombardeado: a repetição é um dos milhares de processos de modificação perceptiva em massa.

Mas há também o likeing, por exemplo: anúncios que mostram pessoas que têm características que te parecem desejáveis e que têm aqueles produtos, utilizam aqueles serviços. Não podes ser tão bonito como elas, não podes ter o parceiro que vês ao lado delas, não tens o carro que têm no anúncio mas, pelo menos, podes beber o mesmo whisky, escovares os dentes com o mesmo tipo de escova de dentes: e, de alguma forma, a tua mente induz-te a isso, isto é, a tua identidade é veiculada para induzir-te a comprar aquela escova de dentes, a beber aquele whisky, a ter aquele relógio, a desejar aquele carro, e assim por diante. Trata-se de manipulação em massa e isto vem daqueles estudos, vem directamente dos estudos feitos pelos serviços secretos e desenvolvidos no campo civil e militar.

Evolução das empresas: da facturação ao controlo social

A mudança assustadora é que no final da década de ’90, a partir da segunda metade da década de ’90 e do início do milénio, o que antes era uma utilização muito orientada para o negócio destas técnicas (por isso era orientada para induzir mudanças perceptivas de identidade e realidade para obter o consumo por parte de utilizadores, de populações, daqueles bens ou serviços), desviou-se de uma forma extremamente perigosa para uma direcção completamente diferente. Ou seja, os proprietários, os magnatas, as famílias mais importantes do planeta em termos de peso económico, financeiro e influência, perceberam que tinham os instrumentos para decidir o que as populações do mundo deveriam desejar e temer; e em que direcção o comportamento delas deveria desenvolver-se. Decidiram usá-los para fazê-lo, foi o que aconteceu e a partir daí começaram todas as aplicações estratégicas no uso da modificação perceptiva de massa que, como disse, encontrei pessoalmente e que foram a razão pela qual abandonei o meu trabalho em criminologia aplicada, onde estas técnicas, estes estudos que são herdados dos serviços e das aplicações de inteligência civil e militar eram utilizadas duma forma ideológica mas sempre relacionadas com o ambiente público.

Não faço avaliações éticas, para o bem ou para o mal, estas são coisas que dependem de como são percebidas nesse contexto. Foi correcto salvaguardar o interesse da América da ameaça comunista? Foi correcto salvaguardar o projecto comunista de modificação mundial? Deve ser avaliado por alguém que esteja naquele contexto, posso expressar as minhas avaliações com base nos elementos que tenho, mas não importa: o conceito é que antes eram ideologias de Estado, portanto de alguma forma ligadas também à presença de uma opinião pública que as apoiava, depois tornaram-se campanhas privadas. Ou seja, aqui temos personagens que não são eleitas por ninguém, delegadas por ninguém, mesmo quase invisíveis, só vemos as suas fachadas mais exteriores, que utilizam ferramentas de massa para nos fazer viver no mundo que eles escolhem, que temos de ver e acreditar que é real com identidades que eles decidem projectar. É francamente aterrador.


 

Ipse dixit.

Mindfucking – Parte I

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