Elon Musk, Tesla e o “pensamento único” automobilístico

Artigo do diário Il Fatto Quotidiano, entre os 20 mais lidos hoje em Italia. Politica editorial: falso reformismo filo-governativo. Autor: Sergio Noto, supostamente um professor de Economia, na verdade um coitado ao serviço do regime. Assunto: o discurso de Akio Toyoda, Presidente da Toyota. Resultado: um artigo vergonhoso, óptimo representante da pior propaganda em circulação.

Título:

Carros eléctricos, o CEO da Toyota come o seu coração e rebenta-lhe a boca. Mas as suas palavras não atacam

O texto, devidamente comentado:

Primeiro tentaram fazer dele um louco. Muitos jornais, de facto, costumavam pintar Elon Musk como um sonhador louco, como um louco do tipo Tucker sempre à beira da bancarrota.

Elon Musk é um idiota, activo só por causa dos imensos fundos continuamente atirados para a empresa dele, a Tesla; e isso sem esquecer o facto de Musk ser mais um da legião de empresários hebraicos que desde sempre gozam dos favores do comparto financeiro. Se a Tesla não tivesse atrás dela Wall Street, estaria falida há muito. A Tesla, tal como o dono Elon Musk, está tecnicamente falida.

Os seus carros como puras e exclusivas fontes de incêndios e acidentes fatais.

Não é culpa dos clientes se a Tesla recomenda não utilizar o ar condicionado durante a recarga, pena um incêndio, ou se o sistema auto-pilot não consegue ver os obstáculos. Ou se o carro pega fogo por auto-combustão.

Há dezenas de vídeo disponíveis no Youtube, é só procurar Tesla fire (incêndios) ou Tesla fails (erros do sistema auto-pilot).

E enquanto alguns tentavam destruir a sua imagem, o mercado sempre acreditou nele, financiou ricamente o projecto Tesla, a ideia de um carro eléctrico revolucionário partiu do nada. E todos sabem como acabou.

Qual mercado? O mercado bolsístico, da Finança? Sem dúvida. O mercado automobilístico? Nem por isso.

Actualmente Tesla é a maior indústria de automóveis do mundo, e agora que foi admitida no S&P vale mais de 500 mil milhões em capitalização, tendo ultrapassado todas as senhoras idosas japonesas, alemãs e americanas num só salto.

A Tesla não é nem de perto nem de longe a maior industria de automóveis no mundo. Segundo os últimos dados da OICA (Organisation Internationale des Constructeurs d’Automobiles) de 2017 (últimos dados oficiais disponíveis) a Tesla fica no 44º lugar entre os construtores com pouco mais de 100.000 viaturas vendidas num ano, ultrapassada pelas marcas do Irão (Iran Khodros 710 mil modelos vendidos, e Saipa 648 mil), por todas as marcas chinesas e até as indianas Tata (932 mil viaturas e Mahindra (612 mil). Sem contar as outras marcas ocidentais que dominam o topo das tabela. Do ponto de vista do mercado estamos a falar duma pulga.

A capitalização é uma coisa, o valor duma empresa é algo bem diferente. A capitalização hoje existe, amanhã desaparece num ápice: é suficiente pouco para que as acções percam valor e a capitalização com elas. Faz parte do jogo da Finança, não há nada de “virtuoso” nisso. O valor real duma empresa, pelo contrário, é tangível: fábricas, produtos, vendas, clientes, distribuição, estatuto… estas são as coisas que contam porque não são voláteis. Queremos comparar a Toyota, com 80 anos de história e mais de dez milhões de carros vendidos por ano, com a Tesla que consegui vender 1 milhão de veículos em vinte anos?

É portanto correcto e normal que o Presidente da Toyota, como fez recentemente, esteja a comer o seu coração e a disparar a zero com toda a força mediática do seu grupo contra o carro eléctrico, invocando a intervenção dos governos (se pudesse também de santos e profetas), para demonstrar que o carro eléctrico polui mais do que o diesel, que consome mais, que custa mais, em suma, para dizer o pior dos piores para uma questão de vida ou morte, não só para abrandar a ascensão dos carros eléctricos, mas para travar o triunfo de um concorrente, que se hoje tivesse quatro vezes a capacidade de produção, que já tem em muito alta medida, varreria num só golpe toda a velha indústria automóvel do século XX.

Complicado comentar este parágrafo por causa de todas as falsidades presentes em tão poucas linhas. Tentamos:

  • Toyoda não utilizou “toda a força mediática do seu grupo”: fez uma intervenção no encontro anual da Associação Japonesa de Fabricantes de Automóveis, só isso;
  • Toyoda não invocou nenhuma intervenção governamental; pelo contrário, criticou a intervenção governamental do seu País.
  • Toyoda não tentou demonstrar “que o carro eléctrico polui mais do que o diesel”: nem falou de diesel (sector que a Toyota está a abandonar para substitui-lo com os híbridos);
  • “não só para abrandar a ascensão dos carros eléctricos”: qual ascensão? As vendas dos eléctricos puros são absolutamente residuais;
  • “para travar o triunfo de um concorrente”: triunfo de quem? Do 44º produtor no mundo?
  • “que se hoje tivesse quatro vezes a capacidade de produção…”: se a Tesla ainda não tem, apesar dos imensos investimentos recebidos, dos quase vinte anos de história e do apoio incondicional dos órgãos de informação, talvez seja a altura para fazer-se algumas perguntas…

Mas enquanto o mercado precisa vitalmente de revolucionários para crescer, então não procede por revoluções. Avança com uma regularidade alternada, mas avança agora lentamente, agora fortemente. E a maioria dos comentadores, a maioria das intervenções a favor ou contra o carro eléctrico, obviamente também os Grandes Chefes das indústrias automóveis tradicionais, esqueceram, talvez de propósito, um ponto fundamental. Que o progresso tecnológico tem custos inevitáveis e que não há soluções milagrosas.

Sim, então?

Não é como se, de manhã à noite, tudo pudesse mudar, que o meio ideal (produto) aparecesse magicamente, capaz de revolucionar as nossas vidas. As novas tecnologias, mesmo que radicalmente inovadoras, modificam gradualmente o mundo, espalham-se relativamente devagar, só pouco a pouco se tornam verdadeiras revoluções, ultrapassando claramente os seus predecessores.

Sim, então?

É por isso que é necessário acreditar e investir no progresso e na investigação, uma vez identificados os sectores com maior potencial de crescimento, a fim de atingir a maturidade da inovação o mais rapidamente possível. As tecnologias antigas deixam-nos pouco a pouco, mesmo que tenham ciclos de vida inexoráveis e, por exemplo, no caso do motor de combustão interna, como era o caso do vapor no final do século XIX, atingem a maturidade após 100-120 anos dos primeiros desenvolvimentos e devem por isso ser abandonadas. Hoje chegou finalmente a última hora do motor de combustão interna e, como os revolucionários estilo do Musk tinham adivinhado, em breve estarão fora das nossas vidas.

Não entendi: quais seriam estas “novas tecnologias”? Qual o motor revolucionário? O motor eléctrico? Mas estamos a brincar? O motor eléctrico nasceu ainda antes do motor a combustão interna. O carro eléctrico foi inventado em 1839 por Robert Anderson na Escócia; os primeiros carros a combustão interna, tal como são conhecidos hoje, só aparecem em 1886 com a Benz Patent Motorwagen do alemão Karl Benz. Os veículos eléctricos a bateria, produzidos por Anthony Electric, Baker Electric, Detroit Electric, Studebaker, American Electric, Sinclair Vehicles, Turinelli & Pezza e muitos outros ainda, vendiam mais do que veículos de combustão interna durante o virar do século XIX. Elon Musk descobriu o carro eléctrico com 163 anos de atraso: a tecnologia da Tesla é a mesma de Anderson em 1839.

Depois como é? “As tecnologias antigas […] atingem a maturidade após 100-120 anos dos primeiros desenvolvimentos e devem por isso ser abandonadas”? Ops… então acabou o eléctrico.

Assim, até a Apple – nascida como a empresa mais inovadora do mundo e estagnada há algum tempo – percebeu que o futuro é o carro eléctrico, e tendo mais tecnologias ad hoc do que quase toda a antiga indústria do automóvel, ao mesmo tempo que operava em vários outros sectores, retomou hoje em dia o seu projecto de carro eléctrico que parecia abandonar.

A Apple não retomou rigorosamente nada. Vozes não confirmadas dizem que talvez a casa de Cupertino esteja a reconsiderar o seu projecto, mas as duvidas são muitas: para já a Apple planeia construir baterias com uma solução química à prova de sobreaquecimento, com base no lítio ferro-fosfato, mais seguras do que as actuais baterias de iões de lítio. Mas tudo está ainda na fase de teste porque não é suficiente ter uma possível boa bateria (“mais tecnologias ad hoc do que quase toda a antiga indústria do automóvel”) para abrir uma casa automobilística e vender.

Elon Musk: “Durante os dias mais negros do programa Model 3, contactei Tim Cook para discutir a possibilidade da Apple comprar Tesla. Ele recusou uma reunião”. Pois: apesar de eu não ser um fã da Apple, é preciso reconhecer que a empresa fundada por Steve Jobs construiu o seu império com a qualidade, não atirando-se para bolhas especulativas.

Depois haverá hidrogénio, que a Toyota está a desenvolver, mas o futuro a curto e médio prazo será certamente apenas carros eléctricos. Com a Itália longe de compreender para onde vai o mundo, com o capital italiano ausente, com empresas italianas demasiado “pobres” para poderem entrar num mercado que requer uma liquidez infinita, bem como paciência, um sentido de risco e tecnologia muito alta (que, no entanto, pode não nos faltar).

Curioso: então Toyoda não defendia “a antiga indústria do automóvel“? Afinal a empresa japonês está a preparar o futuro. “O futuro a curto e médio prazo será certamente apenas carros eléctricos”? Claro, porque assim foi decidido e não pelos consumidores (que, aliás, insistem em não adquirir carros eléctricos).

Quanto à Italia: na verdade a Fiat foi uma das primeiras casas a comercializar um veículo 100% eléctrico, a Panda Elettra (entre 1990 e 1998: teve um discreto sucesso entre as viaturas ao serviço do Estado e das autarquias); e em 2005 apresentou o protótipo de Panda a hidrogénio. Mas enfim, tudo bem…

Portanto, não vale a pena ouvir Toyoda Akio, que está a puxar a água para o seu próprio moinho, ou seja, ele faz um trabalho diferente do dos consumidores.

A Toyota deixou de vender carros diesel (sobram apenas poucos modelos: os comerciais e o Land Cruiser): toda a sua gama está disponível em versão híbrida (excepto o citado Land Cruiser e o desportivo Supra). O mesmo acontece com as controladas Lexus e Suzuki. A Toyota foi a primeira casa automobilística a vender um carro híbrido (a Prius, que em 2017 já tinha ultrapassado os 4 milhões de unidades em circulação) e actualmente é uma das três casas no planeta que comercializam veículos 100% hidrogénio. Qual seria o “moinho de Toyoda”? Mas estamos a falar de quê?

Os cidadãos-compradores poderiam beneficiar muito de um novo impulso para o desenvolvimento do carro eléctrico. Mas devem ser os primeiros a ter consciência disto, e depois empurrar os governos para escolhas mais abertas ao futuro e menos conservadoras.

Os cidadãos-compradores poderiam beneficiar muito duma informação decente. Por exemplo: no seu discurso, Toyoda não mencionou uma única vez Elon Musk ou a Tesla pois o foco estava na sustentabilidade geral dos carros eléctricos, produzidos hoje em dia por várias casas automobilísticas. Com até mais sucesso da Tesla, como é possível observar na tabela que reporta as vendas de carros 100% eléctricos no último mês de Novembro em Italia e o total das vendas entre Janeiro e Novembro de 2020 sempre no mesmo País:

A Tesla conseguiu vender em 2020 uns miseráveis 2.510 carros desde Janeiro num mercado que absorve mediamente quase 2 milhões de viaturas por ano (dados de 2019). Em Novembro, a quota de mercado da Tesla era de 0.19%. Uma nulidade.

Portanto, donde nasceu a exigência dum artigo que glorificasse a obra do construtor hebreu contra a Toyota e em detrimento de todas as outras Casas que oferecem automóveis 100% eléctricos? Porque, como mostra a tabela acima, não há apenas a Tesla: todas as principais marcas oferecem automóveis 100% eléctricos e algumas limitam a gama delas só aos carros “emissões zero” (com muitas aspas, como é óbvio). É o caso da Smart, agora só 100% eléctrica.

Por qual razão uma publicidade gratuita camuflada de artigo rancoroso num diário que nem trata em particular modo de automóveis? Quem decidiu isso? Quem pagou o autor?

São perguntas sem sentido. Uma publicidade como esta, se dum lado glorifica uma casa automobilística mantida de pé só com os enormes montantes da Finança (e nem falamos aqui da óbvia origem étnica do dono), do outro deseja transmitir mais uma vez a ideia de que o futuro “tem” que ser eléctrico. Não porque assim os clientes desejem, mas porque assim foi decidido e ponto final. É o “pensamento único” do sector automobilístico.

Num par de décadas, quando todos terão sido obrigados a adquirir um carro eléctrico, alguém “descobrirá” que afinal o hidrogénio é bem melhor, mais limpo (e é, de facto). Então a ovelha-consumidora irá buscar as sua magras poupanças para investi-las (pessimamente) no novo “pensamento único”. E o Sr. Toyoda será lembrado como um “visionário”? Acho que não: existem hebreu japoneses?

Nota: não sou dono e nem tenciono adquirir um automóvel do Grupo Toyota.

 

Ipse dixit.

7 Replies to “Elon Musk, Tesla e o “pensamento único” automobilístico”

  1. Meu caro Max… como eu te compreendo quando dizes :

    “…um artigo vergonhoso, óptimo representante da pior propaganda em circulação. ”
    ” Por qual razão uma publicidade gratuita camuflada de artigo rancoroso (…) Quem decidiu isso? Quem pagou o autor?”

    Bingo !!!! Porque é exactamente isso que eu penso quando leio coisas como:

    “…A China, há cerca de uma década, deliberadamente embarcou numa Economia de Paz. “ ( Hooooooooooo )

    Sob a filosofia de Tao, a China avançará com os seus parceiros, como a água que flui progressivamente, constantemente criando, evitando obstáculos, em busca do seu objectivo honroso – um mundo em Paz com um futuro comum brilhante.
    ( Eeeeeehhhhhhhhhhh )

    “…essa maneira Chinesa firme e não agressiva de criação constante e o abraçar de cada vez mais aliados pelo seu caminho…”
    ( Abraçar? Só se for no pescoço até ficarem roxos… )

  2. Hebreus japoneses? E precisa? Siga a senha Michael Kogan e terás um exemplo da simbiose internacionalista hebraica.

    1. A Tesla nada mais é que uma fachada experimental inserida num processo globalizado patrocinado pelo jogo monetário manipulado pela banca financeira supranacional que busca moldar alguns conceitos atuais, entre eles, o da matriz energética automotiva.

  3. “A Tesla conseguiu vender em 2020 uns miseráveis 2.510 carros desde Janeiro”

    Não sei onde o autor foi buscar esta informação, mas esta completamente errada.

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