Se todos estivessem vacinados, o sarampo desapareceria?

Wikipedia, pagina dedicada às vacinas:

Uma vacina é uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida ativa para uma doença particular. […] Uma vacina tipicamente contém um agente que se assemelha a um microrganismo causador de doenças e é muitas vezes feito de formas enfraquecidas ou mortas do micróbio, das suas toxinas ou de uma das suas proteínas de superfície. O agente estimula o sistema imunológico do corpo para reconhecê-lo como uma ameaça, destruí-lo e a manter um registro dele para que o sistema imunológico possa mais facilmente reconhecer e destruir qualquer um desses microrganismos que mais tarde encontre.

Isso significa que se todos fossem vacinados contra o sarampo, por exemplo, esta doença desapareceria?

Ainda Wikipedia, página dedicada ao sarampo:

Em Setembro de 2016, Portugal eliminou o sarampo. O diploma da Organização Mundial da Saúde, que oficializa a eliminação, foi entregue na Direção-Geral da Saúde.

Então é evidente: todos vacinados, nada de sarampo. Ou talvez não.

Illinois, EUA, 1983-1984: 21 casos

Esta epidemia mostra que a transmissão do sarampo pode ocorrer dentro de uma população escolar com uma imunização 100% documentada. (Fonte: CDC)

Québec, Canada, 1989: 1.363 casos

A cobertura vacinal da população total era de 99,0%. (Fonte: National Library of Medicine)

New York, EUA, 2011: transmissão entre vacinados

Um homem de 22 anos totalmente vacinado (…) contraiu o sarampo (…) e transmitiu o sarampo a outras quatro pessoas, (…) Surpreendentemente, dois destes pacientes secundários estavam também totalmente vacinados. (Fonte: Science)

Província de Zhejiang, China, 2014: “elevada a incidência de sarampo”

A cobertura vacinal notificada para o sarampo/rosólia (MR) ou sarampo/rosólia/parotite (MMR) é superior a 99.0%. (Fonte: US National Library of Medicine)

Coreia, 2017: “diminuição dos níveis de anticorpos”

Foi detectada uma diminuição progressiva dos níveis de anticorpos e da seropositividade ao longo do tempo, apesar da vacinação de lactantes, adolescentes e jovens adultos. (Fonte: National Library of Medicine)

República Checa, 2017: “diminui após a vacinação”

Persiste um elevado nível de seropositividade após uma infecção natural de sarampo. Pelo contrário, diminui com o tempo após a vacinação. (Fonte: Plos One)

israel, 2017: “vacinado com 3 doses”

Este surto de sarampo ocorreu numa população adulta com elevada cobertura de 2 doses de vacinação contra o sarampo. Está documentado que o doente primário foi vacinado com 3 doses de vacina antimoribular, respectivamente aos 1, 2 e 6 anos de idade, de acordo com o plano de vacinação. (Fonte: CDC)

Portugal, 2018: “Estavam vacinados contra sarampo e parotidite”

69.8% das pessoas infectadas eram vacinadas com duas doses de vacina contra o sarampo ou sarampo/parotites (MMR). (Fonte: Eurosurveillance)

Portugal? Mas não tinha recebido o prémio “Melhor Exterminador de Sarampo 2016”? É que já tinha havido um surto em 2017, com este de 2018 foram dois. Mas tranquilos, as vacinas não falham. Por isso, deve ser outro Portugal.

 

Ipse dixit.

5 Replies to “Se todos estivessem vacinados, o sarampo desapareceria?”

  1. Max nunca foi vacinado na infância?
    Se foi vacinado na infância, será que estaria aqui caso não tivesse?
    Talvez a resposta do Max esteja justamente na ultima linha do artigo: ‘Mas tranquilos, as vacinas não falham.’ Sim, elas falham e talvez estejam falhando mais do que há 40/50 anos atrás. Quem sabe talvez porque políticas públicas estejam sendo abandonadas em todo mundo. Juntamente com isso a privatização graça, regulamentações industriais e de segurança são rebaixadas, com isso aumentando a ineficiência das vacinas.

    1. Exacto, é mesmo este o ponto. Se uma empresa pública produzir uma vacina, que depois será distribuída entre a população, acredito que o fim desta vacina seja apenas a prevenção. Mas uma empresa privada? Qual o fim dela? Prevenção ou lucro? Porque depois pode não ser simples demonstrar que os efeitos adversos dependam da vacina.

      Pegamos nos episódios da síndrome da morte súbita: a queda nestes episódios observada nos EUA poderia fazer pensar a uma correlação entre vacinas e síndrome. Mas podemos prova-lo? Não. Aliás, depois de ter publicado em que se fala do caso, tive ocasião de entrar em contacto com uma médica a qual contou-me que a queda dos episódios poderiam estar relacionados com mudanças no ambiente familiar (de facto a queda aconteceu durante o lockdown), algo que eu ignorava e que os mesmos médicos não conseguem explicar de forma científica. Pelo que, o discurso não é nada simples.

      Voltando ao público/privado: acho que na guerra entre movimento anti-vacinas e pró-vacinas esta distinção é demasiadas vezes ignoradas. Há os que estão convencidos de que todas as vacinas sejam más, há quem pense exactamente o oposto. Mas poucos distinguem entre vacinas com ou sem lucro.

      Parabéns pela observação!

      A propósito: sim, fui vacinado e, já em idade adulta, tive uma reacção adversa com a vacina antituberculosa, algo que demorou três anos a passar. Como dizia minha mãe: “Não morreste mas ficaste assim…” 🙂

  2. Olá Max e todos: venho lendo, ouvindo, prestando atenção em tudo que alcanço sobre pareceres de especialistas sobre vacinas. E até me surpreende uma certa quantidade de ideias contrárias a vacinação (púbica ou privada em sua origem, vacina é ). Mas o que mais me surpreendeu foi gente especialista em virologia afirmar que não existe, nem pode existir antídoto artificial de longo prazo, fabricado, tipo vacina, contra vírus. Existe, sim, formas vários de tratamento das consequências, para pessoas acometidas por viroses, e só. Não posso opinar porque não conheço o assunto suficientemente, mas se for assim, então a fraude é mais estupidificante do que consigo imaginar. Mas a dúvida ficou retida nos meus dois neurônios e gostaria de saber se alguém aqui tem conhecimento a respeito. Obrigada por contribuições que possam me dar.

  3. Olá Maria!

    Não posso falar de todos os vírus porque não conheço o assunto. Posso falar do Coronavirus, aquele da Covid-19. Desde o seu aparecimento, o vírus sofreu mais de 6.000 mutações. Na prática, são pouco menos de 1.000 mutações por cada mês, sendo que foi identificado pela primeira vez na China no passado Dezembro.

    Segundo os especialistas, uma vacina só poderia ser distribuída no ano próximo, provavelmente desde Março, não antes. Se a mudança continuar com este ritmo, na altura o vírus terá sofrido outras 8.000 mutações. Ou seja: não haverá grandes diferenças entre a vacina e um copo de água bem fresquinha com uma rodela de limão. É por esta razão também que as empresas de Bill Gates estão a trabalhar numa vacina de nova geração: esta, segundo os especialistas, irá atacar o vírus como estará na altura, já com mutações e tudo.

    A forma como esta vacina consegue fazer isso é particularmente assustadora, mas este é outro discurso. O problema é: será que todos os vírus sofrem mutações com esta espantosa velocidade? Se a resposta for “sim”, então é lícito perguntar para que servem as vacinas contra os vírus. Se a resposta for “não”, então o discurso muda. Mas é mesmo aqui que paro porque não sei responder.

  4. Vacina nenhuma funciona se a pessoa vacinada não estiver em condições de saúde que proporcionem alguma eficácia do sistema imunológico, por outro lado se o sistema imunológico estiver em plena capacidade a vacina nem será necessária, enfim milagres só com o tal de Jesus Cristo, aquele do novo testamento.

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