Coronavirus: o problema do sexo

Eis um problema sério: como fazer sexo durante a pandemia? Como ter um relacionamento evitando de ser vítima da nova Peste Negra?

Em Maio, a Universidade de Harvard (EUA) publicou Sexual Health in the SARS-CoV-2 Era (“A Saúde Sexual na época do SARS-CoV-2”), um estudo dedicado ao tema que apresenta resultados espantosos. A equipa de pesquisadores trabalhou muito para poder elaborar uma lista dos comportamentos menos arriscados na altura de ter sexo, comportamentos apresentados em ordem de crescente perigosidade.

Aqui vão eles:

1) Abstinência: trata-se do comportamento mais seguro. Com a abstinência é muito difícil ser vítima da Covid-19 e também de outras doenças sexuais. O Leitor quer evitar de poder apanhar o Coronavirus com o sexo? Simples: esqueça o sexo. Por exemplo, dedicando-se a actividades neutras como a filatelia, o modelismo, e ficando longe do sexo oposto. Bónus: a abstinência permite dedicar mais tempo à oração, aprimorando a nossa religiosidade.

2) Masturbação: este é o segundo comportamento mais seguro. De facto é difícil masturbar-se e ser vítima da Covid-19 a não ser que o Leitor esteja a masturbar-se a menos de 1.5 metros duma pessoa contagiada e sem máscara. Com a masturbação é também complicado ficar contagiados por outras doenças sexuais.

3) Sexting: trata-se de sexo através de plataformas digitais. Fica só em terceiro lugar não porque aumente as possibilidades de contagio (o sexo digital é seguro, também em versão wi-fi) mas por via das suas possíveis implicações criminosas: explica o estudo que os menores devem ser avisados acerca das consequências em serem apanhados na posse de imagens pornográficas de outros menores e dos perigos de chantagem caso a nossa imagem caia nas mãos de criminosos.

4) Sexo com companheiro/a em isolamento connosco. É uma possibilidade: mas será seguro? Relativamente, explica o estudo: e se o companheiro/a ficou infectado/a durante uma recente saída? Mais: e se o companheiro/a for um portador assintomático/a? Melhor desconfiar: afastem o/a companheiro/a e dediquem-se ao sexo digital ou, melhor ainda, à abstinência e à filatelia.

5) Sexo com outra pessoa não em isolamento connosco: este é o cenário mais catastrófico, uma espécie de suicídio. Mais valia enforcar-se já na sala de estar: aos menos iríamos morrer sem Covid.

Mas se o Leitor escolheu arriscar a sua vida em troca de sexo, aos menos tente tudo para limitar os danos: minimize o número de parceiros sexuais, evite actividade sexual com pessoas com sintomas consistentes. Mais: evite os beijos, evite os contactos sexuais orais de qualquer tipo, utilize uma máscara durante o sexo. Tome um duche antes do sexo e outro depois do sexo. E higienize todas as superfícies com sabão ou álcool, não durante mas depois do sexo. Obviamente: contraceptivo.

Considerações finais:

A abstinência é a abordagem de mais baixo risco para a saúde sexual durante a pandemia. A masturbação é uma recomendação adicional segura para que os doentes satisfaçam as suas necessidades sexuais sem o risco de infecção pelo SRA-CoV-2.

No entanto, dado que as recomendações de abstinência são susceptíveis de promover a vergonha e é pouco provável que atinjam os resultados comportamentais pretendidos, as recomendações positivas em relação à actividade sexual à distância são óptimas durante a pandemia, equilibrando as necessidades humanas de intimidade com a segurança pessoal e o controlo da pandemia. Os doentes podem ser aconselhados a praticar actividade sexual com os parceiros através dos serviços de telefone ou de chat vídeo. Dadas as preocupações com a privacidade, devem ser aconselhados a utilizar plataformas encriptadas seguras. Devem também ser alertados para os riscos de os parceiros sexuais tirarem fotografias de conversas no ecrã e para os riscos e leis relevantes em matéria de extorsão sexual.

Portanto: se o Leitor não conseguir dominar os seus instintos selvagens, pode encontrar satisfação com o sexo digital. Masturbe-se na frente do ecrã ou ao telefone, possivelmente em casa e não enquanto viajar nos transportes públicos. Não apenas o Leitor terá a certeza de não apanhar o vírus SRA-CoV-2, como também poderá evitar uma gravidez indesejada. Em caso de gravidez fruto de sexo digital, aconselho desconfiar.

Mas se o Leitor for mesmo um depravado que não consegue resistir à tentação do sexo à moda antiga, então prepare-se com sabão ou desinfectante, contraceptivo e máscara, aos quais eu acrescentaria um par de luvas e um fato isolante porque a prevenção nunca é demais.

Lembre-se: o sexo com um/uma parceiro/a é perigoso. Mesmo que não existam provas científicas de que a Covid-19 seja transmissível por via sexual; como de facto não existem e como admite o estudo. Mas este é só um pormenor e agora não interessa, volte a tratar dos selos.

 

Ipse dixit.

7 Replies to “Coronavirus: o problema do sexo”

  1. Quá, quá quá, já estava faltando um post humorístico. Eu só fico imaginando os sujeitos de máscaras, luvas de borracha.. e no final um banho de álcool nas partes íntimas. É para desistir definitivamente do assunto…nem digital!
    Como é que tem gente pagando para uns idiotas escreverem tamanhas besteiras com o título de estudo sério. Mas dá certo, pois. Aqui na cidadezinha senhoras de boa família já foram dormir em camas separadas (confissões ao psicólogo, que acaba se aconselhando comigo ). Na verdade eu não sei se já não é uma desculpa para se verem livres da incômoda presença dos roncos do consorte de 30 anos.

  2. Mas se alguém quiser se arriscar com a opção 5 , mas deseja evitar sair de casa, pode-se optar pelo Sexo Delivery. Funciona semelhante ao iFood, com deslocamento da parceira até sua residência, o iFoda.

  3. Esqueçam os estudos, pois nem os prórpios acreditam neles. Se querem ter a melhor imunidade contra coronas, a natural, façam o que fazem todas as espécies, pois resulta a milhões de anos, tanto para coronas como para outros bichos, com o extra de, em vez da dor da agulha da vacina, obtem uma de felicidade maior.

  4. No ponto 5) existe uma incongruência: Se a opção for ‘enforcamento na sala de estar’ a causa da morte sempre será Covid. Nestas circunstâncias, o melhor será fazer sexo com todos aqueles que não estejam em isolamento connosco, e que obviamente estejam disponíveis para isso, seguido de um belo enforcamento.
    Infelizmente, neste tipo de situações existem sempre casos a lamentar, que são todos aqueles que levam esta conversa dos psicopatas de Harvard a sério.

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