A alegre vidinha nas cidades fechadas (closed cities)

Seversk, Rússia. Fonte: Wikipedia

A vida cultural na cidade de Novouralsk, localizada na parte central dos Urais, é uma das mais gratificantes da sua área.

As suas cinco bibliotecas, duas das quais inteiramente dedicadas a crianças e jovens, são consideradas as melhores da região (e, segundo os cidadãos, da Rússia); a Biblioteca Pública Central, na vanguarda da informatização e do equipamento audiovisual, é um ponto de referência para actividades culturais e reúne cidadãos que organizam centenas de eventos e iniciativas todos os anos entre conferências, competições, exposições, concertos e percursos educativos. A cidade, além dos dois cinemas e do museu histórico da região, abriga um parque de diversões, um teatro de opereta muito famoso na região e o teatro de bonecos “Skaz”, que no ano passado celebrou o seu sexagésimo aniversário. Mesmo no desporto Novouralsk não é mal, com um campo de hóquei indoor (conversível numa área de concerto), estâncias de esqui, piscinas e assim por diante.

Uma apresentação digna duma brochura turística: mas nenhum turista jamais colocará os pés em Novouralsk. Mesmo para os russos que vivem em outras regiões, visitar a cidade não é nada simples. O regime de admissão na cidade é regido pela lei federal russa: a entrada e a permanência são reservadas aos residentes, os parentes próximos, quem possui uma propriedade na área urbana ou quem deve ir lá a convite por razões de trabalho ou outras necessidades sociais e culturais. No passado, era também complicado sair de Novouralsk, até para quem aí morava.

Закры́тое администрати́вно-территориа́льное образова́ние. Para os amigos: ZATO

A razão? Novouralsk é uma cidade fechada, uma daquelas que na Rússia têm o nome de ZATO (Закры́тое администрати́вно-территориа́льное образова́ние, ЗА́ТО literalmente: “entidades administrativo-territoriais fechadas”). Inicialmente o nome oficial de Novouralsk era Sverdlovsk-44, onde o número indicava os dois últimos dígitos do código postal válido na zona onde surge a cidade: isso porque até 1994 Novouralsk não aparecia nos mapas e era-lhe dado o nome da cidade mais próxima, neste caso Sverdlovsk, mais os dois números. Portanto, não era apenas uma cidade fechada mas também secreta, tal como dezenas de outras cidades no território soviético. Mas não só.

Uma cidade pode ser fechada por vários motivos e segundo vários tipos de restrições. Mesmo Meca, tecnicamente falando, é um exemplo de cidade fechada porque o acesso é proibido para aqueles que não podem provar ser fiéis muçulmanos. Mas, em geral, cidades como Novouralsk são lugares construídos ad hoc, muitas vezes de raiz, para servir instalações estratégicas do ponto de vista militar, industrial ou científico, ou ainda cidades localizadas em áreas fronteiriças que são mantidas fechadas por razões de segurança (como Dikson, o porto mais setentrional da Rússia).

Novouralsk serve a indústria estratégica. Os anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial testemunharam uma “explosão” de cidades ocultas como esta, surgidas em lugares remotos, construídas em poucos meses (na URSS com o trabalho dos prisioneiros dos gulags). Após o fim da Guerra Fria, muitas passaram por um período de declínio também demográfico, embora algumas estejam a recuperar ligeiramente.

Novouralsk deu abrigou a uma das primeiras fábricas para a produção de urânio enriquecido, que entrou em função em 1949; hoje na cidade existe o Complexo Eletroquímico Ural (UEKhK), que produz urânio enriquecido em baixa concentração para usinas nucleares e reactores para fins de pesquisa.

Ozyorsk, Rússia. Fonte Wikipedia

Hoje o governo russo reconheceu a presença de 44 ZATO, povoadas por cerca de um milhão e meio de habitantes; acredita-se que existam outras quinze localidades que ainda são mantidas em segredo. Fora do antigo território soviético, encontramos actualmente alguns exemplos de cidades fechadas: nas fronteiras do deserto de Gobi existia uma misteriosa “cidade nuclear” chinesa, indicada pelo número 404; ainda não aparece nos mapas, foi o local das plantas para a primeira bomba atómica chinesa entre os anos ’50 e ’60. Quando a corrida nuclear terminou, após décadas de declínio, a cidade foi declarada insegura por instabilidade geológica e foi esvaziada pelas autoridades em 2005, deixando apenas alguns idosos a passar os últimos anos lá. A documentação oficial é escassa e existem poucos registros de ex-residentes.

Como um condomínio

Outro exemplo de cidade fechada no mundo, desta vez ocidental, é Mercury, em Nevada (EUA); após o desenvolvimento atómico do pós-guerra, Mercury continua a ser um cidade formalmente fechada depois que outras localidades envolvidas no projecto Manhattan (Los Alamos, Oak Ridge) se tornaram acessíveis ao público. A população de Mercury tinha alcançado as dez mil unidades na década de 1960, enquanto hoje flutua em volta de algumas centenas e ninguém mora lá permanentemente; o pessoal autorizado pára no máximo alguns dias para trabalhar em projectos.

Mercury é o principal ponto de acesso ao local ao Nevada Test Site, uma vez terra para testes nucleares, hoje usada principalmente para o armazenamento de resíduos radioactivos de baixo nível e para verificar o funcionamento do antigo arsenal nuclear dos EUA. Segundo as testemunhas, Mercury parece uma cápsula do tempo dos anos ’60 e, há algumas décadas, está entre os destinos do chamado “turismo atómico” nos Estados Unidos.

As cidades fechadas compartilham algumas características com os condomínios fechados, complexos residenciais isolados com um número variável de serviços, nos quais é possível ter acesso ou transitar somente se residente ou se for convidado por um residente. Nos casos mais extremos, os condomínios fechados podem substituir o Estado na supervisão, na construção das infraestruturas e nos serviços essenciais, estabelecendo impostos especiais para a gestão separada dos bens comuns. Os condomínios fechados, no entanto, nascem e são regulados pela iniciativa conjunta de grupos privados, como uma reação de desconfiança nas políticas do País anfitrião, e geralmente se desenvolvem na presença de fortes desigualdades sociais.

As ZATO soviéticas e as cidades fechadas de outras nações, por outro lado, são um produto directo das políticas estatais de pesquisa e desenvolvimento, e estão profundamente impregnadas de um espírito nacionalista. Ainda representam modelos extremos de protecionismo e isolacionismo: oferecem altos níveis de segurança, qualidade de serviços e cuidados das infra-estrutura. Além disso, os moradores das cidades fechadas não precisam de nenhum esforço económico ou organizacional para a gestão do bem comum: é o Estado que cuida deles.

Presos e contentes

Para quem vive as instabilidades provocadas pela crise económica, pelos fluxos migratórios, e têm uma percepção (correcta ou não) de um aumento do crime, pode parecer um sonho viver numa cidade que é sinónimo de segurança, protecção e exclusividade, construída sobre um modelo soviético que tenta organizar a sociedade de acordo com um alto nível de “pureza”. Os mais jovem ficam fora de casa sem supervisão; pessoas como mendigos ou ex-condenados não têm acesso.

Diz Konstantin, morador da ZATO de Ozyorsk:

Quando eu tinha seis anos, fui para outra cidade com a minha família. Foi então que vi pela primeira vez uma mulher que pedia esmolas na rua. Para mim foi uma espécie de choque.

Os únicos estrangeiros que podem entrar nas cidades fechadas são pessoas altamente treinadas e seleccionadas, cujo passado tem sido objecto de um exame minucioso e cujas actividades na cidade são monitoradas de perto. O mesmo conceito de dificuldades económicas e materiais é bastante estranho: apesar da decadência após o colapso da União Soviética, o nível de serviços dentro das ZATO é ainda superior ao resto do País. Na época da Guerra Fria, numa cidade fechada podiam ser encontrados bens materiais e não materiais (como frutas frescas ou actividades recreativas e culturais) não disponíveis no resto do território russo, nem mesmo na capital. A qualidade da educação é levada muito a sério, ainda hoje: muitas ZATO oferecem um programa de formação completo, desde o jardim de infância até a universidade. Além da educação e protecção, o Estado também garante moradia, emprego bem remunerado quando comparado ao custo de vida e assistência médica gratuita, além de estadias em locais exclusivos para trabalhadores de plantas estratégicas. O físico soviético Lev Altshuler, que trabalhava em Arzamas-16 (hoje conhecida como Sarov) para a construção da bomba de hidrogénio, relembra:

Cientistas e engenheiros viviam muito bem. Os pesquisadores recebiam um salário muito alto por esses tempos. As nossas famílias não precisavam de nada. O fornecimento de alimentos e de outros bens era muito diferente [do resto do país, ndt]. Em suma, todos os problemas materiais eram eliminados.

Neste contexto, paredes de concreto, arame farpado e patrulha de guardas armados não são vistos como uma restrição à liberdade ou aos direitos, mas como um elemento essencial de proteção. Obviamente, os privilégios das cidades fechadas nunca foram realmente gratuitos e os moradores bem sabem disso, mesmo que ainda se recusem a falar acerca do assunto; para evitar problemas, mas também porque nas suas mentalidades sempre foi algo aceitável.

Os pequenos problemas

Na idade de ouro da energia nuclear, não apenas a liberdade de movimento era limitada, mas era absolutamente proibido que os cidadãos mencionassem de onde vinham; o governo verificava a lealdade dos cidadãos através de espiões e eventuais infratores eram punidos severamente. E com o total segredo das actividades duma cidade fechada eram também encobertos os problemas de saúde e as mortes causadas por acidentes militaresou nucleares.

Checkpoint de entrada em Sevensk, Rússia. Fonte: Wikipedia

Exemplo disso é a planta em Mayak, que em 1957 foi palco do terceiro incidente mais grave que já ocorreu na história da energia nuclear. O conseguente fallout resultante da libertação de materiais radioactivos na atmosfera chegou a contaminar uma área de aproximadamente 20.000 quilómetros quadrados do nordeste da zona, mas teve que passar uma semana antes que as autoridades, sem explicação, começassem a evacuar os moradores de Ozyorsk e os primeiros detalhes apareceram na imprensa ocidental apenas seis meses depois. O incidente foi oficialmente tornado público só em 1989 e até 1994 ainda era chamado de “desastre de Kyshtym”, em homenagem à cidade mais próxima da região, já que nem Mayak nem Ozyorsk existiam nos mapas. Estima-se que, desde a sua abertura, cerca de 170 acidentes envolvendo contaminação ocorreram na fábrica de Mayak, alguns dos quais nunca foram confirmados pelas autoridades soviéticas e russas. Entre os últimos acidentes, provavelmente também está o caso que, em Setembro passado, causou a disseminação de uma nuvem radioativa na Europa e para o qual a agência atómica russa (Rosatom), depois de ter realizado formalmente uma investigação interna, negou qualquer envolvimento.

Algumas estimativas falam de cerca de 8.000 mortes causadas pelo acidente de Kyshtym precipitação radioactiva mas, dado que a população de Ozyorsk sempre foi exposta a níveis perigosos de radioactividade, é difícil distinguir quais as vítimas são directamente atribuíveis ao acidente de 1957. Um dos quatro bonitos lagos que cercam a cidade, o Karachay, é também chamado de “lago do plutónio” porque a usina tem o hábito de aí descarregar o lixo radioativo. Nas décadas passadas, os padrões de segurança da fábrica eram muito menores do que hoje e não era incomum lidar com radionuclídeos sem qualquer proteção; hoje os riscos derivam principalmente da obsolescência de diferentes reactores e das políticas da Rosatom que impedem qualquer controle esterno. Ainda hoje, cinquenta anos depois do acidente mais grave, há sinais de trânsito que encorajam aqueles que transitam a fechar as janelas e as entradas de ar do automóvel enquanto passam por estas áreas ainda fortemente contaminadas.

Para os cuja saúde foi danificada por causa da exposição a radiação, é difícil obter tratamentos médicos especializados ou compensações; os pacientes são simplesmente informados de que a condição deles não é provocada pela radioatividade. Além disso, há obstáculos ligados à burocracia russa: os moradores das cidades fechadas nascidos antes de 1994 estão numa espécie de limbo legal, já que segundo os arquivos não nasceram nas cidades onde moram (pois tais idades “não existiam”). Torna-se, portanto, difícil demonstrar a relação com qualquer contaminação radioactiva que tenha ocorrido no passado na área.

Apesar disso, a expectativa de vida nas ZATO sempre se manteve acima da média nacional: obviamente, os serviços básicos gratuitos e a qualidade destes fazem a diferença. Os seus habitantes consideram o pertencer a uma cidade fechada como uma forte fonte de orgulho nacional; sentem-se orgulhosos da confiança que o governo deposita neles e aceitam os efeitos colaterais como parte desse privilégio. Na verdade, em 1989 e em 1999, o governo pediu oficialmente aos moradores de Ozyorsk se eles desejassem desistir do status do ZATO: os cidadãos optaram por manter a cidade fechada.

City 40

A seguir o trailer de City 40, o documentário que explora a realidade das cidades fechadas da Rússia. É muito interessante e é mesmo por isso que não há uma versão portuguesa. City 40 existe só nas versões em idiomas russos e inglês.

As cidades fechadas no mundo

Eis uma lista das cidades fechadas ainda existentes no mundo.

    • Azerbaijan: Agdam
    • Arábia Saudita: Mecca e Medina (entrada proibida aos não-muçulmanos).
    • China: Nº 404 (Província de Gansu, Gobi). Área com restrições: Datong Hui, Tu, Condado de Huangzhong, Condado de Huangyuan.
    • Estados Unidos: Dugway (Utah), Mercury (Nevada).
    • Kazakhstan: Baikonur, Priozersk
    • México: Guadalupe Island (Baja California) faz parte duma Reserva Natural para a qual o governo mexicano requer autorizações especiais.
    • Moldávia: Cobasna (Distrito de Ribnița)
    • Rússia (nota: “Oblast” pode ser traduzido como “Distriito”):
      Mezhgorye
      Altai Krai: Sibirsky
      Kamchatka Krai: Vilyuchinsk
      Krasnoyarsk Krai: Dikson, Solnechny, Zelenogorsk (antigamente Krasnoyarsk-45), Zheleznogorsk (Krasnoyarsk-26)
      Perm Krai: Zvyozdny
      Primorsky Krai: Fokino
      Zabaykalsky Krai: Gorny
      Amur Oblast: Uglegorsk
      Arkhangelsk Oblast: Mirny
      Astrakhan Oblast: Kapustin Yar, Znamensk
      Chelyabinsk Oblast: Lokomotivny, Ozyorsk (Chelyabinsk-65 e antes ainda Chelyabinsk-40), Snezhinsk (Chelyabinsk-70), Tryokhgorny (Zlatoust-36)
      Kirov Oblast: Pervomaysky
      Moscow Oblast: Krasnoznamensk, Molodyozhny, Vlasikha, Voskhod, Zvyozdny gorodok
      Murmansk Oblast: Alexandrovsk, Ostrovnoy, Severomorsk, Snezhnogorsk, Vidyayevo, Zaozyorsk
      Nizhny Novgorod Oblast: Sarov (Arzamas-16)
      Orenburg Oblast: Komarovsky
      Penza Oblast: Zarechny (Penza-19)
      Saratov Oblast: Mikhaylovsky, Shikhany, Svetly
      Sverdlovsk Oblast: Lesnoy (Sverdlovsk-45), Novouralsk (Sverdlovsk-44), Svobodny,
      Uralsky
      Tomsk Oblast: Seversk (Tomsk-7)
      Tver Oblast: Ozyorny, Solnechny
      Vladimir Oblast: Raduzhny

Ipse dixit

Fontes: Wikipedia, Atomic Heritage Foundation, Science, Atomic Tourism, China Org, Resolução do Governo da Federação Russa de 5 de Julho de 2001 Nº 508 : Aprovação da lista de entidades administrativas e territoriais fechadas e assentamentos localizados nos seus territórios (Web Archive, idioma russo), Novouralsk: Public Library, City 40 (documentário completo em idioma russo).

11 Replies to “A alegre vidinha nas cidades fechadas (closed cities)”

  1. Max o oblast ou distrito de Sverdlovsk (antigo nome da cidade é a atual Yakaterinburg ou burgo a portuguesa) com Cheliabinsk pouco mais a sul a zona de transição euro/asiática, Ásia a leste dos urais. Essas cidades dessa hipoticamente zona que de fechada nada tem, é algo relativo.
    Mais abaixo Magnitogorsk ou Oremburg ouutros exemplos.
    É uma questão que vem desde a 2a guerra mundial, e porquê os Urais(até nem são muito altos), distância relativa de confusões que possam advir da própria Europa não russa.
    Mas no pensar russo não é tão longe como vá o extremo oriente ou siberia central. Por sua vez tens Omsk, Novosibirsk e Krasnoyark(tudo com mais 1 milhão de habitantes) e muitas com população considerável em condições que até para escandinavos ou canadianos seriam dificilimas.(nisso batem eles batem tudo e todos)
    E alem da riqueza da zona e a entrada para a riquíssima e praticamente inexplorada Sibéria.
    A norte tens a península de Yamal p/ex(de onde vem grande parte do gás consumido na europa) a baixa(altitude), a cordilheira em si é riquíssima em minérios e não só. A sul uma serie de cidades com ligação ao “amigo” Cazaquistão onde estão empresas de topo, mas topo onde ocidentais/orientais e autóctones desenvolvem tecnologia tão boa ou da melhor a nível mundial.

    Secretas? conheço quem lá vai shhhhh

  2. Conhecimentos novos que tu, Max e o anônimo aí de cima vão desfilando para mim. Sabia alguma coisinha dos EUA, mas da Rússia e outros países, não.
    Mas lendo o artigo, de início pensei ser uma iniciativa de indivíduos apoiada pelo Estado…me entusiasmei. Em seguida já fui vendo o tamanho da minha ingenuidade, pois me pareceu que estes munícipes são apenas cobaias para computar consequências da exposição radiativa. As boas condições de vida os mantém “alegres” com a situação. Perdi imediatamente o entusiasmo.
    O Japão desde Fukoshima não é um Estado fechado porque os interesses do capital internacional e japonês exigem a livre circulação e fomentam a total mentira que é enfiada goela abaixo do mundo inteiro Por outro lado, a catástrofe pegou de calças curtas os responsáveis, diferente de uma coisa planejada e gerenciada pelos Estados e outros interessados, como parece ser o caso das cidades fechadas, O que está a se passar por lá daria uma bela investigação em II, ou de leitores e comentaristas dispostos a pesquisar e compartilhar aqui.
    Por aqui, estou a esperar o leilão ou o por a funcionar as Angras nucleares nossas, com rachas e tudo, para assistir mais uma “beleza” made in Brazil”

    1. Não são cobaias, pelo que sei de 1a mão.
      A URSS já fechou á muito 1990/91 fim so filme.

      O problema foi o a intromissão estrangeira desde 91 até quase 2005. Com neo liberalismo e de portas abertas (e lei da selva) com/e submissão a interesses de fora, e/ou das mafias locais.
      Que não os da maioria, que via que embora agora livre que a coisa estava a ficar uma grande confusão e a degradar-se.
      Grande parte(de quem podia na altura) emigrou ou fugiu como pode.
      America do Norte, Europa Ocidental, Israel.
      Tanto uns como outros são maioritariamente mais nacionalistas sem ser estúpidos, talvez patriotas(no bom sentido)não é necessário ter uma bandeirinha ou entrar em guerras(aliás evitam), ou como na Síria por motivos bem conhecidos foram auxiliar a luta contra grupos de fanáticos(coisa que deste lado e estranhamente era deixar andar), os chinas nada de nada.

      É complexo entender a Rússia, ou até a China(que parece mais óbvia) sem ser por política interna/externa.
      Nós raciocinamos a curto prazo, quando muito médio. Ali começa no medio para longo prazo.
      E nem por aí, só estando lá e nestas zonas quem escreve isto não pode ir, mas outro/s conterrâneo/s já podem.***
      Não existe aproveitamento nenhum do estado é algo em que ambos ganham.
      Por exemplo na foto do checkpoint de Shevensk? Aquilo é apoido pelo estado, sim(a pedido) e não(quase todo o resto, estão melhor assim? Ótimo.
      Os fins são outra estória mas tem a ver com a fase atual, não existe acesso a quem não interessa.

      Acho que o Max não explicou bem o porquê de agora o que os motiva na atualidade.
      Isto já se falou aqui no ii noutros tópicos:

      O Anarco-Primitivismo e o capitalismo digital, são um dos lados que não quer, ou só o estritamente necessário.

  3. Olá anônimo: se tentastes me explicar porque não são cobaias, agradeço a intenção, mas desculpa, pelo menos eu, não entendi a explanação como uma argumentação do porque não seriam cobaias pessoas que permanecem expostas, mesmo por livre vontade, ao prejuízo da saúde, de forma iminente. Abraço

  4. Olá Maria!

    Subscrevo o que Anónimo diz (e agradeço as suas explicações também).
    Então, os moradores são cobaias? Não, não são.

    Nos anos da URSS não eram cobaias: eram pessoas que o sistema utilizava para fins maioritariamente militares. Reunia estas pessoas úteis à sociedade num lugar, dava-lhes as melhores condições para que pudessem trabalhar. Era uma espécie de troca: eu dou-te condições melhores, tu desenvolves algo para mim que sou o Estado.

    Os responsáveis sabiam dos problemas de saúde (como a radioactividade)? Acho que sim, mas havia uns objectivos que tinham de ser alcançados e isto era prioritário. Repara que afinal isso acontece ainda hoje: o Estado sabe muito bem dos problemas derivados da poluição criada pelos carros (especialmente nos bebés), mas a prioridade é que as empresas vendam, o resto passa para o segundo plano. E nem estamos na URSS…

    Com a queda do regime soviético, os moradores continuaram a ficar naquelas cidades porque desta forma podem gozar de privilégios. Afinal vivem num grande “condomínio fechado”, com as vantagens que isso acarreta. Porque a dúvida é: ficamos como os outros ou permanecemos no nosso cantinho, pequeno, seguro, por nós administrado? O Estado seria bem feliz de abolir estes privilégios, e não acaso pediu aos moradores se quisessem acabar com isso, mas a resposta foi negativa.

    Na verdade, se a Rússia quisesse realmente abolir as cidades fechadas (ou pelo menos a maior parte delas), já o teria feito, com o sem o consentimento dos cidadãos. Mas não, não o faz. Porque quer continuar a utilizar os moradores como cobaias? Não é preciso: há muito são perfeitamente conhecidas as consequências da exposição a material radioactivo (experimento do atolo de Biquini, EUA). Então pro qual razão não fecham as cidades fechadas?

    Não sei responder, posso só fazer hipóteses. Por exemplo: afinal as cidades fechadas são um modelo raro, apresentam uma forma de vivência e convivência bem pouco difundida num planeta globalizado. Além disso, como no caso do artigo (Novouralsk) e outros, hospedam centro de excelência em vários sectores, não apenas do ponto de vista militar ou nuclear, mas também no caso da infraestruturas (a biblioteca que é uma das melhores): mesmo não tendo o secretismo duma vez, representam um modelo social que pode merecer ser mantido e estudado.

    Neste caso os moradores são cobaias? Não: hoje os moradores querem lá ficar. Conhecem os perigos das substâncias às quais são expostos? Sim, conhecem. Mas têm mini-sociedades nas quais vivem com vantagens que não querem abandonar. Melhor um dia (60 anos) como leão do que 100 (90 anos) como ovelha? Quem sabe, talvez…

    Graaaaaande abraçooooooo!

    1. Acertou:
      “Não sei responder, posso só fazer hipóteses. Por exemplo: afinal as cidades fechadas são um modelo raro, apresentam uma forma de vivência e convivência bem pouco difundida num planeta globalizado. Além disso, como no caso do artigo (Novouralsk) e outros, hospedam centro de excelência em vários sectores, não apenas do ponto de vista militar ou nuclear, mas também no caso da infraestruturas (a biblioteca que é uma das melhores): mesmo não tendo o secretismo duma vez, representam um modelo social que pode merecer ser mantido e estudado.
      Neste caso os moradores são cobaias? Não: hoje os moradores querem lá ficar. …”
      +
      E mais para lá vão desde engenheiros, cientistas, artistas etc..(humanas) acabados de formar ou com obra, etc e familia e filhos.

      “Sim, conhecem. Mas têm mini-sociedades nas quais vivem com vantagens que não querem abandonar. Melhor um dia (60 anos) como leão do que 100 (90 anos) como ovelha?”

      É isso, mais coisa menos coisa. Um pouco como certas comunidades nos EUA e Europa, meio anarquistas, coletivistas, verdes um pouco utópicos e com uma formação académica e pessoal acima da média “anti-sistema” para eles, os outros é que vivam presos no dito sistema.
      Eles acham que nós somos as ovelhas mandadas, não querem ser leões, só não querem ser ovelhas.

      A pergunta é porque é fechado?
      Simples, para não entrarem nacionais ou estrangeiros(na optica do estado) espiões ou espionagem na deles o mesmo e o medo de descaracterização da vida que vivem e gostam

      Como com infinitamente menos recursos económicos o pais em causa, está a nível militar(numa ótica de defesa), geoespacial/aeronáutica(maioria dos componentes, isto é ridículo mas verdade), está na frente do que gasta mais?
      Para não falar que estão lá tipos que falam também mandarim e estão na frente para consumo geral 5 anos de fato mais em IA, automação e outras áreas…

      E para a meter mais confusão(mas são iguais em princípios uma comunidae) ocidentais, orientais…sim, também.

      E porque nada se sabe? Porque não interessa.

      N

  5. Documentário nos links abaixo (legendado em português do Brasil):

    https://1fichier.com/?5045z9lmgk
    https://1fichier.com/?6pzofch0nd

    Max, gostaria de lhe sugerir este fórum extremamente útil e que funciona muito bem, está constantemente em actualização e é a comunidade que o mantém fazendo lembrar os tempos áureos da Internet:

    http://www.docspt.com

    Se achar por bem, coloque-o a figurar na lista de páginas da Internet do Informação Incorrecta.

    1. Olá JF!

      Muuuuito obrigado pelos links, não conseguia encontrar a versão legendada!
      Quanto ao Docs.pt: parece-me coisa bem interessante. Nesta altura tenho que sair de casa, mas logo q

      1. …ops, foi a pressa. Dizia: logo que voltar vou inseri-lo, houvesse iniciativas como esta!

        Abraçooooooooooooooo!!!!!

    2. JF!

      Registei-me no site porque parece bem interessante (utilizador: demariamax), depois enviei uma mensagem porque pareceu-me uma cosia simpática pedir a autorização antes de publicar o link directo. Só que devo ter errado algo, não está entre as mensagens enviadas… vou enviar outra vez.

      Abraçooooooo!!!!!

Obrigado por participar na discussão!

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