A União Europeia de Rei Juliano

Uma recente pesquisa revela que 34% dos jovens americanos entre 18 e 24 anos não estão convencidos de que a Terra seja redonda. Isso mesmo: t-r-i-n-t-a-e-q-u-a-t-r-o-p-o-r-c-e-n-t-o.

Em particular, 9% admite sempre ter pensado que a Terra fosse plana, enquanto outros 9%, apesar de saber que a Terra é esférica, suspeita que as coisas não estejam bem assim. Adicionamos um 16% de puros génios que não sabem de todo qual forma possa ter o planeta no qual vivem (e nem fazem o esforço para informar-se, ao que parece).

Para aumentar o desconforto: a teoria da terra plana consegue mais seguidores entre os jovens da idade imediatamente pós-escolar. Entre quem não frequenta a escola há muitos anos a percentagem de “terraplanistas” cai para 24 % para acabar com um mísero 6% no caso de pessoas com mais de 55 anos. Portanto, a triste (mas só aparente) equação parece ser: maior distância da escola = menor taxa de ignorância.

Estas são boas notícias para o Poder: se muitos acreditam na terra plana, outros podem legitimamente pensar que o dióxido de carbono seja um veneno, que a flatulência bovina é a única força climática do planeta e que a guerra na Síria eclodiu porque choveu pouco.

Estas são más notícias para o mesmo Poder: muitos podem acreditar em teses diametralmente opostas. Por exemplo, que o dióxido de carbono seja o tijolo elementar da vida, que as forças climáticas sejam muitas, etc.

Como afirmado: equação triste mas só aparente. Porque não é um problema de frequentar ou menos a escola, o problema é o que conseguimos ou desejamos retirar dela. Dito de outra forma: as pessoas hoje tendem a acreditar em tudo e no contrário de tudo pelo simples facto de que ficou irremediavelmente quebrada a relação de confiança entre as instituições, os meios de informação e os cidadãos. No âmbito da informação, esta roptura tem sido causada pela enxurrada de notícias falsas (as fake news!) promovidas ao longo de anos pela grande imprensa, juntamente com uma série interminável de previsões acerca de factos que nunca ocorreram.

Exemplos práticos: ninguém viu as armas químicas de Saddam com as quais os meios de comunicação de todo o mundo justificaram a guerra no Iraque; ninguém viu as bases militares escondidas no interior das montanhas do Afeganistão; e ninguém viu (e ainda bem) o holocausto climático anunciado há pelo menos 20 anos pelos mesmos media. É preciso continuar? Não, não é. Perante uma avalanche de desinformação, como podemos pretender que os jovens acreditem no que é afirmado? 

Sem dúvida uma situação incómoda esta das fake news. Soluções?
Calma: para boa sorte existe a União Europeia.

As soluções de Rei Juliano

As soluções existem e chegam nada menos que de Bruxelas: aqui, rodeados pelo silêncio dos media, os espíritos mais iluminados da União Europeia estão a trabalhar para salvar os cidadãos desorientados. Tudo em nome das segurança, como é óbvio.

De facto, é o Comissário de Segurança da UE em pessoa, Julian King, que apresenta as revolucionárias medidas. Seguimos o contorcido raciocínio dele:

A. a Rússia informa de maneira falsa os cidadãos europeus para minar a estabilidade e a coesão da nossa sociedade.
B. portanto, serão verificadas as fontes que espalham desinformação e vão ser fechados os relativos perfis nas redes sociais.
C. graças ao Facebook e Twitter (duas autênticas garantias) será selecionada a informação de “qualidade” para combater as notícias falsas.
D. uma rede de fact-checkers (“verificadores de factos”) independentes (!) e qualificados (!!) com autorização da UE (!!!) monitorizará as boas informações (!!!!).

E depois a cereja no topo do bolo:

O executivo da UE pede aos Estados Membros que considerem esquemas de ajudas públicas horizontais para responder às falhas do mercado que prejudicam a sustentabilidade do jornalismo de qualidade.

O que pode ser traduzido assim: “os Estados da UE são convidados a financiar os meios de comunicação públicos que não vendem mas que contam a nossa versão”. Uma ajuda “horizontal”, claro, porque se fosse “vertical” ou “diagonal” poderia cair.

Portanto, dinheiro dos cidadãos para financiar media que publicam histórias que ninguém compra mas que dão jeitos aos iluminados de Bruxelas. Dinheiro atirado para o lixo ou que ajuda “amigos” espertos com publicações que lambem as botas institucionais. É esta a solução para transformar os media em órgãos de propaganda ao serviço de um partido único, globalista e supranacional. Um Euro-Pravda declinada em todas as línguas da União.

Dito entre nós: só em Bruxelas teria sido possível uma media tão parva e inútil, fruto de cerebrinhos que não entendem. Até fazem uma certa ternura porque não há muita diferença entre os burocratas unionistas e os “terraplanistas”: em ambos os casos a História não ensinou nada. A União Soviética não implodiu por excessiva liberdade de informação ou pelo fraco controle da propaganda por parte das autoridades. Além de que uma lista de publicações “que não devem ser lidas” se tornariam imediatamente verdadeiros best-sellers em todas os províncias do Império. Porque um censor desacreditado automaticamente torna-se o melhor dos promotores.

Doutro lado, gostaria de chamar a atenção do Leitor para um pormenor extremamente significativo: o nome do Comissário de Segurança da UE é Julian King, que traduzido torna-se “Rei Juliano”.
Assim tudo fica mais claro.

Ipse dixit.

Fonte: Ansa, CBS, Ningishzidda 

4 Replies to “A União Europeia de Rei Juliano”

  1. É verdade, a Terra é plana onde Deus fica de olho em você Max, e cuidado, se continuar não acreditando perderá sua salvação!

    Prova?

    Aqui:

  2. Muito provavelmente, são os mesmos que se sentem mal quando não têm um ecran defronte no nariz; e que têm um smartphone, um ipod ou um aiporra, na rua, à mesa, na cama.

    Todos muito destros a teclar ou a "ratear", muitos com cursos universitários e até nas prestigiadas Business Schools, oh yeh!

    Ter gerações de idiotas pela frente é uma maravilha para os poderes

  3. No Brasil (e em todos países destinados ao eterno subdesenvolvimentismo), a mídia e os formadores de opinião, desde sempre culpam o povo pelas mazelas nacionais por sua baixa escolaridade (eufemismo = educação). Uma grande falácia, pois quem volta no tempo, percebe nitidamente, como foram formulados os conteúdos ditos educacionais, cujas prioridades jamais foram a sólida formação do indivíduo, mas, primeiramente doutriná-lo para ser um bom servo, e secundariamente, dar um mínimo de condição para que pudesse exercer alguma atividade laboral. A prova de que a tal "educação" não passa de enganação, é a de que a corrupção e canalhada estão disseminadas entre todas camadas sociais, inclusive nas chamadas "elites", vindas dos "melhores" colégios…

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