O ataque na Síria em directo

Mísseis sobrevoam  Damasco

O bom blogueiro está a ir para a caminha para gozar do merecido descanso quando decide espreitar os canais televisivos via internet. E eis que de repente aparece o simpático Donald Trump numa conferência de imprensa. Pergunta o Presidente: “Que tipo de País ataca os inocentes?”. E o bom blogueiro pensa: “Esquisito, uma conferência de imprensa para fazer autocrítica? Ou estará a ralhar contra os atiradores israelitas que disparam contra os manifestantes palestinianos desarmados?”. Mas não: o assunto era o ataque de EUA, Reino Unido e França contra a Síria.

Assim, há pouco começou o ataque. É muito cedo, ainda nada é sabido. Testemunhos afirmam ter ouvido boatos na zona norte de Damasco, mas a confirmação mais importante chega da televisão de Estado da Síria que anuncia ter respondido ao ataque.

Voltemos para a conferência: Trump anunciou um ataque mais comedido quando comparado com as declarações do passados dias. Este é um ataque “preciso” associado às “capacidade químicas” de Damasco. Portanto, segundo as afirmações, a intenção parece ser não uma mudança de regime mas algo dirigido contra o alegado arsenal químico da Síria.

Donald Trump durante a conferência

O resto da conferência foi mera propaganda: Trump lembrou que há um ano Assad lançou um ataque
químico (nunca provado) contra os seus cidadãos e que no passado Sábado o líder sírio lançou um novo ataque (acerca do qual existem ainda mais dúvidas) contra inocentes. E falando dos ataques: esta teria sido uma excelente ocasião para apresentar as provas de que tais ataques 1. aconteceram e 2. foram perpetrados pela Síria. Mas Trump, tal como acontece com o Primeiro Ministro inglês, Theresa May, e com o Presidente Francês Macron, dá como assumido o facto.

Portanto, um ataque não suportado por nenhuma prova. A não ser que falar de “Mal”, de “famílias esmagadas pelo gás”, de “regime terrível” possa ser considerado só por si uma prova. Estendemos um véu de piedade acerca da afirmação segundo a qual este ataque seria um “interesse vital pela segurança” dos EUA.

Theresa May

Uma hora depois eis a intervenção de Theresa May: é ela que, além de repetir quanto já afirmado por Trump, esclarece ainda mais que o ataque “não significa intervir numa guerra civil” e que não é “para uma mudança do regime”. Obviamente, a May não pude evitar de referir-se à Rússia: o ataque “envia também um claro sinal a todos aqueles que acreditam poder usar as armas químicas com impunidade”. Até Trump tinha sido mais inteligente, evitando um ataque directo contra Moscovo. E quando as nossas palavras estão abaixo do nível de Trump, é evidente que foi atingido o fundo.

A seguir, do Pentágono, o Secretário da Defesa americano, James Mattis (que poderia ter ficado calado, pois limitou-se a repetir quanto já afirmado pelo seu Presidente), e o Coronel Dunfort, o qual explicou que os ataques tinham começado às 21:00 (horário da costa Leste) e que tinham como objectivo duas localidades sírias: uma fábrica nos arredores de Damasco e dois depósitos perto de Homs.

James Mattis

Depois das declarações, eis as perguntas dos jornalistas. Uma em particular: “Quais as provas de que o ataque foi perpetrado pelo regime sírio?”. A resposta de Mattis:

Tenho a certeza de que o regime sírio conduziu o ataque químico contra pessoas inocentes na semana passada, sim, estou absolutamente certo disso e temos o nível de certeza dos serviços secretos do qual precisamos para conduzir o ataque.

Ou seja: nada de provas, temos que fazer um acto de fé e confiar na opinião da infalível Administração americana.

Segundo as palavras do Coronel, o ataque deveria ser uma acção única e de curta duração, o que é confirmado pelo facto de que nesta altura o ataque já ser considerado concluído. Portanto, uma acção bastante limitada que, segundo a televisão síria, viu o lançamento de 30 mísseis enquanto fontes americanas falam de mais de 50. Quanto aos resultados, inútil nutrir grandes esperanças: as forças ocidentais irão apresentar o ataque como um estrondoso sucesso, tendo conseguido centrar todos os objectivos; de partes síria serão mostradas imagens de casa destruídas e bairros residenciais em chamas. Já estamos acostumados.

Agora é só esperar as reacções.

Ipse dixit.

Fontes das imagens: Al Jazeera

20 Replies to “O ataque na Síria em directo”

  1. Ou seja,continua a insanidade(e a canalhice)a "mandar" no mundo,e (para cúmulo do cinismo)sempre em nome da "liberdade" e dos "direitos humanos".

  2. Depois de 15 anos, como diz a letra daquela música: "o mesmo banco, a mesma praça, o mesmo jardim"…Observa-se que a primeira preocupação foi ressaltar que nenhum russo na região foi atingido…

  3. Com este ataque da auto-denominada coligação, pode concluir-se o seguinte:

    1) O alegado ataque químico nunca existiu, ou se existiu, foi um ataque de bandeira falsa. Eu acredito mais na primeira hipótese.
    2) Os EUA não têm interesse que haja uma investigação publica sobre o alegado ataque químico.
    3) Este ataque da coligação foi uma encenação, como aliás referido por um comentador na RTP1. O pré-aviso às autoridades russas que o mesmo iria ocorrer, confirma isso.
    Não descarto a possibilidade de os alvos terem sido negociados com os russos.
    4) Este ataque dá, ao Trump e aos EUA, uma saída para o enredo criado por um conjunto de declarações infelizes nas redes sociais por parte do Presidente dos Estado Unidos da América.

  4. "O alvo foi um local de produção de armas químicas do regime sírio" – Florence Parly (Ministra da Defesa da França)

    https://twitter.com/florence_parly/status/985051075303616512?ref_src=twsrc%5Etfw&ref_url=https%3A%2F%2Fbr.sputniknews.com%2Foriente_medio_africa%2F2018041410987779-franca-ataque-missil-fragata-siria-video%2F&tfw_site=sputnik_brasil

    É o desespero do regime da Inglaterra e os seus aliados e a tentativa por parte dos mesmos de apagar as provas e evidências, que comprovam a construção e uso de laboratórios para a produção de armas químicas por parte dos grupos terroristas ( “rebeldes” apoiados pelo regime inglês e aliados), contra a população civil na Síria; e isto acontece após o Exército Árabe Sírio descobrir, ao libertar Ghouta Oriental, o respectivo laboratório das armas químicas:

    – Syria finds chemical weapons workshop in Ghouta
    https://www.veteranstoday.com/2018/03/12/syria-finds-chemical-weapons-workshop-in-ghouta/

    – Dois laboratórios de armas químicas descobertos entre os «rebeldes moderados» sírios
    https://www.voltairenet.org/article200170.html

  5. A coisa mais lógica e se realmente se importavam com o povo Sírio é bombardear o local para espalhar as alegadas armas químicas por quilómetros e matar muitos mais.
    Mataram quem lá estava e mais nada.
    Está gente não joga com o baralho todo.
    Hoje iam inspeccionar tipo o que Hans Blix, e M. El Badahrei fizeram antes, fica para amanhã.

    Hans Blix aqui em 2004 explica muita coisa:
    https://www.berkeley.edu/news/media/releases/2004/03/18_blix.shtml

    nuno

  6. Considerando que qualquer ataque a supostas instalações de armas químicas ativas na Síria arriscaria a disseminação de produtos químicos tóxicos sobre áreas civis – atacar esses locais seria contrária a todo o suposto propósito do ataque liderado pelos EUA – proteger os civis sírios de “armas químicas

  7. Ao contrário de um ataque químico alegado ou encenado em civis, encenar um ataque militar contra forças ocidentais e seus aliados regionais permitiria uma resposta militar imediata e muito maior. Sera que em breve iremos ter ataques encenados às forças ocidentais na região ?

  8. https://southfront.org/u-s-u-k-france-conduct-massive-missile-strike-on-syria-details/

    Quatro mísseis foram lançados na área do Aeroporto Internacional de Damasco. Todos os mísseis foram interceptados.
    12 mísseis foram lançados no aeroporto militar de Al-Dumayr. Todos os mísseis foram interceptados.
    18 mísseis foram lançados no Aeroporto Militar de Baly. Todos os mísseis foram interceptados.
    12 mísseis foram lançados no Aeroporto Militar de Shayarat. Todos os mísseis foram interceptados.
    9 mísseis foram lançados no Aeroporto Militar Mezzeh. Cinco mísseis foram interceptados.
    16 mísseis foram lançados no Aeroporto Militar de Homs. 13 mísseis foram interceptados.
    30 mísseis foram lançados em alvos nas áreas de Barzah e Jaramani. Sete mísseis foram interceptados.
    O Pentágono rejeitou relatos de que as forças sírias haviam interceptado algo dizendo que os EUA e seus aliados "atingiram com sucesso todos os alvos".

    De acordo com esta versão, os EUA lançaram 105 mísseis contra as supostas instalações de “armas químicas” do governo de Assad.

    76 mísseis – “Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Barzah”
    22 mísseis – "Ele Shinshar Site de Armazenamento de Armas Químicas"
    7 mísseis – "Ele Shinshar CW Bunker"

  9. O Império Anglo-Sionista decidiu "testar" o sistema integrado de defesa anti-aérea da Síria e para tal efeito, disparou uma barragem de 103 mísseis de cruzeiro contra vários alvos em território sírio. Escusado será dizer que para além deste ataque ir contra todas as normas do direito internacional e constituir um flagrante acto de agressão gratuita contra um Estado soberano, tal acto só veio colocar mais uma vez a nu o absoluto desprezo que os supremacistas judeus em controlo da Casa Branca possuem pela Humanidade e todas as normas da diplomacia civilizada.

    Entretanto, a máquina de propaganda do Pentágono já entrou em funcionamento e está a "lavar" os acontecimentos da última madrugada, descrevendo os mesmos como tendo sido um patente "sucesso". Pois bem, vejamos então como se materializou na prática este grande "sucesso" de que o Pentágono fala:

    – 4 mísseis foram disparados contra o Aeroporto de Damasco. Foram todos abatidos pelas defesas anti-aéreas da Síria.
    – 12 mísseis foram disparados contra o Aeródromo de Al-Dumayr. Foram todos abatidos pelas defesas anti-aéreas da Síria.
    – 18 mísseis foram disparados contra o Aeródromo de Blai. Foram todos abatidos pelas defesas anti-aéreas da Síria.
    – 12 mísseis foram disparados contra a Base Aérea de Shayrat. Foram todos abatidos pelas defesas anti-aéreas da Síria. Nenhuma base aérea do governo sírio foi atingida ou sequer danificada no ataque.
    – 9 mísseis foram disparados contra o Aeródromo de Mazzeh. 5 destes 9 mísseis foram abatidos pelas defesas anti-aéreas da Síria.
    – 16 mísseis foram disparados contra o Aeródromo de Homs. 13 dos mísseis foram abatidos pelas defesas anti-aereas da Síria e os únicos 3 que atingiram o alvo, limitaram-se a provocar danos de menor gravidade.
    – 30 mísseis foram disparados contra edifícios e laboratórios científicos do governo sírio que se localizam próximo de Barzah e Jaramana. 7 destes 30 mísseis foram abatidos pelas defesas anti-aéreas da Síria. Estes edifícios seriam onde estaria sediado o alegado "Programa de Armas Químicas da Síria" que só existe na propaganda mentirosa dos anglo-sionistas. Apesar de neste caso a maioria dos mísseis terem atingido o alvo, o ataque foi fútil, pois os edifícios estavam desocupados e desactivados, sendo que em consequência não se terão registado quaisquer baixas civis ou militares.

    No total, de 103 mísseis de cruzeiro que foram disparados pelas forças da coligação anglo-sionista, apenas 32 é que conseguiram atingir com sucesso os seus alvos, sendo que os restantes foram todos abatidos pelo sistema integrado de defesa anti-aérea da Síria. Os vários sistemas de defesa anti-aérea da Síria que estiveram envolvidos no abate dos mísseis de cruzeiro disparados pelos anglo-sionistas, tiveram um desempenho acima do esperado e tal como eu já havia afirmado anteriormente a propósito do abate de um F-16 israelita pelos sírios em Fevereiro passado, "é de esperar que lenta, mas gradualmente, os sírios comecem progressivamente a conseguir negar com sucesso o seu espaço aéreo ao inimigo."

    (continua)

  10. (continuação do comentário anterior)

    O cúmulo da humilhação para os anglo-sionistas e aquilo que os mesmo estão a tentar ocultar do público a todo o custo, é o facto de o bom desempenho obtido pelo sistema integrado de defesa anti-aérea da Síria na última madrugada, ter sido todo feito com base em antigos sistemas de defesa anti-aérea de origem soviética, como o Buk, o 2K12 Kub, o 9K33 Osa, o S-200 e o S-125 Neva/Pechora que os ianques já devem de conhecer bem, pois foi este último sistema anti-aéreo que em 1999 abateu sob os seus da Sérvia um moderníssimo F-117 Nighthawk com tecnologia stealth, que alegadamente deveria de tornar este caça-bombardeiro invisível para os radares inimigos.

    Em jeito de conclusão, pois nada mais tenho a dizer por agora, quero apenas frisar que os sírios, na última madrugada, limitaram-se a defender-se de um ataque absolutamente injusto e vil, justificado pelos anglo-sionistas com base em mentiras fabricadas e lançado pela mesma "mão invisível" que nos idos da década de 1960 e 1970, fez a guerra contra Portugal nas suas províncias ultramarinas e esteve certamente por detrás do 25 de Abril de 1974.

    A judiaria internacional pode mentir e fabricar "provas" à vontade, ela pode inventar e difamar e tentar ocultar a verdade o quanto ela quiser, que nada neste Mundo impedirá o povos da Terra de eventualmente virem a acordar para a realidade da grave situação em que a Humanidade se encontra por causa deste gente. No fim e como diria o piloto-aviador Manuel Gouveia: "se for preciso, morrer, morre-se!" Nem que o custo da resistência seja o de morrermos todos colectivamente afogados no nosso próprio sangue, nem assim devemos pensar por um momento sequer em rendição ou capitulação perante a ofensiva bárbara e assassina do Sionismo Rothschild que quer à força dominar e escravizar o Planeta. Estes psicopatas com mentalidade apocalíptica não vão parar enquanto não forem forçados a parar e a única coisa que resta saber é quão longe é que eles estão mesmo dispostos a ir na sua senda megalomaníaca para erguer a Nova Ordem Mundial.

    Mais aqui:

    https://historiamaximus.blogspot.pt/2018/04/o-grande-sucesso-dos-anglo-sionistas-na.html

  11. Bom dia a todos: mais um seletivo ataque baseado na fé e na convicção (estamos muito acostumados aqui no Brazil com argumentos baseados na convicção e a total ausência de provas), Quanto a mim, tenho a plena convicção que os ataques americanos tomam todo cuidado para não dar nem um arranhãozinho em cidadãos russos em território sírio. E isso significa que o império também tem a convicção que os russos não brincam em serviço.Quanto aos sírios, bom…faz-se o possível para deter os mísseis, mas o que não der para deter, azar

  12. Pois é, fica o dito e o redito por não dito(chico buarque). Foi dessa fonte fascio-canalha que promotores se embebedaram para destroçar o país para pronta-entrega ao império terrorista. Bom pro império terrorista que não precisou gastar um dólar furado com despesas de mísseis.

Obrigado por participar na discussão!

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