Alexei Navalmy, o líder do nada

Alexei Navalny

Hoje o bom blogueiro estava alegremente a conduzir no seu lindo carrinho sintonizado nas
frequências de Antena 1, a emissora nacional portuguesa. Começa o espaço da informação e o que oiço? “Em Moscovo preso o líder da oposição”.

Seguiram-se uma série de imprecações (minhas, não da emissora). Porque nem tinha ouvido o nome e já tinha percebido: aqui no Ocidente, “o” líder da oposição é Alexei Navalny. Dado que daqui até as eleições Navalny reaparecerá com regularidade nos noticiários, vamos esclarecer uma coisa: Navalny não é o líder da oposição. Nunca foi.

As mais recentes sondagens dão Putin com uma vitória já na primeira rodada. Se em 2012 o líder tinha conseguido 63,6% das preferências, as novas pesquisas elevam esta percentagem de consentimento até 66%, com o partido comunista na casa de 20% e os liberais de Zhirinovsky a 8%. Os outros candidatos: Ghennadi Ziuganov 6%, Serghiei Mironov 2%, Grigori Iavlinski l’1% e Ksenia
Sobchak 1%. E Navalny? Surpresa: nem teria os votos para entrar no Parlamento!

Diferentes estimativas são aquelas do instituto Levada que realizou uma sondagem no início de Dezembro. Nesta, Putin ficaria com 53% dos votos (portanto bem abaixo de 66%), Zhirinovsky com 4%. E o simpático Navalny? O “líder da oposição” ficaria com um miserável 2%.

E nas sondagens anteriores a situação de Navalny era ainda pior: em Maio de 2017 o simpático líder pluricondenado (fraude) mal chegava a 1%.

Resumindo: se o problema nas eleições fosse Navalny, Putin poderia dormir descansado.
Mas o Ocidente não pára de apoiar o homem de Direita e tem prontas as explicações. Num hilariante artigo publicado em Dezembro, o New York Times afirma:

Putin não quer ser apenas o vencedor, mas o grande vencedor. Embora Navalny não seja capaz de ganhar, o efeito da sua candidatura poderia reduzir a margem de vitoria de Putin em comparação com a última eleição, e isso seria – ou parece-lhe ser- algo humilhante para Putin.

Então Putin, para ser “o grande vencedor”, elimina um candidato que, na melhor das hipóteses, chega a 2%? Mas como fazem as contas no diário americano?

Ksenia Sobchak

Outra teoria é aquela segundo a qual Navalny seria um candidato “diverso”, afastado da oposição sistémica e por isso “perigoso”. Uma teoria que esquece um pormenor: há outro candidato anti-sistema, cujo nome é Ksenia Sobchak, mulher de 36 anos com óptima visibilidade nacional (é um ex-estrela da televisão).

Ksenia participará nas eleições presidenciais de Março como a voz de todos os que estão insatisfeitos pela governação de Putin. Ksenia, segundo a sondagem acima relatada, tem 1% das intenções de votos, portanto com uma real possibilidade de aceder ao Parlamento. Contrariamente ao que acontece com Navalny, que na mesma sondagem não alcança os votos necessários. (a propósito: já viram a foto da Sobchak à direita? Digam lá se não merece o voto!!!)

Na óptica desta teoria (e também segundo as contas do New York Times) Putin deveria ficar aterrorizado com a Sobchak. Mas não, nada acontece. Esquisito, não é?

Portanto, os Leitores já sabem: quando ao longo das próximas semanas ouvirem falar do “líder da oposição” russa, lembrem-se de que estão a falar dum fulano de Direita, pluricondenado, que os Russos nem pensam em votar.

Ipse dixit.

Fontes: Money.it, Il Populista, Ticino Online, The New York Times

4 Replies to “Alexei Navalmy, o líder do nada”

  1. Porque sera?

    Sera que foi pela vacina de democracia ocidental que apanharam nos anos 90?

    Os Russos e Chineses ao contrario de nos ocidentais teem memoria de longo prazo e nao se esquecem. Alias algo que noto neles e o cuidado em manter as memorias de factos e acontecimentos, pois quem nao sabe de onde vem certamente nao sabe para onde vai,

    Nos anos 90 apos a queda da urss os Russos sentiram o que era o inferno.
    DrogaS, sida, mafiaS, guerra, corrupção em grande, terrorismo e miseria alastraram como uma praga com um presidente bebado ao comando.

    Por isso compreendo bem que sintam mais vontade em votar naquele que os tirou do inferno e restaurou o orgulho em ser Russo do que se lançarem novamente no desconhecido.

    EXP001

  2. Estranho para um português??? Pesquise sobre o regime de ROTATIVISMO, imposto em Portugal pela Coroa Britânica desde D.Carlos, base das políticas nacionais e suas repúblicas…

    1. Focou um tema de profundo interesse e praticamente desconhecido, o domínio do regime da Inglaterra sobre Portugal.

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