A Alemanha? Não, não acredito…ia tão bem!

Como é sabido, o Euro tem sido a melhor invenção da humanidade após a água com gás.

Tem destruído as moedas nacionais, quando cada País sozinho criava moeda a partir do nada, e agora todas as Nações da Zona NEuro devem financiar-se nos mercados de capitais privados para obter dinheiro (o mesmo Euro) gasto nos serviços públicos.

Dito assim até parece genial: olha os privados que pagam os serviços públicos! Pena que os privados não pagam os serviços públicos: emprestam dinheiro sobre o qual ganham juros e, desta forma, seguram para o pescoço os vários Estados (“Comporta-te mal? Olha o teu rating como baixa, olha os teus juros como sobem!”).  

Para isso, os Estados emitem Títulos no valor que precisam para cobrir as despesas e esperam que os mercados comprem tudo.

Sabemos como as coisas correram ao longo dos últimos anos: os mercados (que depois têm nomes próprios, como Goldman Sachs, JPMorgan, etc.) não confiavam nos Países mais endividados (a Dívida Pública! Horror!) como Grécia, Irlanda, Portugal, etc….por qual razão? Precisamente porque estes tinham perdido a capacidade de imprimir dinheiro e poder desta forma pagar as dívidas, como sempre tinha acontecido e como ainda acontece no Japão, por exemplo.

Então as taxas de juros subiram, e o mercado preferia adquirir os Títulos da Alemanha. Porque? Porque a Alemanha exportava muito, oferecia juros mais baixos mas também a garantia de pagar. E todos viviam felizes e contentes (bom, na Grécia ou em Portugal nem tanto).

Um dia o que aconteceu? Os sábios do Banco Central Europeu (o BCE) viram que no reino de Eurolândia o povo não era feliz. Isso não interessava muito aos sábios do BCE, pelo que ignoraram tranquilamente.

Mas depois viram que a economia não estava bem, que nem a Finança estava satisfeita e que Eurolândia arriscava ruir como um castelo de papel. E o papel qual era? O Euro!

Então começaram a imprimir mais e mais Euros, rios de Euros, um oceano de Euros…que ninguém viu. Porque acabou nos bancos privados. Mas esta é outra história. O que interessa é que esta montanha de Euro teve um efeito interessante: antes a economia da Zona NEuro ia mal, depois também (acontece quando o dinheiro é entregue aos privados…).

Satisfeitos com o insucesso, os sábios do BCE voltaram para as tocas. Mas não antes de fazer um solene juramento, com uma mão no coração e o outro na impressora: “Voltaremos para comprar os Títulos de Estado emitidos pelos Países de Eurolândia!”.

Os mercados ficaram felizes: “Aleluia, haverá dinheiro para pagar todos os Títulos”.

O que ninguém sabia é que os sábios do BCE entram em hibernação (são como os ursos, só muito menos inteligentes), pelo que desapareceram e com eles o solene juramento.

E chegamos aos dias de hoje.
Os mercados estão fartos de comprar Títulos do governo alemão, ficaram com náuseas porque já têm muitos e depois porque cheiram à chucrute (e também porque os juros dos Títulos da Alemanha agora são zero: um investimento em Títulos de Berlim após dez anos dá um interesse de 0,74%, melhor comprar um casco de bananas que dá mais satisfação).

Resultado? Eis algo que os media ocidentais parecem ter esquecido (mas é só um mero acaso, não pensem mal!): adivinhem quem hoje não consegue financiar-se integralmente nos mercados? Adivinhem que hoje não consegue vender a quantidade de Títulos necessária para cobrir as despesas? A Alemanha!

E não uma vez: é a décima vez que a Alemanha não consegue vender todos os Títulos dos quais precisa.

Mas o Euro não era um sucesso?

Ipse dixit.

Fontes: Paolo Barnard, Forexinfo, Soldi Online

One Reply to “A Alemanha? Não, não acredito…ia tão bem!”

  1. Olá Max.
    Para juntar à possível queda da Alemanha, do euro e de toda a União Europeia, será que podias dizer-nos algo sobre a presente descida acentuada do preço do petróleo e as implicações que isto pode trazer para a economia mundial.

Obrigado por participar na discussão!

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