Portugal Ano Zero

Pensamento domingueiro só para os amigos portugueses.

Um ex-primeiro ministro (Sócrates) preso por corrupção grave, enriquecimento ilícito, branqueamento de capitais.
Um ex-presidente do partido de governo (Marques Mendes) envolvido em duas investigações (Tecnoforma e Vistos Gold).
Um ministro da Administração Interna (Miguel Macedo) que se demitiu por estar envolvido numa investigação judicial.
Altos quadros da função pública (SEF, Justiça…) em prisão.

Queremos falar dos submarinos? Da Casa Pia? Do Saco Azul? Dos vários BPN, BPP, BES? Dos 12 mil milhões transferidos para os bancos privados? Dos estaleiros de Viana? Do metro do Mondego? E paramos aqui, pois ao continuar arrisco gastar o Domingo todo.

Um sistema de ensino nas mãos de alucinados.
Um sistema judicial ao colapso.
Um sistema sanitário anos-luz atrás quando comparado com a média europeia.
Uns salários bem abaixo da média europeia.
Umas reformas bem abaixo da média europeias.
Um desemprego particularmente elevado.
Polícias que pagam as próprias fardas.
Bombeiros que utilizam parte dos ordenados para pagar a gasolina.
80% da terra arável encontra-se em quase completo abandono.
Emigração, outra vez.

Pergunto: o que é preciso mais? Esperam o quê?

Eu fadigo cada vez mais a entender este povo, juro. Algumas vezes tenho a sensação de ficar mais indignado e zangado eu do que quem nasceu aqui.

Se tudo isso não chega, pensem que estamos na era da informação que viaja à velocidade da luz pelo globo todo: têm noção da figura que estão a fazer? Querem que traduza os artigos que por aí andam?

Onde escondem o respeito por vocês e o amor pelos vossos entes queridos?
Masoquismo? Auto-lesionismo? Sebastianismo? Fatalismo? Medo?
Qual a palavra certa? Afinal é o quê?

Em Espanha há o movimento Podemos; em Italia há o Movimento 5 Stelle; França, Grécia, ambas estão a assumir posições fortes em relação aos velhos regimes. Em Portugal começou a Casa dos Segredos 5.

Hoje o nº 2 do governo de Portugal é este senhor, aqui entrevistado em 1991 pela RTP:



Bom domingo.

Ipse dixit.

22 Replies to “Portugal Ano Zero”

  1. Não desespere a tentar entender este povo, Max, tudo tem uma explicação simples: demissionismo, "deixa-andar", chame-lhe o que você quiser. Enquanto isso, os corruptos lucram.

    Em Portugal também há movimentos…há o Movimento Revolução Branca e o Partido Democrático Republicano, de Marinho e Pinto. Também houve isto, que é bastante similar ao Movimento 5 Estrelas:
    http://cidadania-europeia.blogspot.pt/

    Mas praticamente ninguém sabe disto. Por deixarem andar.

  2. para quem não é português acho que até está a ver muito bem a realidade.
    e tem razão, a lista daria para ficar aqui o resto do dia. submarinos, Furacão, Monte Branco…
    lamentavelmente esse senhor do vídeo é o que mais sobe em popularidade nas sondagens.
    abraço de alguém que gostava de saber como mudar isto mas já não vê como.

  3. Eu acho que apesar de estar a passar uma imagem de corrupção para o estrangeiro, também se devia estar a pensar: "Finalmente, estes tipos estão a arrumar a casa, a limpar a corrupção dentro do que podem, a não fazer discriminação entre povo e governantes. Estão finalmente a agir, a sair do marasmo, a limpar a corrupção que os faz serem tão pobres."

    1. Juro que gostava de acreditar nisso, mas não acredito.
      A dimensão é tal que, mesmo fora do país, pessoas bem informadas dificilmente acreditarão nisso.
      Para a comunidade internacional estamos nas mãos de credores e com uma dívida brutal para pagar.
      Para quem está de fora, um país nestas condições, seja qual for a realidade, dificilmente pode ter uma imagem dessas enquanto não mudar totalmente a classe política que tem e revitalizar o tecido empresarial sem corrupção, as velhas cunhas e amizades que por cá sabemos que existem.
      Pelo contrário, acredito que esta situação com um político como Sócrates, que desempenhou o cargo que desempenhou, só vai enterrar ainda mais a nossa imagem de país que precisou de ajuda financeira externa e agora se percebe ser governado por pessoas que podem ser condenadas por corrupção e branqueamento de capitais.
      Se souberem dos restantes casos percebem que também não é com o actual governo, também eleito pelos portugueses como Sócrates, que a corrupção desaparece, a classe política se renova e o tecido empresarial aumenta.
      Gostava de acreditar que começavam aqui e não paravam até limpar isto, mas não acredito.
      E não querendo de todo antagonizar o que diz, pelo contrário, gostava de acreditar no que escreveu. Gostava mesmo.
      É triste ver ao que o país chegou e como continua.

    2. Mas você acha que lá fora não se sabia quem Sócrates era? Faziam parte da mesma corja globalista e trabalharam com ele, como é que não haviam de saber? O governo do Sócrates foi o que mais descaradamente implementou as táticas globalistas de manipulação! Até no wikileaks saiu que o governo do Sócrates contava aos EUA tudo o que fazia. Devia ser para as atividades estarem todas coordenadas. Aquele vídeo em que aparece o Sócrates numa conferência a dizer que as pessoas se deviam convencer que as dívidas dos países são eternas diz tudo…
      Lá fora, as elites devem é estar todas com medo que já se comecem a apanhar mais VIPs, mas o povo deve é estar contente…eu, pelo menos, sempre que eu vejo que um corrupto foi parado, seja em que país foi, fico contente. É mais um que já não destrói a vida às pessoas. Fiquei contente quando se descobriu a fraude de Maddoff, e quando Berlusconi foi impedido de voltar à política, para lhe dar o exemplo.
      Na Inglaterra também já começam a emergir nos media mainstream notícias inimagináveis há anos atrás, embora de natureza diferente: são notícias sobre a pedofilia existente nas elites. É motivo para nos escandalizarmos com a pedofilia, ou, já que as pessoas estão a ganhar consciência do que acontece e a apertar o cerco (ainda que pouco), rejubilarmos?
      Mas voltemos a Portugal…termino acrescentando que se havia solução eficaz, não era mandar gente para a cadeia…era ameaçar mandar para a cadeia caso não repusessem o dinheiro surripiado dentro de 24 horas. 5 minutos depois de terem ouvido esta sentença, já tinham feito as chamadas todas para as offshores todas, para fazer as transferências bancárias que fossem precisas para devolver o dinheiro.
      Isto sim, seria inteligente.

  4. Anomia!
    É esta a explicação.
    Para lhe contar como chegamos aqui, seria necessário alongar-me, resumindo o nosso percurso nos últimos 40 anos, onde houve oportunidade de construir algo muito diferente.
    Se pudesse resumir tudo uma frase, diria que o problema foi o ovo da serpente.

  5. Max, aqui no Brasil, a coisa não muda muito.
    A única diferença é:

    "Um sistema de ensino ao colapso.
    Um sistema judicial nas mãos de alucinados "

    O resto é tudo igual.

  6. Olá para todos!

    Custa-me ver este País afundar sem que haja reacção.
    Portugal provavelmente nunca voltará a ser uma potência mundial (pelo menos este cenário não é previsível agora), mas tem tudo para se tornar um País onde viver de forma tranquila.

    Todavia, o caminho escolhido pelos governo é o contrário. Pegamos na história dos vistos gold e reflectimos. Não seria melhor que num País fossem os habitantes do mesmo a investir? É preciso ir buscar os chineses, prometendo-lhe até a cidadania? Porque não implementar facilitações para os portugueses que desejam mexer no mercado imobiliário?

    Dizem" Mas a China é um grande partner comercial". Sem dúvida, mas até quando os Estados Unidos deixarem, pois Portugal faz parte de Nato: no dia em que Washington levantar a voz contra Pequim, acham que um qualquer governo de Lisboa terá a força/vontade para opor-se?

    Portugal não tinha entrado em crise por causa da Dívida Pública, que ficava na casa de 80%? E agora que ultrapassa 120%, como é possível receber as palmas de Bruxelas, tendo em conta que muitas empresas fecharam enquanto outras foram vendidas para o estrangeiro? Acham mesmo que a solvibilidade de Portugal melhorou? E por causa de quê? Das exportações? Mas é para rir? Espreitem os dados dos últimos trimestres.

    Porque não há nenhuma campanha para que a Dívida Pública seja adquirida pelos Portugueses? Não seria mais seguro estar nas mãos dos credores locais em vez que dos abutres internacionais? O Japão e a Italia, têm dívidas maiores (na casa de 200%): isso é sempre lembrado, mas raramente é explicado que a maior parte destas dívidas fica em casa, nas mãos das empresas e dos cidadãos locais.

    Porque não é adequadamente explorada a única verdadeira riqueza deste País, que é o turismo? Porque não há um único partido que encare de forma séria este problema? Sejamos sérios: neste País nada é produzido mas existe um enorme potencial turístico que só em parte é explorado. E falo por experiência pessoal, pois tive ocasião de percorrer o País de Norte à Sul. O turismo aqui é uma família (muitas vezes de reformados) que vai para o Algarve, nas praias do Alentejo ou em Lisboa e Porto. Fim.

    Quantos sabem fora (e dentro…) de Portugal que os restos arqueológicos aqui são entre os melhores do mundo? Se falarmos da pré-história, a riqueza é espantosa (superior, por exemplo, a da Italia).

    O Gerês? Esqueçam o Gerês, há milhares de Gerês para o mundo fora, mas visitam o estrangeiro alguma vez? Apostem na exclusividade, no Manuelino, no Barroco, nos Templários…a propósito: Portugal é riquíssimo neste sentido, sendo o único País onde os Templários foram abolidos só de nome. Entrem numa livraria, vejam a quantidade de livros escritos no estrangeiro acerca desta Ordem: é uma história que fascina!

    Portugal, que tem uma pérola como Tomar (só para fazer um exemplo) aposta em quê? Nas praias do Algarve. O Algarve??? Mas já viram a Costa Brava, na Espanha, os preços e os serviços que oferecem?

    Ops, tenho que jantar…

    1. A palavra é Fado!
      Se os movimentos cívicos noutros países da Europa, resultarem em algo positivo para os cidadãos, em Portugal irão surgir concerteza dezenas ou mesmo centenas de movimentos semelhantes. Até lá, tudo na mesma.

      Krowler

    2. O problema de Portugal começou em 1986, com a entrada na União Europeia…

      Saimos de um regime ditatorial e 12 anos depois fomo-nos por num ainda pior…

  7. EXP001

    " E paramos aqui, pois ao continuar arrisco gastar o Domingo todo."
    Só o Domingo ????
    Max erraste por defeito. Em Itália existe a mafia mas por aqui a coisa não é melhor

    Espreitem o link que deixo
    http://apodrecetuga.blogspot.pt/
    O problema e que quase ninguem se da ao trabalho mesmo quando tem muita informação escarrapachada diante o focinho

  8. Max, os vistos Gold não dão a nacionalidade a ninguém. Apenas permissão de residência.
    Existem noutros países sem este alarido de virgens ofendidas na sua honra. Por exemplo nos EUA, Canadá, França, Reino Unido.
    Na realidade, os Vistos Gold já fizeram entrar na economia mais de mil milhões de euros.
    Portugal acolhe anualmente alguns milhares de estrangeiros oriundos sobretudo do antigo Ultramar, a quem atribui vistos de permanência e que acabam quase todos em posterior oferta de nacionalidade. Na sua maioria são indigentes. Vêm em busca de uma vida melhor ou para integrar a pequena criminalidade das periferias das cidades.
    Isso nunca foi um problema. Porque os vistos Gold são tão mal “vistos”?
    Se vierem viver do RSI e receber casa camarária não há problema. Se trouxerem dinheiro é que nos devemos horrorizar…
    Trata-se de pura política. Demagogia da boa. A medida em si é positiva. Acabar com os vistos não é solução. Ninguém pensa em acabar com a compra de armamento, de aviões, submarinos, produtos farmacêuticos, etc, só porque há casos de corrupção muito significativos associados a esses negócios.
    Portugal está minado pela corrupção, mas também pela incompetência nos cargos públicos. A compra de votos que começa nas autarquias e termina ao mais alto nível.
    O regime permite a ascensão de gente sem preparação nem escrúpulos aos mais relevantes cargos do Estado e empresas públicas. O cartão partidário substitui a competência, a cunha em vez do mérito.
    Suponho que existe um pouco por todo o mundo, com maior ou menor expressão, sendo que os países latinos têm uma aptidão especial para estes desvios.
    Há muitas problemáticas a resolver em Portugal, para que possamos reorganizar o Estado e começar a funcionar de novo com outros objectivos. Retomar o nosso caminho como nação.
    Contudo, com este leque de partidos políticos e infiltrações maçónicas e ideológicas na sociedade e nas cúpulas do poder judicial, não está para breve.

    1. Olá Anónimo!

      Continuo a pensar que antes de favorecer a importação de capitais estrangeiros seria preciso favorecer o enriquecimento local ou, pelo menos, criar as condições para que isto aconteça.

      Qual o sentido em retirar poder de compra aos cidadãos e depois ir buscar investidores no estrangeiros? Porque não"criar" investidores portugueses? Tentamos ter uma visão de médio/longo prazo, sff.

      "os Vistos Gold não dão a nacionalidade a ninguém. Apenas permissão de residência"

      Após a residência (que é renovada de forma simplicíssima), chega a cidadania: sei isso pela simples razão que é a minha condição (poderia já pedir a cidadania dado que fiz 2 renovações da residência).

      "Porque os vistos Gold são tão mal “vistos”?"

      Interessante, pois poucas linhas depois escreve:

      "Portugal está minado pela corrupção, mas também pela incompetência nos cargos públicos. A compra de votos que começa nas autarquias e termina ao mais alto nível.
      O regime permite a ascensão de gente sem preparação nem escrúpulos aos mais relevantes cargos do Estado e empresas públicas. O cartão partidário substitui a competência, a cunha em vez do mérito"

      Então pergunto: os tais 1.000 milhões de Euros frutos dos Vistos Gold serão geridos por quem? Pelos mesmos corruptos e incompetentes dos cargos público? Os que compram os votos? Os sem escrúpulos?

      Seria bom poder comparar a situação económica de EUA, Canadá, França ou Reino Unido com aquela de Portugal. Mas a verdade é um ligeiramente diferente e a maioria das pessoas vê nos vistos:
      – uma forma de facilitação da qual podem usufruir os estrangeiros enquanto os que nasceram aqui são mantidos segundo a receita "lágrimas e sangue".
      – uma fonte corrupção

      "Importar" dinheiro estrangeiro numa altura em que são construídas as bases para uma evolução do País faz todo o sentido pois cria uma dinâmica positiva que até pode tornar-se auto-sustentável e recíproca no longo prazo. Foi o que fez a Irlanda ao longo dos anos '80 e '90 e é por isso que saiu da crise da Dívida com relativa rapidez.

      "Importar" enquanto o País é empobrecido e são cortadas as possibilidades de desenvolvimento (ver os orçamentos para a educação) significa apenas vender para sobreviver.

      Não é esta uma política séria, não é disso que Portugal precisa.

      Abraço!

  9. Max, vamos ser realistas. O combustível da economia é o dinheiro.
    Como se favorece o enriquecimento local num país em bancarrota, onde o PIB só é suficiente para satisfazer o serviço da dívida e para as prestações sociais?
    É esse o ouro do alquimista.
    Resta pouco para que se possa fazer investimento público e que este não volte a ser improdutivo como anteriormente, na escala agora possível. A nossa economia é estruturalmente deficitária e o governo tem dificuldade em reduzir o peso do Estado porque a nossa Constituição diz que vamos a caminho de uma sociedade socialista e garante emprego para toda a vida aos funcionários do Estado, que é o maior empregador do país.
    O que retirou poder de compra ao cidadão foi a má governação e o descalabro em que o país caiu. Obra pública, a maioria das vezes inútil, à custa de dívida.
    O que este governo tem vindo a fazer é cumprir o programa de ajustamento assinado pelo governo anterior. Felizmente conseguiu melhorar algumas condições. Mas, recuperar de uma bancarrota faz-se com sacrifícios.
    Não sou economista, mas nunca vi apontar o aumento da despesa pública e o incumprimento do contrato com os credores como caminho possível. Isso resultaria no fim do financiamento externo e na rápida rotura de tesouraria. Ao fim de mês e meio, o Estado não conseguiria pagar salários e pensões. Além de que não é sério assinar contratos, receber benefícios e faltar aos compromissos assumidos. Perderíamos todo o crédito externo. Teríamos que cunhar moeda e passaríamos por um período muito mais exigente. A população não merece tal punição.
    Andam aí uns pardais a dizer que há outro caminho, mas sempre sem apontarem qual é. A melodia que entoam já é conhecida. Deu 3 bancarrotas em 40 anos de regime.
    Max, a corrupção que existe em Portugal nada tem a ver com Vistos Gold que são uma medida recente. Podia explicar-lhe de onde vem, o que a facilita, além da natureza das pessoas e da sua ambição, claro. Isso levava-nos a escrever comentários longuíssimos. Tem a ver com a natureza deste regime, muito semelhante à I República e com a substituição dos valores tradicionais por um conjunto vazio a que chamam ética republicana.
    Os mil milhões não são geridos por ninguém. São dinheiro directamente aplicado à economia e onde o Estado retira os impostos legais correspondentes.
    De uma vez por todas, os Vistos não são venda de coisa nenhuma. E repito, entram milhares de indigentes todos os anos a quem não negamos nacionalidade, casa, Segurança Social e RSI.
    Porque razão discriminaríamos os que trazem mais-valias?

    Abraço

    1. Olá Anónimo!

      Entendo as suas simpatias para o actual governo, todavia aqui costuma-se raciocinar fora dos esquemas partidários. Digo isso porque a frase: "O que este governo tem vindo a fazer é cumprir o programa de ajustamento assinado pelo governo anterior" é bastante esclarecedora, não sendo o reflexo do que se passou, como sabe. Nada de mal nisso, que fique claro, só que não estou interessado neste assunto que é extremamente limitativo.

      "Não sou economista, mas nunca vi apontar o aumento da despesa pública e o incumprimento do contrato com os credores como caminho possível"

      Nem eu sou economista, todavia temos os livros, internet e as trocas de ideias com quem sabe mais do que nós. Então fica mais simples perceber como a Despesa Pública nunca foi um problema, não apenas em Portugal mas em nenhum País do mundo. Tornou-se um problema na altura em que Portugal perdeu a soberania monetária, aliado, sem dúvida, a uma péssima gestão do dinheiro público e à crónica (mas não inocente) falta de produtividade.

      Mas não posso num curto comentário explicar as razões disso: são mais de 4 anos que tratamos do assunto aqui no blog, muito graças ao debate que está em curso na blogosfera italiana e que vê a participação de economistas locais e internacionais.

      A única coisa que posso fazer neste pequeno espaço é um convite: ir além das informações que podem ser adquiridas na imprensa mainstream portuguesa ou fornecidas pelo sistema partidário, pois estas são apenas a expressão duma visão excepcionalmente limitada e funcional.

      Aqui, no blog, pode encontrar muitos artigos acerca do como e porque a Dívida nunca foi um problema. Pelo contrário, bem haja ela (quando bem gerida, como é claro). Esta, por exemplo, não é uma ideia minha porque, como já lembrado, eu não sou economista: mas há Nóbels da Economia nisso (Krugman, Stiglitz, Roubini), históricas escolas de pensamentos (Keynes) e exemplos reais (faz ideia de quanto é a Dívida italiana ou japonesa? Porque ainda não faliram?).

      Se a ideia for que o Estado "pesa" demais, que o Livre Mercado deve ser ainda mais livre e que a Dívida é um horror, então sim, tudo faz sentido, até cortar os salários das pessoas e procurar esmolas no estrangeiro. Se a ideia for que a soberania monetária for uma excepcional arma de desenvolvimento nas mãos dum País, mesmo com recursos e produtividades limitados como é o caso de Portugal (que já não a tem), então tudo muda.

      Abraço!

    2. Olá Anónimos,
      Era interessante que arranjassem um nick para se saber qual o anónimo que está a escrever e assim acompanhar o seu raciocínio, senão às tantas fica difícil ligar os pontos.
      Relativamente ao comentário acima, este está de acordo com uma linha de pensamento muito comum e que à primeira vista até faz sentido, desde que se aceitem como válidos os pressupostos em que assenta o nosso modelo de sociedade.
      Assim temos de aceitar como válido:
      1- O direito de alguns privados enquanto principais accionistas dos Bancos Centrais de imprimirem quanto dinheiro quiserem.
      2 – A primazia de direito desse grupo de grandes investidores, sobre todos os cidadãos no que concerne ao cumprimento da dívida.
      3 – A existência de offshores.
      4 – A existência de Agências de Rating em que os seus accionistas são os mesmos dos grandes grupos financeiros.
      5 – A existência de derivativos financeiros que nada servem a economia, e que são antes o produto de psicopatas que encaram a economia como um jogo.
      6 – A apropriação selvagem de todos os recursos do planeta à conta do incumprimento da dívida, a qual é 'trabalhada' para não poder ser cumprida.
      7 – A desigualdade no pagamento de impostos entre as grandes corporações e os cidadãos, como recentemente veio a lume com o esquema do Luxemburgo.
      8 – O comportamento fraudulento dos agentes do sistema financeiro ( BES, BPN, BPP, ….., Leehman Brothers, AIG, Goldman Sachs, …., casos como Euribor, Subprime, CDS's CCO's, CCS's,…, ataques especulativos aos países como por ex. Islândia, Irlanda do Norte, Grécia, Portugal, Chipre etc.,…, manipulação das Bolsas de Valores como as transacções em alta frequência etc., … Primary Dealers, Dark Pool's etc., etc.) Se alguém quiser continuar com esta lista aceitam-se voluntários. Aviso que correm o risco de passar muito tempo a teclar.
      Sendo o dinheiro o combustível da economia ele está em muito más mãos.
      A lista podia continuar mas fico por uma pergunta:
      Alguém por aqui conhece algum país que não tenha dívida pública?

      Krowler

    3. Sim, há um!!!

      Segundo os dados do FMI é o Brunei, o pequeno sultanado mergulhado no petróleo.
      Depois havia a Líbia antes de 2011, mas já foi.

      Todos os outros Países do mundo têm Dívida Pública.
      Os únicos Países com Dívida abaixo ou perto do 3% (a meta europeia) são a Coreia do Norte (0.4%) e a Libéria (3.3%), Estados assustadoramente ricos.

      No geral, os Países com uma Dívida baixa são:
      – ou grandes produtores de petróleo (Oman 4.4%, Kuwait 6.4%, Arábia Saudita 12.9%)
      – ou Países terrivelmente ricos (Guiné Equatorial 4.3%, Wallis e Futuna 5.6%, Estónia 6%).

      Dado que por aqui não há petróleo, no futuro Portugal pertencerá à segunda categoria.

      Abraçoooo!!!!

  10. VOTAR EM POLÍTICOS NÃO É (NÃO PODE SER) PASSAR UM CHEQUE EM BRANCO!!!
    .
    .
    -> Mestres Anti-Austeridade [com o silêncio cúmplice de (muitos outros) mestres/elite em economia] enfiaram ao contribuinte autoestradas 'olha lá vem um', estádios de futebol vazios, nacionalização do BPN, etc, etc, etc…
    —» Bom, ora, como é óbvio, quem paga (vulgo contribuinte) não pode continuar a ser 'comido a torto e direito'… leia-se: quem paga (vulgo contribuinte) deve possuir o Direito de defender-se!!!
    .
    -» Votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco… isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos… só que depois… a 'coisa' terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
    —> Leia-se: deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
    [ver blog 'fim-da-cidadania-infantil'].
    NOTA: o contribuinte agradece que sejam apresentadas propostas/sugestões que possibilitem uma melhor gestão/rentabilização dos recursos disponíveis… ou seja: em vez de propostas de aumentos… apresentem propostas de orçamentos!
    .
    .
    .
    P.S.
    Uma opinião um tanto ou quanto semelhante à minha:
    Banalidades – jornal Correio da Manhã:
    – o presidente da TAP disse: "caímos numa situação que é o acompanhar do dia a dia da operação e reportar qualquer coisinha que aconteça".
    – comentário do Banalidades: "é pena que, por exemplo, não tenha acontecido o mesmo no BES".

  11. A um dos anónimos :Madoff foi tramado pela goldman. Ver net e até imprensa dita séria. Alguém tinha que ser o bode expiatório.
    Krowler e Max e alguns anónimos. Particularmente o post do Krowler.
    Parabéns.
    Já o meu pai me dizia, quando lhe falava justamente em aproveitar e bem o turismo: Filho eles nem para isso possuem capacidades intelectuais e já cá não devo estar para ver mas vai cair num pântano. E quem vai pagar és tu o teu irmão e principalmente o teu sobrinho. E vais ver que piores que os que lá estão outros virão, aliás os de cá recebem ordens de fora…. Isto em 2006.
    Nuno

  12. Será o intercâmbio cultural e administrativo com o Brasil ?
    Ou será a Nova Ordem Mundial, "prevaricar" com todos os governos de países incautos?

Obrigado por participar na discussão!

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