O exército privado da Monsanto

Faltava algo à Monsanto. Produzir venenos para a agricultura, alterar o DNA das planta cultivadas,
tudo bem, são coisas que dão satisfação. Mas havia algo, como uma nota desafinada…

E eis que este “algo” aparece, para completar a obra-prima: um pequeno exército. E não um qualquer, mas o mais famigerado exército privado do planeta: Blackwater.

Da Monsanto nem vale a pena falar. Sabemos que controla a distribuição de alimentos em metade do planeta, partilha activos e actividades com grandes empresas de farmacêutica, armas nucleares e biológicas, mais recentemente inseriu-se no novo jogo da vacina para o vírus Ébola.

Mas quem é a Blackwater?
Como afirmado, a Blackwater é um pequeno exército privado, nomeadamente o maior exército mercenário do mundo. Anteriormente denominada como Xe Services e hoje como Academi, a mais familiarmente conhecida Blackwater é o exército privado perfeito para a defesa das grandes corporações.

Tem um serviço de espionagem, manchou-se de muitos crimes e violações da lei (em especial durante o conflito no Iraque, onde mercenários da Blackwater foram acusados ​​de ter levado a cabo massacres contra civis), trabalha em vários teatros de operação, no Médio Oriente e na África. É o principal contractor privado do Departamento de Estado dos EUA, ideal para operações “sujas” que não podem ser executadas pelas forças oficiais do governo.

As ligações entre CIA e Blackwater são fortes: muitos ex (?) funcionários da CIA e ex-militares trabalham na empresa ou numa das associadas; estes mercenários vendem os seus serviços que vão desde a recolha ilegal de informações até as técnicas de infiltração, lobby políticas, treino paramilitar em nome de governos, bancos e corporações multinacionais.

Conforme relatado pelo jornalista Jeremy Schaill numa investigação para o diário The Nation, existe uma corrente que liga os negócios da Monsanto com a empresa petrolífera Chevron e os gigantes financeiros Barclays e Deutsche Bank; esta corrente passa através dos contratos para duas outras empresas, Total Intelligence Solutions (TSI) e Terrorism Research Center (TRC), ambas de propriedade de Erik Prince, dono da Blackwater.

Mais: estas duas organizações compartilham oficiais e diretores com a Blackwater.

Um dos diretores, chamado J. Cofer Black, tornou-se famoso pela sua brutalidade quando era diretor do contra-terrorismo da CIA e foi ele que contactou a Monsanto já em 2008, estando na altura à frente da TSI. Monsanto desejava utilizar os seus serviços para espionar e infiltrar as organizações para a proteção dos direitos humanos, dos animais e contra os produtos transgénicos, além de exercer o controle sobre outras empresas que lidam com biotecnologia e fármacos.

Schaill tem entrado na posse da correspondência electrónica de Kevin Wilson, gerente da Monsanto: este antes recusou comentar a investigação do jornal, enquanto mais tarde negou ligações entre a sua empresa e a TSI, afirmando que a Monsanto tinha contactado a TSI em 2008 e 2009 apenas para criar um database dos adversários.
Todavia, na cópia das e-mails enviada para agentes da CIA, é o mesmo Wilson que enfatiza o papel da TSI como “braço operativo” para espiar outras empresas e infiltrar agentes nos grupos adversários. A Monsanto pagou Blackwater 127.000 Dólares em 2008 e 105 mil em 2009 para estes serviços.

Tudo isso não deve surpreender: no passado a Monsanto produzia venenos tóxicos, como o “Agente Laranja” (usado pelos EUA no Vietnam), substâncias PCBs (bifenilos policlorados), pesticidas, hormonas, sementes geneticamente modificadas e, como referido, participa de forma indirecta em empresas que produzem armas nucleares.

Onde o mercado da Ciência encontra a morte, aí podemos encontrar a Monsanto. Portanto, Blackwater é o natural complemento dela.

Como nota final, lembramos que a Fundação Bill e Melinda Gates adquiriu 500.000 acções da
Monsanto em troca de 23 milhões de Dólares. Normal: Bill Gates é um filantropo, controla mais de 90% do mercado de patentes informáticas, promove e apoia campanhas de vacinação; Monsanto controla 90% do mercado mundial das sementes transgénicas e uma boa fatia do mercado dos medicamentos (com a Pfizer, via Pharmacia & Upjohn).

Difícil encontrar outro monopólio destas dimensões.
E ainda há quem chame isso “Capitalismo”.

Ipse dixit. 

Fontes: Il Fattaccio, Controinformazione, Political Blindspot, The Nation, Wikipedia (versão inglesa)

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