O gás da Palestina

Entre as várias motivações que israel apresenta para tentar justificar o massacre perpetrado na
Palestina, há também uma menos conhecida.

Não é apenas a incompatibilidade entre as ambições expansionistas dos israelitas e a resistência palestiniana. O que está em jogo no conflito que inflama a região devastada pela guerra é também (se não sobretudo) o acesso a alguns recursos “estratégicos” acerca dos quais os meios de comunicação ocidentais não gostam falar.

O primeiro recurso é a água. Mas há outro, ainda mais importante em termos geopolíticos. São os enormes reservatórios naturais de gás localizados ao largo da costa da Palestina. Porque israel tem a intenção de colocar as suas mãos sobre eles, custe o que custar.

O maior desses depósitos é o Leviathan, que, juntamente com Tamar (ambos localizados na região do Mediterrâneo Oriental: o Tamar é parte do Leviathan) poderia fornecer energia barata ao longo de pelo menos um século. Ambos os depósitos são disputados por israel e o Líbano, e não é possível excluir que os ataques anteriores organizadas por Tal Aviv contra o País vizinho estivessem motivados também pelo desejo de adquirir a hegemonia em termos de exploração.
Depois há dois reservatórios menores, Marine 1 e Marine 2 (sempre no interior do Leviathan), que estão localizados a trinta milhas ao largo de Gaza. Dois “cofres” que no passado 2 de Junho os Palestinianos tentaram abrir, envolvendo-os em negociações com a russa Gazprom, com o fim de autorizar a exploração.

Reparem nas datas: no dia 2 de Junho começam as negociações entre a Palestina e a Gazprom, no dia  e 12 de Junho três rapazes israelitas são raptados e mortos, no dia 8 de Julho começa a operação Protective Edge, o massacre ainda em curso. Tudo no prazo de pouco mais de um mês.

Uma teoria absurda? Sim, sem dúvida.
Mas vamos recapitular a história destes depósitos de gás.

Em 1999, a Autoridade Nacional Palestiniana já tinha assinado um acordo para a exploração das jazidas, com o British Gas Goup e as empresas conectadas, atrás do qual estava a Câmara de Comércio e da Industria do Líbano.

Era um acordo no limite do colonialista, que garantia ao longo de 25 anos 90% das receitas para os investidores e apenas 10% para o Estado da Palestina. Um acordo fortemente desfavorável mas mesmo assim interessante, tendo em conta as desastradas finanças do pequeno país: teria garantido uma receita fiscal à nascente Palestina e os primeiros compradores do gás teriam sido os israelitas, no meio de uma crise energética.

Parecia que finalmente Gaza estivesse na posse duma alavanca de pressão eficaz para reequilibrar a sua relação com Tel Aviv.

Dois anos depois, em 2001, o primeiro-ministro israelita Ariel Sharon põe em discussão a soberania da Palestina sobre os depósitos naturais, declarando à imprensa:

Nós nunca aceitaremos a compra de gás da Palestina

Começou nesse momento um impasse diplomático com israel que recusava importar o gás e o governo britânico de Tony Blair, que lhe deu razão, colocando pressão sobre a British Gas para esta desistir do projecto.

Até que, em 2007, israel concordou em comprar gás palestiniano, desde que as receitas não acabassem nas mãos da Palestina. Ou seja: ultrapassou o Estado soberano ao qual pertenciam os depósitos e pediu que a British Gas rasgasse o contrato e bombeasse o gás directamente para Tel Aviv. Uma espécie de “anexação” sem declaração de guerra.

As negociações internacionais prosseguiram até Dezembro de 2008, quando israel lançou a “Operação Chumbo Fundido” (no dia 27).

Deve ter sido uma outras coincidência.

Ipse dixit.

Fontes: Il Primato Nazionale, Wikipedia (versão inglesa)

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