Sarkozy: entre Líbia e Venezuela

O marido de Carla Bruni, que como passatempo tinha a Presidência da França, está preso: a acusação nasce da investigação acerca do financiamento recebido durante a campanha que levou Nicolas Sarkozy (este o nome do indivíduo) ao Elysee em 2007.

A história é complexa: o que terá feito o ex-agente da CIA (“ex”?) e ex-presidente da França?

Seriam cinquenta milhões os Euros desembolsados ​​por Muammar Khadafi para apoiar o simpático Nicolas na campanha eleitoral: o acordo é apenas um dos cadáveres no armário do ex-presidente.

Os fantasmas líbios, sempre negados com indignação pelo interessado, reapareceram com a captura de ontem. Nos telefonemas interceptados e nas pressões sobre um juiz, o ex-chefe de Estado estava preocupado com as investigações sobre os supostos fundos de Khadafi. Por enquanto nada acerca da Venezuela (Sarkozy tentou assassinar Hugo Chavez também), mas o caso-Líbia chega e sobra.

Nicolas e o Coronel

O primeiro a acusar Sarkozy de aceitar os milhões de Tripoli tinha sido Saif al-Islam, filho do Coronel, três dias antes do ataque da NATO contra a Líbia. Em 25 de Outubro de 2011, o ex-primeiro-ministro do País, Baghdadi Ali al-Mahmoudi, que tinha fugido para a Tunísia e sucessivamente foi preso, admitiu durante um interrogatório:

Eu pessoalmente supervisionei o dossier do financiamento da campanha de Sarkozy.

Um ano após o ataque da NATO, é descoberto que Brice Hortefeux, que se tornou ministro no governo do presidente Sarkozy, tinha fechado o acordo no dia 06 de
Outubro de 2006 numa reunião com Abdullah Senussi, irmão do Coronel, e
com o traficante de armas Ziad Takieddine.

O acordo encontrava-se entre
os documentos assinados por Mussa Kussa, então chefe da inteligência
líbia e hoje refugiado no Qatar. O dinheiro foi secretamente pago por
Bashir Saleh, chefe de gabinete do Coronel. A história foi confirmada
por Moftah Missouri, o intérprete pessoal do Coronel líbio.

Sarkozy costumava acolher Khadafi em Paris como o “líder irmão”. Uma posição incómoda na altura em que a NATO atacava a Líbia: alem do envolvimento num financiamento ilícito ao longo duma campanha eleitoral francesa, o relacionamento com o “irmão líder” tinha-se tornado algo que era preciso limpar.

No dia 20 de Outubro de 2011, quando Khadafi foi identificado e capturado, de imediato foi “justiçado” com um golpe de misericórdia. História muito estranha: um Khadafi vivo e julgado pelo Tribunal Internacional teria representado um golpe publicitário não indiferente, um verdadeiro triunfo da NATO. Mas nos dias anteriores houve várias missões tácticas de pelo menos 9 helicópteros na região da Sirte (onde estava escondido o Coronel), 8 dos quais franceses, com objectivos bem definidos.

O fim de Khadafi começou com um telefonema para Damasco, feita a partir do seu dispositivo satelitar interceptado pela NATO. Os pilotos dos caças franceses e um Predator dos EUA forneceram informações contínuas sobre a coluna do Coronel que encontrava-se em fuga.

Afirma uma fonte do diário italiano Il Giornale:

A impressão é que, após o primeiro grupo de revoltosos que capturaram Khadafi vivo, chegou um segundo grupo que sabia exactamente o que fazer e tinha ordens precisas para eliminar os prisioneiros.

Uma parte dos revolucionários queria levar o Coronel para a cidade de Misrata, como evidenciado pelos gritos nos vídeos gravados a partir dos telemóveis. Mas alguém do segundo grupo aproximou-se de Khadafi e matou assim o Coronel que já sangrava: um só tiro na cabeça, no meio da confusão.

Meses mais tarde, Mahmoud Jibril, que foi primeiro-ministro interino após a queda do regime, confirmou à TV egípcia:

Um agente estrangeiro misturado aos revolucionários matou Khadafi

Muammar Gaddafi, no entanto, não teria sido o único chefe de Estado “incómodo” aos olhos de Sarkozy.

Nicolas e monsieur Bouquet

Em 29 de Dezembro de 2012, o ministro venezuelano dos Serviços Penitenciários, Iris Varela, anunciou via Twitter a expulsão do francês Frederic Laurent Bouquet.

Bouquet tinha sido preso no dia 8 de Junho de 2009, em Caracas, juntamente com três cidadãos dominicanos, enquanto se encontrava na posse de um verdadeiro arsenal:

  • 500 gramas de explosivo C4
  • 14 espingardas de assalto (incluindo 5 com mira telescópica, com ponteiro laser e uma com silenciador)
  • cabos especiais
  • 11 detonadores electrónicos
  • 19.721 cartuchos de diferentes calibres
  • três pistolas
  • quatro espingardas de diferentes calibres
  • 11 rádios
  • 3 walkietalkie
  • cinco espingardas calibre 12
  • dois coletes de protecção
  • 7 uniformes militares
  • 8 granadas
  • uma máscara anti-gás
  • uma faca de combate
  • 9 granadas de artilharia.

O necessário para uma pequena guerra.

Como era difícil afirmar ser apenas um amante da caça, Bouquet confessou ter sido treinado em israel, de fazer parte da DGSE (a inteligência militar francesa), e de ter participado no projecto para assassinar o presidente Chávez.

A expulsão ocorreu no fim da pena de prisão de quatro anos. Segundo o site de informação francês Rede Voltaire, é provável que a ordem para matar Hugo Chávez tivesse sido dada pelo próprio Nicolas Sarkozy que, após o fracasso, teria fornecido uma compensação substancial ao governo venezuelano.

Isso explicaria o silêncio mantido pelas autoridades até agora sobre a questão de Caracas.

Ipse dixit.

Fontes: Il Giornale, Nexus, Rede Voltaire

3 Replies to “Sarkozy: entre Líbia e Venezuela”

  1. O marido da Carla Bruni preso?!!!!!
    Está a mudar alguma coisa em França que me passou despercebida?

    Krowler

  2. Sarcozy sempre foi e será um fantoche insignificante, cujo grande atributo é levar a palma da capacidade de traição. Seguramente andou fazendo alguma "coisa errada" para os verdadeiros patrões. É bem provável que qualquer dia fique gravemente doente e a modelo acabe viúva, coisa que já deveria ter previsto para arriscar tão pegajosa união. Abraços

  3. Olá Krowler, olá Maria!

    O marido de Carla Bruni de certeza cometeu alguns erros. Possivelmente (mas esta é só uma hipótese) construiu uma rede de influências que não passou despercebida e que ameaçava tornar-se algo demasiado importante.

    Foi o mesmo com o político e ex-presidente da equipa do Marselha, Bernard Tapie, que antes declarou apoiar Strauss-Khan e a seguir (em 2007) Nicolas Sarkozy. Tapie passou 8 meses na prisão, Strauss-Khan também passou uns tempinhos atrás das grades, Sarkozy ainda está preso.

    Moral: quando Tapie vos apoia, melhor procurar um esconderijo já.

    Grande abraço!!!

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: