Oriente Médio: os radicais islâmicos ao serviço dos EUA

Os membros do Estados Islâmico do Iraque e do
Levante (SIIL ou ISIL) foram formados em 2012 por instrutores americanos que trabalhavam numa base secreta na Jordânia: isso de acordo com as informações de funcionários jordanos.

Os funcionários afirmam que dezenas de membros do SIIL foram treinados como parte do apoio secreto aos rebeldes que lutam contra o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad. O treino, especificam as fontes, não foi realizado para ser sucessivamente utilizado em futuras campanhas no Iraque. Mas é isso que se passa.

Teoricamente, antes do treino, todos os membros do SIIL foram anteriormente controlados para verificar possíveis ligações com grupos extremistas, como a Al-Qaeda.

A notícia não é nova: em Fevereiro de 2012, o site americano WND tinha sido o primeiro a relatar que Estados Unidos, Turquia e Jordânia estavam na posse duma base de treino para os rebeldes sírios, na cidade de Safawi, perto do deserto que fica no Norte do País. Esta notícia foi posteriormente confirmada por numerosos outros relatórios.

Em Março de 2013 foi o semanal alemão Der Spiegel que relatou os norte-americanos como “donos” dum campo de treino para os rebeldes sírios. O semanal não consegui descobrir se o campo pertencia ao exército dos EUA ou a grupo privado americano, mas a revista disse que alguns dos organizadores e dos instrutores usavam uniformes. A formação na Jordânia estava focalizada no uso de armas anti-tanque.

Sempre segundo o Der Spiegel, eram cerca de 200 as pessoas que receberam formação, parte dum plano mais abrangente que incluía 1.200 rebeldes treinados em dois campos no Sul e no Leste da Jordânia.

Na Grã-Bretanha, o diário The Guardian também informou acerca dos especialistas americanos que ajudavam os rebeldes sírios na Jordânia, juntamente com instrutores britânicos e franceses.

Como referido pela Reuters, o porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos não quis comentar a reportagem da revista alemã, enquanto o Ministério do Exterior da França e os Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa da Grã-Bretanha recusaram qualquer declaração.

Voltando aos funcionários jordanos, estes falam da violência sectária actualmente presente no Iraque e manifestaram preocupações sobre uma possível invasão da Jordânia e da Síria também. São manifestações não descabidas de fundamentos, pois o mesmo SIIL publicou no Youtube um vídeo no qual ameaça até atingir a Jordânia e o Rei Abdullah, visto como um inimigo do Islão.

Actualmente o SIIL é financiado pela Arábia Saudita, verdadeira força motriz que apoia o grupo ligado à Al-Qaeda. Segundo uma fonte xiita, pelo menos um dos actuais campos de treino do SIIL fica nas proximidades da Base Aérea de Incirlik, perto de Adana (Turquia), onde há pessoal e equipamentos americanos.

Seriam milhares os combatentes de SIIL que transitaram da Turquia para o Iraque via Síria, para juntar-se ao esforço que tem como objectivo estabelecer um califado sujeito à lei islâmica.

Estamos perante um jogo duplo (e nem novo) dos Estados Unidos, que exploram a situação de caos e terror vivida no Iraque para tentar derrubar o governo de Al-Maliki: o fim é substitui-lo com alguém mais “conveniente” para os grupos do poder militar e industrial americanos.

O Islão radical, portanto, acaba mais uma vez por ser uma ferramenta funcional para os objectivos de Washington: controle e desestabilização geopolítica do Oriente Médio.

O objectivo aparente deste cenário é o desaparecimento do Estado nos Países onde a “revolução democrática” foi imposta pelos bombardeios ou golpes dirigidos a partir de Washington, Londres, Riad e, por vezes, Paris.

A “estabilidade desestabilizante” actuada pelas potências ocidentais, em colaboração com as petromonarquias do Golfo, provocou o ruir dos regimes seculares na
Líbia, no Iraque, no Corno de África e na África Central. Operou contra
os regimes na Tunísia e no Egipto.

O resultado foi a “balcanização” do
Iraque em três cantões (sunita/SIIL, curdos no Norte, os xiitas no Sul);
a secessão do Sudão; falhou, por enquanto, na tentativa de desintegrar a
Síria; mas deixou incólume as monarquias petrolíferas do Golfo.

O império do caos nos Países periféricos permite jogar com mãos livres o xadrez da competição global entre os vários pólos, determinando pontualmente os espaços de paz e aqueles de conflito. Atrás disso é possível vislumbrar a energia, a guerra para os corredores estratégicos e os óleo/gasodutos (Nabucco contra South Stream, por exemplo).

Ipse dixit.

Fontes: WND, Reuters, The Guardian, Global Research

5 Replies to “Oriente Médio: os radicais islâmicos ao serviço dos EUA”

  1. Noticia fresca:
    'O Presidente norte-americano, Barack Obama, pediu hoje ao Congresso para aprovar uma ajuda financeira de 500 milhões dólares destinada a “treinar e equipar” os rebeldes sírios que combatem o Presidente Bashar al-Assad.

    “Estes fundos ajudarão os sírios a defenderem-se, a estabilizar as áreas sob o controlo da oposição, a fim de facilitar a prestação de serviços essenciais, e para combater as ameaças terroristas e facilitar as condições para uma solução negociada", argumenta a Presidência norte-americana, preocupada com a influência dos extremistas sunitas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante na Síria e no vizinho Iraque, noticia a AFP.'
    Fonte: http://www.ionline.pt/artigos/mundo/obama-pede-ao-congresso-apoio-500-milhoes-dolares-aos-rebeldes-sirios

    Krowler

  2. Olá Max, Krowler e demais interessados no tema: não percam a leitura do artigo de Michael Schwartz de 26 de junho no Redecastorphoto. Chama-se: A nova guerra do petróleo no Iraque. Resume com competência a história recente do país. Abraços

  3. Falta pouco para a dominação total do planeta. Minha curiosidade é saber o que farão após atingir tal objetivo…espero ter me transformado numa árvore…

  4. Bomb them bomb them keep bombing again and again. Oh and show some balls.
    Fox news no seu melhor:

    http://youtu.be/Q2FSMvrlUlY

    Russell "Brand"* por muito "excêntrico" que seja se ligarem para acessórios (muitos ligam se for um "analista" engravatado realmente tem mais credibilidade não é?). Mas diz muita verdade
    *brand em inglês=marca

    Nuno

Obrigado por participar na discussão!

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