Rei Obama em Roma

Rei Obama

O Rei do Mundo, Barack Obama, visita Roma.
Um evento, sem dúvida.

Por isso: média a sentido único, com o Presidente dos Estados Unidos na capa de diários, revistas e televisões.

É o Rei do Mundo.
É o mínimo.

O tour já tinha começado mal, com o Primeiro Ministro italiano, regularmente não eleito por ninguém, que tinha recebido Obama I com a seguinte frase:

Yes we can” hoje vale também para nós em Italia.

Uma tristeza. Mas duma pessoa como Renzi não é possível esperar mais.

O Papa e os sapatos dos outros

Depois Obama I visita o Papa e entrega-lhe como presente algumas sementes da horta da Casa Branca. Sementes?!? És o Rei do Mundo e entregas sementes?

É “simbólico”, dizem.
Não, é forreta.

“Escova dos dentes, cuecas, falta nada. Ah, não: falta o presente para o velho…Michelle, vai na horta e traz uma couve e duas sementes para o Papa, vai, faz algo de útil na vida.”

Com Papa Francesco

A couve não sobreviveu à viagem, as sementes sim.

As frases a reter: “Thank you“, “É maravilhoso encontra-La”,”Sou um seu grande admirador ” (sim, nota-se…), “O Papa sabe caminhar com os sapatos dos outros”. Esta última não me soa tão boa,  até parece que o Papa vai roubar os calçados.

Depois o colóquio.
Obama:

Nos Estados Unidos, nas últimas décadas, temos assistido a um forte crescimento do fosso entre os rendimentos daqueles que já têm níveis elevados de riqueza e das famílias médias. Também tornou-se mais difícil para os americanos que trabalham duro subir a escada do bem-estar e garantir uma vida melhor para as suas famílias.

Sim, mas quem é o Presidente daquele País desde 2007? Pai Natal?

É por isso que eu prometi que os Estados Unidos vão trabalhar com os seus parceiros em todo o mundo com o objectivo de erradicar a pobreza extrema dentro de 20 anos.

Eis outro que promete erradicar a pobreza nos próximos 20 anos. Alguns destes presidentes poderia ser um pouco original e dizer 30 ou 40 anos. Assim, só para variar.

Depois conversamos sobre os conflicto, sobre o quão difícil é manter a paz no mundo.
Isso depende: se a ideia de paz é dar ordens e esperar que os outros só obedeçam, sim, de facto uma paz assim é tarefa complicada. É preciso muito empenho para mantê-la e muitas balas também.

O  Coliseu e o baseball

Com um idiota (Renzi)

No Coliseu, fora as vendedores, fora os turistas: dado que vivemos em Democracia, o monumento tem que estar pronto para receber apenas um visitante, Obama.

Encontra o Ministro dos Bens Culturais, Dario Franceschini, e diz: “Great job!” (“Grande trabalho!”). E o Ministro responde: “The best job in Italy” (“O melhor trabalho em Italia”). Sobretudo por quem, como ele, é advogado e nada entende de cultura.

Mas é membro do Instituto Internacional Jaques Maritain, cuja secção italiana é  financiada por: Banca Popolare di Verona, Unipol Banca, Fondazione Cariplo (outro banco), Fondazione Monte dei Paschi di Siena (outro banco), Intesa San Paolo (outro banco), IOR (Instituto Opere Religiose, Vaticano). Normal, afinal Franceschini é homem de Esquerda num governo de Esquerda.

A visita começa e Obama faz uma observação profunda acerca do antigo monumento: “É maior do que um estádio de baseball!”. E este é um daqueles raros momentos em que o blogueiro nem sabe o que escrever. Qualquer observação ou graçola ficaria sempre anos luzes atrás da imensidão desta frase. Eu simplesmente gravaria isso numa pedra à entrada do Coliseu, para que a posteridade possa ter um vislumbre da nossa condição.

Entretanto, a Casa Branca difunde um mail que descreve a chegada de Obama I num Coliseu totalmente vazio:

O Presidente parecia baixo perante os altos muros.

Provavelmente os americanos pensavam que os postais representassem o Coliseu em escala real e a visita deve ter sido programa segundo o estilo “As Viagens de Gulliver”. Mas agora também nos Estados Unidos sabem que o Coliseu ultrapassa as dimensões dum postal, o que é bom. É toda cultura.

A seguir, Obama I em visita nas Termas de Caracalla, onde é recebido outra vez por Franceschini (este homem está em todos os lugares), cujas forças de segurança já tinham afastado os inoportunos turistas: mesmas medidas também no Foro e no Palatino. No total: mil polícias, 50 agentes à paisana mais a segurança da Casa Branca e seis carros blindados, 30 viaturas “normais”, alguns helicópteros.
É o Rei do Mundo.
É o mínimo.

Às 18:30 reabre o metropolitano: centenas de milhares de pessoas com problemas de mobilidade porque Rei Obama tinha que visitar o monumento. Justo: os terroristas nunca dormem.

Franceschini não perde a ocasião para um tweet: um pedido de desculpa a quem ficou sem meios de transportes (travados também autocarros, táxis e carros particulares)?
Sim, mais ou menos:

Recebi o Presidente Obama no Coliseu. Um orgulho para o nosso País ver a surpresa e a admiração nos olhos deles.

Também eu fico cheio de orgulho e até com as lágrimas nos olhos. Na verdade nem fui eu que construí o Coliseu, mas dado que os Romanos já morreram todos, posso ficar com o orgulho deles, ninguém irá protestar.

Os dois Presidentes

Com Giorgio Napolitano

A seguir, Obama I encontra o Presidente da República italiano, Giorgio Napolitano, um “querido amigo” como diz Obama.

Giorgio, tens 89 anos, o que tens a perder? Entraste no Partido Comunista, combateste os fascistas e os nazistas: e cospe na cara deste palhaço, não é?

Nada. “A Italia tem sorte a ter um homem tão forte como presidente”, diz Obama I.
Sim, saiu o Euromilhões.

Antes de partir, umas últimas palavras acerca do Primeiro Ministro, o ignóbil Renzi:

Tenho confiança em Matteo.

Óbvio meu caro Obama, Renzi tem um programa político que é como o teu.
Poderia intitular-se “O Grande Vácuo”.

Ipse dixit.

Fontes: Il Corriere della Sera, Il Secolo XIX, Roma Today, News Va

3 Replies to “Rei Obama em Roma”

  1. Olá Max: Obama I foi modesto…faltaram a coroa de louros, a túnica branca e os 6 cavalos brancos puxando a carruagem. Pois não é assim que os césares desfilavam em triunfo? No império romano o triunfo era sobre o reino conquistado; no império yanque só pode ser sobre a estupidez humana.
    Abraços

  2. É por isso que gosto de pensar que minha família vive na Gália Cisalpina e não na Itália…

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