Bitcoin: depois de Silky Road

Nos Estados Unidos, este é o período dos shutdown: além do governo federal, também fechou um site internet bem conhecido em todo o mundo, Silk Road.

O Leitor não conhece Silky Road? É uma espécie de eBay da droga, onde era possível comprar estupefacientes e substâncias psicotrópicas de forma anónimas, mas também documentos falsos, vírus informáticos e outras pequenas utilidades.

O fundador e dono, Ross William Ulbricht de 29 anos, foi preso sob a acusação de conspiração para tráfico ilícito de estupefacientes e outros pormenores, todos graves. De acordo com o FBI, Silky Road conseguiu um volume de negócios de 1,2 milhões de Dólares em Bitcoin e comissões por 80 milhões de Dólares em menos de três anos.

Stop, pára tudo: Bitcoin? O que é isso?
Bravo Leitor, boa pergunta, vejo que está atento. Então vamos investigar.

A ideia do Bitcoin

Reza a sempre alerta Wikipédia:

Bitcoin é uma criptomoeda onde a criação e transferência é baseada em protocolos código aberto de criptografia que é independente de qualquer autoridade central.

“Critpomoeda”, “criptografia”…falta só a criptonite.
Em bom português: o Bitcoin é uma moeda exclusivamente virtual. Inventada em 2008 pelo programador Satoshi Nakamoto (um pseudónimo), tem tido muito sucesso no casos de pagamentos feitos apara serviços ou compras online: um novo conceito de moeda, sem bancos, sem uma entidade central emissora ou governadora.

O Bitcoin atingiu valores elevados, sendo que o Bitcoin chegou a ser avaliado em mais de 250 Dólares. Mas o fecho de Sulky Road fez cair a moeda digital até os 109.7 Dólares, para estabilizar-se depois perto dos 125 Dólares. 

Bitcoin representa algo importante: é um grande desafio ao tradicional conceito de dinheiro, que está baseado na confiança entre as duas partes: os cidadãos acreditam na capacidade do governo e do banco central de garantir o bom funcionamento dos mecanismos monetários e as instituições, por sua vez, estão empenhadas em garantir que a moeda seja aceite, respeitado, convertendo-a e salvaguardando-a em todo o território em que é válida. Atrás das superestruturas (legislativas e outras), há uma questão de fortes valores e confiança.

Como realçou Felix Salomon, jornalista financeiro da Agência Reuters, o Bitcoin parte de uma concepção mais individualista do ser humano, destruindo completamente as condições dessa relação de confiança. Pelo contrário: o sistema Bitcoin parece ter sido fundado sobre a desconfiança. A moeda tem um perfil muito alto de segurança, uma segurança para os usuários, e só aceita trocas virtuais entre as pessoas: nada de bancos ou outras instituições.

Bitcoin conquistou uma grande variedade de usuários interessados: anarquistas, libertários e utópicos unidos pela simpatia para um meio que tem abalado um mecanismo com séculos de idade. A transparência do sistema estão garantidos, porque o projecto é público e open source, de modo que possa ser melhorado por qualquer pessoa.

A verdadeira novidade é a estrutura de controle do dinheiro: a ideia de Sakamoto, de facto, não responde a qualquer banco central ou políticas monetárias. Mas isso não significa não ter regras, bem pelo contrário: as regras estão lá. A quantidade total de dinheiro em Bitcoin é fixada em 21 milhões, dos quais actualmente 11 encontram-se em, por um valor total de 1.870 milhões de Dólares (considerado um câmbio de 112,60 Dólares do passado dia 10 de Maio. Krugman, o economista Prémio Nobel, chamou-o “o gold-standard privado”, referindo-se ao sistema económico em que o valor da moeda está indexada a uma quantidade fixa de ouro.

Uma vez que a quantidade total de dinheiro é fixa, se a demanda aumenta, também aumenta o preço de cada Bitcoin. Então, muitos viram no Bitcoin um bem-refugio.

Bitcoin & Silky Road

Apesar do entusiasmo, alguém não fica propriamente satisfeito com a moeda electrónica: o argumento é que a criação de dinheiro está dependente da elaboração do computador (o chamado mining) e o FBI afirma que isso “constitui uma violação da lei federal: criar uma moeda privada ou um sistema monetário que entre em competição com a cunhagem oficial dos Estados Unidos”.

Ao longo dos últimos dois anos, o uso e valor de Bitcoin foram indissoluvelmente ligados ao destino de Silky Road, a maior “praça” de troca da moeda digital. Rota da Seda. O que vai mudar agora?

É concebível que o efeito Silk impulsione uma queda no valor nas próximas semanas. Mas, uma vez esgotados o efeito Silky Road, a moeda deve finalmente ter a oportunidade de ganhar maior credibilidade (afinal afasta-se do incómodo “bazar”) e bem pode atrair o interesse de novos investidores dispostos a apostar nela.

O que se passa nestas horas é, na prática, um flashback mas ao contrário: no início do ano, por causa da insegurança acerca do Dólar, o Bitcoin tinham visto o valor aumentar exponencialmente, a ponto de chegar a valer mais de 250, como já lembrado.

Ipse dixit.

Fontes:  Geopoliticamente, BitcoinPortugal, BitcoinBrasil, Wikipédia, Medium.com, The New York Times

One Reply to “Bitcoin: depois de Silky Road”

  1. Olá Max: li os dois posts disponíveis em ii sobre BitCoin, e a coisa está muito confusa para mim. Suponhamos que a vitrine de uma loja exponha um cartaz dizendo: "aceitamos BitCoin". E daí? De onde eu tiro essa espécie de moeda virtual para comprar algo com BitCoin. Desculpa, mas não entendi…Também não entendo para que me serve uma espécie de moeda também sujeita a flutuações, que vantagem eu levo tendo BitCoin para compras/vendas comuns e cotidianas.
    Abraços

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