Japão: Kuroda, Zé e a impressora mágica

Sábado? Um post de Sábado?
Tá bom, é quase Verão, sinto-me bom.
Mas é um post curto, prometo.

Pegamos no Japão. Aliás, não pegamos no Japão, pegamos mas é na Zona NEuro, com todos os problemas ligados à Dívida Pública, a falta de dinheiro, o limite do deficit público e as outras amenidades.

Agora voltamos a pegar no Japão, que tínhamos posto momentaneamente na mesa de cabeceira, e vamos ver como é que aí resolvem estes problemas.

Haruhiko Kuroda, governador do Banco Central do Japão, anuncia ter encontrado 1.400 biliões de Dólares. Sorte dele, sem dúvida. Mas onde é que encontrou este dinheiro todo? Bom, em verdade não “encontrou”, mas “criou”. Ligou para um dos funcionários e disse “Ó Zé [nome bastante difundido no Japão], lembra-se da impressora Canon, aquela com o tinteiro de cores? Ora bem, deixe aí o sudoku e imprima uns 150.000 biliões de Yen, faça o favor”.

Mas porque Zé tem que imprimir aquele dinheiro todo?
A razão é simples: Kuroda tenciona fazer com que o Japão saia da armadilha da liquidez (Keynes, meus amigos, Keynes…) que provoca preços em descida, procura interna mais débil, lucros das empresas corroídos pela competitividade dos preços mais baixos, salários bloqueados, compras adiadas na esperança que “amanhã vai ser melhor”, queda do investimento.

Solução? Imprimir dinheiro e comprar Títulos de Estado. Simples, não é? Pois.

Resultado imediato: a Bolsa de Tóquio voa, com o Nikkei que passa de -2% para +2.2%.
Mais: a moeda do Japão, o Yen, logo perde face ao Dólar (-1.5%) e as empresas exportadoras agradecem.

John Maynard Keynes. Pois.

Perguntará o astuto Leitor: “Ó Max, mas não eras tu que dizias mal dos vários Quantitative Easing da americana Federal Reserve? Pois eu lembro que também nos Estados Unidos fizeram o mesmo, imprimiram um monte de dinheiro, não é? E também o LTRO do Banco Central Europeu é um Quantitative Easing, correcto? Ah, Bom Verão!”.

Obrigado, querido Leitor. Mas vamos distinguir: uma coisa é criar um monte de dinheiro com o qual adquirir activos (Títulos) dos bancos ou das seguradoras; ou ainda criar aquele dinheiro todo e depois empresta-lo aos bancos privados com juros ridiculamente baixos. Outra coisa é fazer o que o Banco Central do Japão faz: imprimir dinheiro com o qual adquirir Títulos de Estado. Isso significa que o Estado terá à disposição montantes enormes com os quais efectuar investimentos públicos, não privados. A diferença é substancial.

Além disso, há outra vantagem: os Títulos de Estado do Japão ficam no Japão e não caem nas mãos dos fantásticos “especuladores internacionais”.

Com esta manobra, o Japão cria dinheiro até 60% do PIB.
Keynes. Ainda ele.

Ipse dixit.

Fontes: Cobraf, Rai News

3 Replies to “Japão: Kuroda, Zé e a impressora mágica”

  1. O Kuroda português é o Carlos Costa que, enquanto governador do Banco de Portugal, pouco mais faz que corrigir previsões e criar um estatuto de excepção para os seus funcionários.

    Krowler

  2. O que não fica explicado é como a banca internacional sionista permitiu que a governança japonesa tomasse essa iniciativa, pois o Japão é um país totalmente dependente sionista desde o final da segunda guerra mundial.

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: