Bem-vinda Chipre!

Após um leve problema técnico (o computador não conseguia lembrar-se de como inicializar Windows, acontece, ainda bem que tenho instalado Linux também…), eis que voltam os posts.

E apesar de ser feriado em Portugal, eis uma entrevista com o Eurodeputado Nigel Farage, que muitos entre os Leitores conhecem.

Mas antes, tempo de comemorações. Não com a bandeira ao contrário, como aconteceu hoje com o Presidente da República Portuguesa (um sinal? Ou simples arteriosclerose?), mas com o traje das grandes ocasiões: o Clube dos Falidos dá as boas vindas ao mais recente membro, Chipre.

Agência Financeira:

O Chipre acaba de lançar um pedido oficial de ajuda a Bruxelas no valor
de 11 mil milhões de euros, o equivalente
a 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do
país, destinado a refinanciar dívida pública e apoiar a capitalização
dos bancos ate
2015.

O país torna-se assim no quarto Estado europeu a pedir um resgate convencional, depois de Grécia, Irlanda e
Portugal (o quinto, se contarmos com o pedido de ajuda espanhol, destinado apenas à banca). […]

Dos
11 mil milhões
agora pedidos a Bruxelas, seis mil
milhões vão servir refinanciar a dívida pública e os restantes cinco mil
milhões destinam-se
à banca.

Desde junho que Nicósia
está também a negociar um empréstimo bilateral com a Rússia, no valor
de seis mil
milhões de euros. Um primeiro
empréstimo deste género tinha já tido lugar no ano passado, no valor de
2,5 mil milhões de euros,
impedindo o país de entrar na
bancarrota. A Rússia ainda não decidiu a resposta ao novo pedido
cipriota, pelo que, se este
empréstimo avançar, o Chipre contará
com um total de 17 mil milhões de ajuda externa (6 mil milhões russo e
11 mil milhões
europeus).

Assim: Grécia, Irlanda,
Portugal, Chipre, Espanha quase, Italia falta pouco.
Isso promete bem. Tentem encontrar no passado uma altura em que quatro (e meio) Países da Europa faliram no prazo de poucos meses. Isso dá a dimensão do estrondoso sucesso fruto da politica das Mentes Pensantes de Bruxelas.

Dúvidas? Fechem os cortinados, liguem uma vela e repitam o mantra: “Esta é a única via, não há alternativas”. Depois liguem também a televisão para alcançar o Nirvana.

Nigel Farage:

Eu acho que o Euro e o sistema Euro sejam, no final, a mais profunda crise que temos visto. Estamos num território totalmente inexplorado e caótico. O controle da bola é, por algum motivo, nas mãos dos Alemães. Dado que não têm sido capazes de impor a disciplina, pensaram que o tratado Merkozy (o Tratado de Estabilidade) iria resolver todos os problemas, para que a Alemanha, pudesse dizer, “Bem, Grécia, agora vocês podem ir”.

O facto é que, uma vez “excluída” a Grécia, as peças do dominó começam a cair e todos sabemos muito bem isso. Dizer que é um caos total é muito exacto. Não é possível ter as democracias nacionais e esta nova forma de política e de economia ao mesmo tempo. Coisas terríveis já aconteceram. O sistema “Europa” já se livrou de dois primeiros-ministros democraticamente eleitos (Itália, Grécia).

Todavia, não podem, neste momento e sem a imposição de uma ditadura totalitária, bloquear as eleições nacionais em diferentes Países….

Arriscamos que o spread sobre os Títulos de Estado aumente até níveis absurdos. Com os bancos franceses e alemães em dificuldades. Voltei hoje em Bruxelas e vi o medo nos rostos dos políticos. Eles sabem que essa “coisa” (a UE) transformou-se num monstro.

Ainda não há muitas vozes de políticos que têm a coragem de dizer “Vamos para o abismo, tentamos mudar de direcção. Vamos parar com isto pacificamente, antes de terminar com um desastre.”
Na história os sistemas sempre tentam manter o status quo, dizem “É a única maneira possível, destruí-la significa acabar com tudo.”
No entanto, acredito que a única maneira de salvar-nos desta espiral terrível é eliminar pacificamente a instituição União Europeia antes que seja tarde demais.

É incrível. Refiro-me ao Parlamento Europeu, que se reúne amanhã, o assunto que será discutido é a emergência. Mas na vossa opinião, o Sr. José Manuel Barroso, Presidente da Comissão, e o velho e querido Herman van Rumpuy, o Presidente da Europa, vão estar lá?
Não!

Mesmo que os compromissos deles estivessem planeados, com certeza nada é mais importante do que participar da reunião dos representantes de quase meio bilião de cidadãos. Mas eles colocam as suas cabeças na areia para evitar lidar com o que está a acontecer.

O que os simpáticos rapazes da União Europeia vão tentar fazer nos próximos meses é estabelecer, como a crise está a agravar-se dia após dia, algo muito semelhante a uma ditadura. Não sei, olhando para a opinião pública, vão conseguir salvar-se desta… as semelhanças com os anos ’30 são bastante arrepiantes…

Bom feriado.

Ipse dixit.

Fontes: Agência Financeira

6 Replies to “Bem-vinda Chipre!”

  1. O Farage di-las bem ditas…mas porque é pró-nuclear? E…hummmm…olhem bem para o indicador e o mindinho da mão dele…

  2. Não liguem a televisão para alcançar o Nirvana. Liguem o PC, vão ao Youtube e cliquem em Nigel Farage. Aí sim, vão alcançar o Nirvana com as caras do Van Rumpuy, do Durão Barroso e do Martin Schultz a ouvir os seus discursos.

    Uma coisa é clara, a UE está definitivamente na senda do sucesso. Vai ser um modelo politico, e já agora económico, que as gerações futuras estudarão com interesse.

    abraço
    Krowler

  3. E mais um… sempre em frente que a máquina não pára e quantos mais… melhor.

    Estou aqui a pensar que juros andará aquele povo a pagar destes empréstimos… agora estou curiosa.

    Abraço
    Rita M.

  4. Olá Max: andei lendo aqui e acolá que franceses e alemães também começam a sofrer com ajustes que sempre atingem os mais vulneráveis economicamente, e lá também as populações atingidas reagem na forma de passeatas, manifestações e tal. Fazer mais do mesmo, quando as coisas só dão errado, só pode ter um motivo: para quem é responsável pelos desmandos as coisas não estão dando errado!! Alguém sabe, por exemplo, como anda a variação da concentração de renda entre os europeus? Aposto que vai de vento em popa!. Então, sempre que se diga que as medidas político econômicas são um desastre, cabe a pergunta: desastre para quem? O desastre de uns pode ser a solução para outros. Agora quem se sente prejudicado, não pode dizer que já não existam alternativas postas em funcionamento, e funcionando para a maioria desastrada, vide Islândia.Abraços

  5. P.S. – Por causa do Nigel Farage até me esqueci do Chipre, isto porque já começa a ser corriqueiro os países do euro andarem por aí a pedir resgates financeiros.

    abraço
    Krowler

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