Carta Aberta com Ponto de Interrogação

Quelo

Ter um blog é um pouco como viver numa ilha e atirar para o mar uma mensagem fechada numa garrafa. A diferença entre um blogueiro e um náufrago é que o primeiro vive num oceano feito de garrafas e a dele é apenas mais uma. Em comum têm o facto que a possibilidade da mensagem ser lida é escassa.

Informação Incorrecta já enviou muitas garrafas e conseguiu ter contactos com um número crescente de náufragos. Os quais, por sua vez, enviam outras garrafas, algumas de volta, outras para destinos desconhecidos.

Hoje recebi uma nova garrafa e fiquei curioso. Em primeiro lugar porque vinha dum lugar bem perto (e quem disse que os náufragos têm que viver em ilhas longínquas?). Depois porque apresenta questões…como dizer? Questões, ponto final.

Curiosos? Então eis a mensagem, cuja versão original pode ser encontrada no blog Reticência(s)
de autoria de Ponto de Interrogação (fiquem descansados: é apenas um pseudónimo):

Carta Aberta ao Mundo!

Todas as palavras de todos os dicionários, vocabulários e idiomas do
mundo seriam poucas para transmitir o que gostaria. Vou tentar fazê-lo
da forma mais assertiva possível, sem atropelar a minha sensibilidade.
Afinal, é ela que aqui me traz.

Sou muitíssimo céptica em relação às tão famigeradas redes sociais.
Sempre fiz muita resistência porque sei que no que à informática ou, se
preferirmos, às tecnologias diz respeito, nada é infalível. Os que não
pensarem nas repercussões que a partilha de determinados acontecimentos
da sua vida e de informações pessoais pode ter, é porque são ignorantes,
levianos ou indiferentes ou outras coisas quaisquer nas quais me
incluo.

Sou uma desconfiada por natureza. Sim… É este um dos motivos pelos
quais utilizo um pseudónimo embora saiba de antemão que é muito fácil
desmontá-lo. Também por isso utilizo outras alternativas que não vêm
agora para o caso.

Mas como nem tudo é mau descobri algo de muito bom com isto e de que
só há muito pouco tempo me apercebi: as partilhas e, com elas, as
aprendizagens e enriquecimento interiores.

Verdade seja dita que também há muito “lixo” ou “ruído” – como
quisermos chamar – que precisa de ser filtrado e em relação ao qual
temos de estar muito atentos. Articular uma mente aberta com a
capacidade de raciocínio lógico é difícil nos tempos que correm.
ESPECULAÇÃO: é o monstro sem cara que assola o nosso quotidiano nas mais
diversas vertentes.

Adiante… Há algo que me conduz aqui e como considero que tudo está
interligado por meio de canais invisíveis que, melhor ou pior, bem ou
mal, racional ou irracionalmente nos influenciam ou condicionam, senti
uma necessidade verborreica de dizer “coisas” e de questionar quem
considerar enquadrar-se nos perfis ou souber e quiser responder.

Não tenho a presunção de esperar respostas mas pode ser que as
palavras fluam e, quem sabe, contribuam para algo, por muito pouco
significativo que seja.

Vida; Fauna; Flora; Plantas; Animais – que inclui milhões de
variedades abrangendo o tão famoso Homo Sapiens –; Natureza; Universo;
Infinito…

Do fim para o princípio parece-me, curiosamente, que na prática
vivemos “em rede”. Haverá, com certeza e por um lado, um ponto de
equilíbrio cíclico e, por outro, um factor desestabilizador talvez por
“culpa” da evolução. O primeiro consistirá, eventualmente, em “limpar”,
reequilibrar, “reciclar” ou renovar a fonte de existência: a vida em
qualquer das suas formas. O segundo é mais complexo porque tende a
contrariar o primeiro: a existência irónica, controversa e paradoxal de
um ser – o Homem; irónica porque provém das mesmas raízes de qualquer
outro animal na verdadeira acepção da palavra – sem sentido pejorativo;
controversa já que a sua presença consubstancia, por acréscimo, a
predicação atribuída erroneamente por si mesmo à própria existência da
sua ou de qualquer espécie, ser vivo ou tipo de vida ou ausência dela;
paradoxal porque, tendo as mesmas raízes, o seu comportamento revela uma
superioridade ilusória, arrogante e displicente.

São muitos e cada vez mais os canais de “animais” que subscrevo – os
que são diferenciados como “irracionais”. Considero-os de uma riqueza
sublime com as fotos e frases que partilham e que mais não são do que a
realidade espelhada numa pequena caixa tecnológica. É mais fácil
admirá-las assim porque estamos “formatados” para vislumbrar o que
retemos como objecto das nossas mais profundas fantasias e, quando
confrontados com uma “utopia” real, questionamo-nos sobre a sua
veracidade. Muitas vezes basta OLHAR pela janela e ver as tais fantasias
desmistificadas e bem reais. Não lhes sabemos dar o devido valor
precisamente porque estão ali… ao alcance do tacto, do olfacto, da
visão, da audição, do paladar e de todos os outros sentidos que
desconhecemos ou tendemos a ostracizar.
Bolas que me disperso! Se é que ainda alguém está a ler isto vou já directa ao assunto.

Cheguei, arrastada pela sociedade, a um ponto em que me sinto
compelida a colocar questões que de inéditas nada têm e é por isso que
me suscitam maior inquietação.

Acredito que estamos cá para aprender mas sinto que, generalizando e
cingindo-me apenas e só à fonte da qual todos provimos – seja ela qual
for – não aprendemos absolutamente nada. Estamos carecas de cometer
erros e, afinal, por mais que o digamos, NÃO APRENDEMOS COM ELES! Pior:
descobrimos novas formas de voltar a cometê-los de maneira mais
desenvolta, elaborada, subtil e dissimulada. É óbvio que estou a
universalizar mas sei que felizmente há gente mais próxima de um ideal
verdadeiramente harmonioso.

Correndo uma vez mais o risco de ser presunçosa, isto é material para muitos técnicos da área de saúde mental (e não só).

1ª questão: será que somos todos mentalmente saudáveis tendo como
referência, não os parâmetros sociais em que vivemos, mas os que seriam
verdadeiramente ideais?

2ª questão: há actualmente alguém que tenha a capacidade ou a legitimidade de definir o que é realmente ideal?

Sou susceptível. Incrivelmente melindrosa face a determinados
acontecimentos a que assisto ou de que tenho conhecimento e nas mais
diversas vertentes.

Como é que é possível, passados milhares de milhões de anos,
evolução, ERROS comprovados e assumidos, continuarmos a assistir, a
fomentar e a praticar comportamentos que, ao contrário do que defendemos
tão acerrimamente, nos distanciam de TODOS os outros seres, mas pelos
piores motivos?

Que moral temos para criticar mas também para defender determinadas
doutrinas e princípios, quando, na prática, somos coniventes –
silenciosos ou não – de todas as atrocidades que continuam a ser
cometidas contra a vida em todo o seu sentido lato? – Friso que estou a
generalizar. Infelizmente, a minoria não faz a força embora contribua,
muitas vezes, para uma significativa diferença.

Mas que raio de síndrome cega-surda-muda nos contagia, manipula,
escraviza e faz de nós seres letárgicos passivo-agressivos legitimantes
do “8 e 80”? Isto já nem sequer é um ensaio. É mesmo uma representação
permanente de cegueira cíclica e interactiva em que o público se cinge a
si próprio e a cada um de nós.

Confesso: a partilha das fotos, dos testemunhos, da imaginação
cinzenta e atroz que anunciam a possibilidade de tantas outras
barbaridades, trouxeram-me aqui.

Em poucas semanas o meu imaginário infantil foi violentado,
desacreditado, e quase apagado. Resta-me uma réstia ou já me teria
juntado aos “não vencidos” – a fracção dos que (acham) se sentem bem
assim.

Ignorância crua, eu sei. Ou credibilidade estupidamente ingénua. Ou
ainda ambas e outras coisas. Padeço do mesmo mal que quase todos nós
apresentamos: o desconhecimento, desinteresse ou ignorância praticamente
absolutos dos terrores que acontecem no mundo pelas nossas próprias
mãos – directa ou indirectamente.

Talvez sejam essas as mesmas características que definem as nossas
reacções perante estes acontecimentos, associadas a outras que, arrisco
dizer, condicionam, moldam e referenciam o nosso carácter. É isto que me
assusta verdadeiramente: a diabólica sociedade em que estamos
embutidos, e que ao longo dos tempos tem vindo a esculpir e a manipular
sinistramente as nossas mentalidades. Consequência: hoje podemos
orgulhar-nos de sermos habitantes de um planeta maravilhoso mas
trôpegos, impotentes, inertes, embrutecidos e escravizados. Estamos
formatados para que os nossos cérebros processem apenas o banal e
supérfluo.

Chegados aqui, resta-nos o “8 ou 80”. Poucos são os que conseguem o mérito de manter o meio termo.
Agora que escrevo isto, percebo que, de facto, não posso, não devo e
muito menos tenho o direito de julgar quem quer que seja. Somos todos
fruto da mesma máquina implacável.

A sociedade em que vivemos e que, creio (quero acreditar), está a
chegar ao fim é, salvo raras excepções, uma sombra corrompida, suja,
cruel, devastadora e vergonhosa do que de pior há em nós – seres
“racionais”. A meu ver, é a racionalidade que nos “monstrualiza”. Que
nos afasta da nossa essência. Que faz com que deixemos de nos sentir
ligados à terra. Sim… É essa característica que nos separa dos outros
seres mas, na maioria das vezes, pelos piores motivos.

Já passámos por períodos tão polémicos, reconhecidamente
avassaladores social e moralmente mas que, apesar da nossa aparente
evolução, permanecem no nosso inconsciente levando-nos a repeti-los
indefinidamente. Sinceramente, e perdoem-me a ignorância, não encontro
qualquer diferença entre os primordiais tempos da reconhecida Roma
Antiga – alicerce da actual civilização, surgida de uma comunidade
agrícola e que veio a tornar-se numa oligarquia desmesurada -; a época
das colonizações; a “Santa” Inquisição; as guerras civis; a tão famosa
revolução industrial; sem esquecer as guerras mundiais que arrastaram
milhões de vítimas e que, na minha opinião, se mantêm vivas.

À face de tudo isto, a minha réstia de genuinidade infantil comum a
todos nós, questiona-se “porquê”. Porquê e para quê? O que é que move
massas apenas e só pelo poder de poder? Porquê um hiato tão imensamente
ridículo quanto monstruoso se, no fundo, apenas precisamos uns dos
outros? Porquê expropriar o planeta; os seres vivos; as gentes, de
sonhos, esperança, harmonia se todos podemos ter tudo? Acredito que o
Homem tem um papel preponderante a desempenhar mas abomino a ideia de
que seja imprescindível. Acredito que, por algum motivo, nos foi dada
uma oportunidade para, em “rede”, podermos contribuir para uma
verdadeira existência pacífica e conjunta sem limites, mas
respeitando-os.

Não sei se existe, na prática, um verdadeiro conceito de bem ou mal –
lutas entre forças desiguais ou em aparente constante competição. Não
sei nem me arrisco falar disso. Acho que são inúmeras as hipóteses.

O que me interessa verdadeiramente é saber que habita em mim a
certeza de que o nosso maior desafio é, independentemente dos credos,
características, conceitos e vivências, ultrapassá-los provando que
todos os seres são realmente parte de cada um e que nessa cadeia existe
um ciclo infindável que não nos separa – une!

Eu acredito que, de facto, “chegará o dia em que os homens conhecerão
o íntimo dos animais”, e, consequentemente, o seu. Nesse dia, o crime
deixará de subsistir porque deixaremos de nos perder.

É este o meu sonho! É esta a minha utopia cuja fortaleza infantil mantém acesa no meu coração!

Caro Ponto de Interrogação,

em primeiro lugar parabéns porque obrigaste-me a consultar o dicionário que estava já a ganhar pó. Quando encontrei o termo
“trôpegos” dei uma bofetada no ecrã pensando numa interferência electromagnética e só depois percebi que o termo existia mesmo. O Português é uma boa língua.

A seguir: uhi! Isso é muito complicado. E a má notícia é a seguinte: acho não ser capaz de ajudar, pois a minha condição é igual à tua e à de todos os Leitores. Procuramos, e isso é quanto. Respostas há muitas mas, por uma razão ou por outra, todas acabam cedo ou tarde por desiludir. Às vezes pensamos ter encontrado uma chave, e se calhar conseguimos abrir uma porta; mas logo atrás há outras passagens e a chave já não pode ser a mesma.

Até chegamos ao ponto de pensar que cada um precisaria da sua própria chave, que não pode existir um passe-partout. E se calhar é assim, se calhar cada um de nós tem que moldar a própria solução. As que proponho são as minhas chaves (ou melhor: os esboços delas), que podem funcionar agora mas que podem também ser descartadas logo a seguir, pois um dos lemas do blog (e, portanto, meus) é : aqui não há Grandes Verdades.

1ª questão: será que somos todos mentalmente saudáveis tendo como
referência, não os parâmetros sociais em que vivemos, mas os que seriam
verdadeiramente ideais?

Reporto o que escrevi numa troca de e-mail com uma amiga:

Às vezes penso que a
inteligência seja o beco sem saída da nossa espécie. Uma visão
pessimista? Não sei, não gosto do pessimismo. Mas tenho que fazer
as contas. Por exemplo, as contas da barata: que faz uma barata?
Nasce, vive, morre. Sem grandes preocupações. No máximo procura
comida quando tiver fome.

Altera o ambiente? Não. Põe em risco a própria espécie? Nem por
isso. Fecha as outras baratas numa empresa ao longo de 8 horas
enquanto ela faz a boa vida e no final do ano vai dizer-lhes que
viveram acima das possibilidades? Acho que não, no sentido que
nunca vi uma empresa de baratas. Todas estas são acções típicas da
nossa espécie, aquela inteligente.

A barata é inteligente? Do nosso ponto de vista não. Mas do ponto de vista da Natureza é uma espécie bem superior à nossa, de grande sucesso: mexe-se no ambiente sem destrui-lo e pôr em risco os fundamentos da própria sobrevivência.

Não estão convencidos? Acham que a inteligência é um factor determinante para quantificar o sucesso duma espécie? Então pensem nisso: há mais baratas ou golfinhos? Mais mosquitos ou elefantes? Mais formigas ou macacos?

Os golfinhos fogem da nossa poluição, não têm capacidade de adaptação neste sentido; os elefantes estão próximos da extinção; e os macacos vêem o próprio ambiente ser reduzido a cada dia. Lamento, mas a inteligência não é um factor de grande sucesso: o sucesso está nos números e não numa pintura de Leonardo (Da Vinci, não o meu mestre canino) ou numa sinfonia de Beethoven.

Porquê falo disso? Porque acho que um par dos “parâmetros ideais” deveriam ser estes: integrar-se com o ambiente, não explora-lo além dos limites; e tentar (re)conhecer a verdadeira natureza do ser humano e adaptar a sociedade a esta realidade, não o contrário.

Quando se fala destas coisas, a imagem que surge é aquela duma sociedade feita de pessoas vestidas de branco, sempre sorridentes, ocupadas a observar o despertar duma flor, rodeadas por veados e borboletas. Uma sociedade de autênticos dementes.

Contrariamente à maioria dos extremistas ambientais, não acho que fosse preciso deitar abaixo milhares de anos de história, e a nossa sociedade com ela, para obter resultados significativos. Nem acho que a solução seja pegar numa pá e começar a cavar a terra. O Homem conseguiu coisas boas também e seria estúpido deita-las no lixo em nome dum hipotético regresso à Natureza ou para arruinar a “festa” das multinacionais. É um pouco como partir-se os dentes com um martelo para punir o dentista.

O que tem que mudar é a nossa atitude (de todos, sem exclusões) e o rumo da sociedade, que não pode perseguir apenas o dinheiro. Não é o carro que está avariado, é o motor: o carro somos nós, o motor é o dinheiro. Ao mudar o motor, sem ter o dinheiro como fim último, então haveria espaço para outros valores e com estes novos parâmetros também.

Parâmetros ideais? Não sei, mas com certeza mais próximos do que é realmente importante. E aqui chega a seguinte pergunta:

2ª questão: há actualmente alguém que tenha a capacidade ou a legitimidade de definir o que é realmente ideal?

Sigo o meu raciocínio anterior: se o fim é integrar-se no nosso mundo e não viver como vírus, então o ideal será tudo o que consegue a maior integração e o respeito pela Natureza. Que ao mesmo tempo significará o respeito do ser humano também.

Não consigo ler coisas que falam de viagens astrais do espírito à procura da Luz Eterna e da Irmandade Universal. Fico logo maldisposto. O ser humano nasceu como animal. O que não é nada mal: afinal tem um planeta bonito, cheio de recursos, outros animais, muitas coisas para experimentar. Esta é a rede, a grande rede à qual todos estamos conectados.

Não que o espírito não exista (aliás, acho que algo exista de facto), mas não podemos viver como vírus e ao mesmo tempo pensar que seja possível alcançar os grandes cumes da iluminação. O nosso raciocínio é tremendamente influenciado pelo ambiente, logo é preciso antes começar a viver de forma decente e depois tratar do espírito (ou alma, ou qualquer outra coisa). Caso contrário será a mesma atitude daqueles que dizem ser cristãos e depois têm uma atitude na vida real que de cristão tem muito pouco ou até nada. Seria apenas hipocrisia para acalmar a nossa consciência.

Como alguns Leitores talvez lembram, eu não me considero uma pessoa religiosa e ainda menos cristã. Mas se a ideia for encontrar alguns parâmetros se calhar não “ideais” mas pelo menos “positivos”, então material não falta: as ideias de Cristo (figura histórica ou não pouco interessa neste caso), Buda, Zoroastro, do Taoismo, do Shintoismo, até do Confucionismo (que religião em boa verdade não é) incluem fortes vertentes ligadas à Natureza.
Aos que afirmam “não gosto de religião” sugiro aproximar-se a estes textos não com os olhos do fiel mas com aqueles de quem procura: e as surpresas não irão faltar, pois ao longo dos séculos muitas vezes as religiões serviram para transmitir de forma simples e imediata conceitos universais. Depois, em alguns casos (muitos casos em boa verdade), as mesmas religiões tornaram-se centro de poderes, mas esta foi mais uma vez a capacidade de corrupção típica da nossa espécie quando conduzida pelo motor errado (dinheiro = poder).

Nestes conceitos universais, quando lidos de forma não religiosa, podemos encontrar o sentido do Bem e o do Mal, o respeito pela Natureza, o respeito pelo próximo. E aprender que os vários diabos ou demónios são apenas representações do nosso lado obscuro e cada vez menos escondido.
Eu não tenho “a capacidade ou a legitimidade de definir o que é realmente ideal”, estas são apenas ideias que eu julgo serem válidas: cada um de nós tem que enfrentar o seu próprio caminho e chegar às suas próprias conclusões, não há o “Manual das coisas ideais” (daria jeito); mas acho que alguns conceitos podem ser partilhados por muitas pessoas.

Somos todos
fruto da mesma máquina implacável.

Sim, mas somos também os que criaram e que continuam a alimentar intencionalmente a máquina.

A sociedade em que vivemos e que, creio (quero acreditar), está a
chegar ao fim é, salvo raras excepções, uma sombra corrompida, suja,
cruel, devastadora e vergonhosa do que de pior há em nós – seres
“racionais”. A meu ver, é a racionalidade que nos “monstrualiza”.   

Concordo com a ideia duma sociedade no seu último estádio: o problema é que no horizonte as coisas não parecem melhores e sem uma intervenção seremos obrigados a dizer “estava-se melhor quando se estava pior”. Mas não concordo com a ideia da racionalidade ser uma inimiga: torna-se tal quando utilizada para ficar afastados da nossa essência e dos tais valores.

Eu acredito que, de facto, “chegará o dia em que os homens conhecerão
o íntimo dos animais”, e, consequentemente, o seu. Nesse dia, o crime
deixará de subsistir porque deixaremos de nos perder.

É este o meu sonho! É esta a minha utopia cuja fortaleza infantil mantém acesa no meu coração!

Pois, Ponto, esta é uma forma muito bonita de ver as coisas e com certeza é o ponto de vista de muitos Leitores.
Muito obrigado Ponto de Interrogação por partilhar os teus pensamentos!!!

Nestas horas dramáticas há grande crise.
Aqui já não sabemos quando estamos a andar nesta Terra.
Perguntas: Porquê? Como onde no mundo? Onde quem? Porquê quando?
Perguntas quase quase e mias na escuridão.
Mas não tens de procurar as respostas fora, 
a resposta fica dentro de ti.
Só que está errada.
Quelo

Ipse dixit.

Fonte: Reticência(s)

16 Replies to “Carta Aberta com Ponto de Interrogação”

  1. "O que é que move massas apenas e só pelo poder de poder? Porquê um hiato tão imensamente ridículo quanto monstruoso se, no fundo, apenas precisamos uns dos outros? Porquê expropriar o planeta; os seres vivos; as gentes, de sonhos, esperança, harmonia se todos podemos ter tudo?"

    Desde épocas mais remotas e antigas certos homens buscam o objetivo mais ambicioso que se possa ter e que, felizmente e certamente(assim espero) não vão conseguir nunca:
    que é o poder através do domínio e controle do maior número possível de outros bens ou seres vivos, ou seja, o domínio e controle do mundo. Isso é mais ambicioso do que querer dinheiro ou status. Isto é o topo, isto é querer se tornar um tipo de Deus para controlar o mundo. E isso é exatamente o que certos grupos vem tentado desde ha muito tempo atrás e que hoje estão entre as instituições, clubes e sociedades mais poderosas e influentes. Eles já possuem o dinheiro, já possuem status, já possuem muitos bens materiais, possuem quase tudo, mas não tudo, ainda não conseguiram e espero que nunca possam conseguir, dominar o mundo, criar um governo único, um único tribunal, únicas leis, onde não haveria poder superior para impedir ou julgar os gestantes deste tipo de sistema, ou seja – tudo isto se resume ao movimento destes seres ambiciosos para possuírem poderes como o de um Deus, ou para se igualar a Deus.

  2. Alguém tem notícias sobre aquele caso da fundação Keshe? Não vi mais nada sobre o assunto.

    Também existem boatos de que uma possível lei marcial pode estar prestes a explodir nos EUA e um boato sobre uma guerra entre o Irã e Israel.

  3. Gostei das reflexões.
    Partilho algumas ideias soltas que não passam disso mesmo: as minhas ideias e garantida e dificilmente "verdades absolutas".

    Perguntas muito interessantes. Provavelmente não somos mentalmente saudáveis, pessoalmente não nos tenho como tal. Creio que basta olhar para a disfuncionalidade da espécie humana de um modo geral. É ver o rumo que levamos.
    Deveríamos conseguir garantir, no mínimo, que todos conseguissem satisfazer as necessidades básicas de cada um para subsistir, essas sim que são comuns a todos os elementos da espécie. A partir daqui começam as diferenças, mais ou menos fracturantes. O resultado é mais que visível.

    “Porque acho que um par dos "parâmetros ideais" deveriam ser estes: integrar-se com o ambiente, não explora-lo além dos limites; e tentar (re)conhecer a verdadeira natureza do ser humano e adaptar a sociedade a esta realidade, não o contrário.”

    De acordo, e gosto das aspas.
    Somos humanos não “ideais” ou “perfeitos” ou “divinos”. Para variar, seria interessante aproveitarmos o muito que evoluímos em várias áreas (outras nem tanto, lá está… ideal? Perfeito?) para olharmos com realismo para o que nos rodeia e percebermos que o planeta não precisa de nós para nada.
    Se desaparecêssemos hoje o planeta continuaria, desde que não o reduzíssemos a pó também, claro.
    Afinal, somos nós que precisamos de satisfazer as necessidades básicas de cada indivíduo da espécie e somos tão disfuncionais que conseguimos ignorar este facto.
    Uma minoria continua a querer mais e mais poder e controlo e uma maioria não consegue libertar-se deste controlo que nos leva a aceitar e a abdicar de demasiado por forma a garantir a subsistência e, alguns, não todos, qualidade de vida, pois há demasiada gente que nem a subsistência tem assegurada, quanto mais a qualidade de vida.
    Falam da selecção natural das espécies… pergunto-me quantas outras espécies conseguem contribuir de forma tão nefasta para a redução da sua própria espécie.
    Andamos com as prioridades trocadas.
    Basta olhar para o estado em que estamos agora. Em vez de as condições de vida melhorarem pelo mundo fora não, estamos a fazer exactamente o inverso. A tal eterna sede de poder e controlo a qualquer custo de que fala o Observer.
    (cont.)

  4. “Depois, em alguns casos (muitos casos em boa verdade), as mesmas religiões tornaram-se centro de poderes, mas esta foi mais uma vez a capacidade de corrupção típica da nossa espécie quando conduzida pelo motor errado (dinheiro = poder).”

    Pois, a razão pela qual não sigo/pertenço a nenhuma religião, não me revejo.
    Sempre achei muita arrogância nossa acharmos que devemos doutrinar as pessoas a uma religião.
    As pessoas devem pensar por elas, escolher o que entenderem por bem.
    Os tais valores comuns estão lá.
    Concordo contigo Max, há conceitos partilhados.
    Tenho grandes dúvidas de num futuro julgamento divino ser relevante pertencer ou não a uma religião ou até seguir uma delas excluindo as restantes. Provavelmente seria mais depressa julgada pelos meus actos para com os que me rodeiam.

    Olho para as ostentações de riqueza, para a violência, para a diminuição de direitos do ser humano em nome de uma religião, para a imposição de crenças de tantas religiões ao longo dos tempos e pergunto-me como é que seguimos pessoas para fazer mal a outras pessoas seja de que forma for e ainda o continuamos a fazer (violência, imposição de fé, diminuição de direitos, perseguição por serem de fé distinta, acumular vergonhoso de riquezas).
    Isto são actos de seres humanos, não têm nada de divino.
    Se os que agem em nome de uma fé/religião seguissem o que de facto ela preconiza na sua base e não as interpretações humanas da mesma, provavelmente estaríamos todos muito melhor.

    “Concordo com a ideia duma sociedade no seu último estádio: o problema é que no horizonte as coisas não parecem melhores e sem uma intervenção seremos obrigados a dizer "estava-se melhor quando se estava pior".”

    De acordo, não creio que os próximos tempos sejam fáceis.
    Afinal, a grande maioria continua muito pouco informada e/ou cada vez mais preocupada em subsistir.

    Abraço
    Rita M.

  5. Olá Max, Ponto de interrogação, Rita, Observer, e quaisquer outros:
    1. Porque a sociedade estaria em seu último estágio? Acham que ela vai se desintegrar, desaparecer, modificar-se para assumir um perfil de algo que não possa mais ser chamado de sociedade? Eu acho que apenas estão (para alguns de nós) ficando mais claros os indícios que o bicho homem optou por desenvolver ao máximo as tendências necrófilas, que de um jeito ou de outro, sempre o habitaram, e o diferenciam dos outros animais, de tendências majoritariamente biófilas.
    2.Porque somos náufragos? Estamos afundando onde? Não mesmo! Nós (eu + vocês) somos a "arca de Noé" da raça humana! Se existir em nós ímpeto de vida em solidariedade, então só podemos ser a salvação da sociedade naufragada, isto sim.
    3.Redes? Humm…são armadilhas, às vezes, especialmente as invisíveis aos olhos e ao coração. Outras vezes ser capturada numa rede pode ser um grande auxílio. Esta rede que constituo com vocês, por exemplo, já me ensinou um montão de coisas, e tem sido ponto de partida para por em execução outras tantas, que considero muito biófilas…
    Bom, se estivéssemos nós quatro sentados a mesa, comendo, bebendo e conversando, acho que levaríamos a conversa muito longe, com a vantagem de podermos falar mais de nós mesmos, concretamente…mas não estamos…que pena!
    Ah,também, diante das muitas questões existenciais, recorro ao convívio dos cães porque aprendo com eles, e das estrelas, porque elas sempre me dizem que há coisas belas, muitas, para além das sujeiras de muitíssimos humanos.Abraços

  6. Olá Maria 🙂

    Agora com as suas perguntas ocorreu-me verdadeiramente a ideia de fim no que escrevi. Não estava tanto em fins definitivos, apesar de achar que o planeta não precisa de nós para nada 🙂 e que provavelmente as restantes espécies também não; tendemos realmente a ser virais.

    Posso apenas falar por mim, claro.

    Acho que a sociedade está perante uma nova oportunidade de mudar radicalmente para melhor e simplesmente não o vai fazer.
    Aliás, apesar de tudo, lá temos vindo a melhorar à medida que o tempo passa, mas desta vez acho que corremos o risco de regredir como um todo.

    Sociedade será sempre sociedade como sempre foi, mesmo nas fases mais negras da história da humanidade, mas acho que o que vivemos e o que se aproxima irá a acentuar o que já temos de pior.

    Se preferia que fosse para melhor? Garantidamente. O problema é que podemos fazer muito pelas pessoas, até dar-lhes informação e conhecimento relativos a qualquer assunto, mas há uma última parte do trabalho que só cada um pode fazer: o que fazer e pensar com o conhecimento que tem sobre esse assunto.

    Se olharmos para o que se passa pelo mundo, anda tudo em velocidades e com prioridades diferentes.

    Sim, alguns já perceberam como funciona, mas proporcionalmente ainda somos poucos, o que implica que para muita gente será realmente o fim, como já o é e foi há muito, mas mesmo muito tempo para tantos.

    Confesso, quando li a expressão “arca de Noé” ficou o “gosto” de "bote salva-dias que não dá para todos". Não é agradável.

    E sim, a ideia é andar para a frente e como creio que foi o Krowler que disse há uns tempos (se não foi ficam desde já as desculpas!): mais informação e conhecimento.

    Também eu já aprendi imenso desde que comecei a frequentar este espaço virtual.

    Sim, conversar pessoalmente é sempre mais interessante, quanto mais não seja porque é mais rápido e trocam-se mais ideias 🙂

    E acho que tem toda a razão, os cães ensinam mesmo muito, principalmente no que toca a questões existenciais, a começar pela solidariedade, lealdade e aceitação incondicional de que são capazes, até com donos que tantas vezes os maltratam.
    Tivesse o ser humano mais destas três características e esta conversa seria provavelmente sobre assuntos bem diferentes.

    Por aqui também gosto das estrelas e do espaço, recorda sempre como somos tão pequeninos perante algo tão grande e que vai cá estar tanto tempo depois de terminar o tempo que cada um de nós tem por estas paragens.

    Abraço
    Rita M.

  7. Olá pessoal.

    Eu sempre pessimista e crítico, desta vez não vou reclamar ou criticar. Também não tenho muito o que falar, pois já foi dito quase tudo por aqui.
    Em especial as colocações de Max sobre o texto, gostei muito!

    Deixo uma reflexão, uma mensagem mais positiva, ou até de provocação, caso alguém se interesse. Afinal, não nascemos prontos, vamos se fazendo –

    Deixo estes vídeos como provocações para quem quer mudar, ou se motivar, pois não podemos viver apenas de lamentações, alguém tem que fazer alguma coisa. Aconselho a todos olharem estas palestras e outras até, dessa que é uma das pessoas que mais me inspira ultimamente – Mário Sérgio Cortella

    Para finalizar, deixo o link da fotografia mais importante já tirada –

    Isso mostra quanto que somos pequenos, o quanto ainda não sabemos e que não compreendemos, e que somos apenas uma microscopia parte do infinito.

  8. Olá Todos: Voltei,…E tem uma coisinha que eu quero salientar. Ei-la. Dizia o Max, falando das baratas, com a sua peculiar acuidade: "Altera o ambiente? Não. Põe em risco a própria espécie? Nem por isso. Fecha as outras baratas numa empresa ao longo de 8 horas enquanto ela faz a boa vida e no final do ano vai dizer-lhes que viveram acima das possibilidades? Acho que não, no sentido que nunca vi uma empresa de baratas. Todas estas são acções típicas da nossa espécie, aquela inteligente". Não me canso de pensar acerca do uso do tempo das pessoas.Um, dos que considero, dos maiores ganhos dos arquitetos da desgraça humana foi conseguir aliar, no imaginário das sociedades, valor moral com uso exaustivo do tempo trabalhando, em geral em atividades pouco criativas,pouco prazerosas, e cujo único fim é a sobrevivência econômica.Conheço pouca coisa que cause um "des-serviço" maior a emancipação humana: tempo perdido, desperdiçado! Observem que são aqueles que não se deixam subordinar a tais rotinas, que são capazes de produzir idéias e coisas interessantes. Mas, até mesmo muitos deles evitam afirmar categoricamente que trabalham no que querem, quando querem, como querem, e que só então se organizam para sobreviver inteligentemente com o que conseguem amealhar com o uso inteligente do seu tempo, que se negam a prostituir. Têm todo o meu respeito! Abraços

  9. olá Rita :):sabes de uma coisa!? Houve o dia que acreditei em revolução política, isso foi na década de 60.Depois, acreditei na revolução social, esta durou bastante tempo. Hoje,acho que ainda acredito na revolução "molecular", aquela que se produziu dentro de mim mesma, ao longo da vida, aquela que consegui produzir em alguns alunos, dentre os "quinhentos mil" com os quais convivi nas décadas de 80 e 90, aquela que vivi junto com meia dúzia de pessoas aqui no meio do mato, onde vivo por agora. Quanto as "mal traçadas linhas" no ii, apenas gosto, faço por mero prazer de compartilhar, porque acho que o Max merece "garrafas de volta cheias de letrinhas tão instigantes quanto as que ele joga no mar", porque aprendo, como já disse,com este estranho relacionamento, com constitui rede com linhas de pensamento e nós amarrados, e por vezes desatados, com palavras. Abraços

  10. Olá Maria,

    Metendo a colher no post do Max, um abuso, já sei.

    É exactamente por estarmos cada vez mais a trabalhar para sobreviver e cada vez mais tempo no trabalho que acho que vamos retroceder, porque mal conseguimos sequer tempo para pensar.
    As pessoas simplesmente aceitam tudo.

    Em vez de se alargar a tendência já existente em alguns países com melhor qualidade de vida… seguir um bom exemplo… retrocedemos.

    Se já temos vários continentes nesta realidade de controlo pela sobrevivência financeira, aliás alguns bem pior, juntar aos poucos a Europa ao bolo do trabalho para sobreviver não é bom sinal.

    Ainda assim, não perdi totalmente a esperança.
    Geralmente depois de uma grande asneira ou abuso, a humanidade lá se orienta e avança para algo melhor.
    Claro que nem sempre é da melhor forma. Podemos sempre recordar a Revolução Francesa e o episódio violento que foi, mas lá que mudou, mudou. Mais alguns retrocessos e ajustes depois disso, mas o certo é que a França não voltou ao que era e como tempo começou a orientar-se num novo rumo. claro que demorou o seu tempo…

    Ainda não estava por cá na década de 60, cheguei na primeira metade dos anos 70.
    Vi Portugal melhorar apesar das imensas asneiras que foram feitas e vi começar o declínio lento a partir de 98/99-2000 até ao que chegámos agora. Na verdade, esta é a terceira intervenção do FMI por cá, desta vez trouxe companhia.

    Sinceramente nunca tive grande esperança quer nos políticos, quer na sociedade como um todo (por agora, continua a faltar sentido crítico), mas acredito na tal revolução dentro de cada um, mas isso.. demora 😉

    No entanto, como disse o Einstein: "A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original…"

    As pessoas vão acabar por chegar lá. agora o tempo que vão demorar… e o preço que terá…

    " Hoje,acho que ainda acredito na revolução "molecular", aquela que se produziu dentro de mim mesma, ao longo da vida, aquela que consegui produzir em alguns alunos,"

    Exacto… e nada se compara ao ver que alguém aprendeu a pensar por si e a questionar o mundo que o rodeia em vez de pensar de simplesmente assimilar o que lhe dão como factos. Nem que seja para não concordar connosco e questionarem tudo.

    Pela minha parte gosto sempre das suas partilhas, dão-me sempre que pensar.

    Abraço
    Rita M.

  11. Olá Max! 🙂

    Antes de mais quero agradecer-te o facto de teres tornado as palavras que escrevi, de todos os que já as leram. É, para mim, um privilégio vê-las neste espaço pelo qual nutro o maior respeito e que me merece toda a credibilidade pelo conteúdo pedagógico e a forma cautelosa como explicas, expões e abres para discussão. Muito obrigada!

    O meu objectivo ou – e porque o lirismo faz parte da minha maneira de ser – sonho era que o texto desse espaço à troca de ideias sobre as questões essenciais que nos definem como seres neste mundo. Concretizaste isso! OBRIGADA!

    Quanto à análise de conteúdo, por assim dizer, estou de acordo com tudo o que disseste e mais: com todas as perspectivas aqui abordadas. Fiquei muito satisfeita porque achei que o que escrevi não era explícito, ou seja, que expus as coisas de forma "cara" e trapalhona. Vocês foram ao cerne de todas as questões o que me satisfaz ainda mais!

    Queria só dizer algumas coisas: concordo com o que dizes sobre a inteligência. Costumo dizer frequentemente que é uma maldição e que a Eva nunca deveria ter comido a "porra" da maçã! 🙂

    Quando falo da racionalidade associo-a à inteligência e acredito que, muitas vezes, o lado racional nos condiciona porque temos tendência para complicar. É por isso que digo que é a característica que nos separa dos outros seres mas pelos piores motivos.

    Costumo dizer que aprendi muito com a Lady – não a Diana mas a minha doce cadela que partiu o ano passado. Assisti à degradação dela. Era diabética insulino-dependente e ficou cega. Mas aquilo para ela era apenas uma condição. Se fosse connosco e sem retirar o drama a uma situação semelhante, mas teríamos muita dificuldade em aceitar. Quanto muito resignar-nos-íamos. E, com a Lady, aprendi a diferença entre resignação e aceitação. Esta última está, para mim, directamente associada ao verdadeiro conceito de sobrevivência sem subterfúgios violentos, sem qualquer recurso a desculpas esfarrapadas que somos tão pródigos a inventar.

    Quando falava da tal "maquina" incluí-nos na mesma e por isso mesmo referi que tentaria não entrar em juízos de valor porque provimos da mesma fonte e alimentamo-la.

    Considero este um espaço digno de designar como uma espécie de tertúlia virtual, que as pessoas procuram para, pacífica e civilizadamente, exporem e defenderem os seus pontos de vista, vivências e outras coisas mais.

    Muito obrigada a todos e, uma vez mais, ao Max por fazer deste um espaço único entre tantos!

    Abraço!

  12. Olá Max! 🙂

    Antes de mais quero agradecer-te o facto de teres tornado as palavras que escrevi, de todos os que já as leram. É, para mim, um privilégio vê-las neste espaço pelo qual nutro o maior respeito e que me merece toda a credibilidade pelo conteúdo pedagógico e a forma cautelosa como explicas, expões e abres para discussão. Muito obrigada!

    O meu objectivo ou – e porque o lirismo faz parte da minha maneira de ser – sonho era que o texto desse espaço à troca de ideias sobre as questões essenciais que nos definem como seres neste mundo. Concretizaste isso! OBRIGADA!

    Quanto à análise de conteúdo, por assim dizer, estou de acordo com tudo o que disseste e mais: com todas as perspectivas aqui abordadas. Fiquei muito satisfeita porque achei que o que escrevi não era explícito, ou seja, que expus as coisas de forma "cara" e trapalhona. Vocês foram ao cerne de todas as questões o que me satisfaz ainda mais!

    Queria só dizer algumas coisas: concordo com o que dizes sobre a inteligência. Costumo dizer frequentemente que é uma maldição e que a Eva nunca deveria ter comido a "porra" da maçã! 🙂

    Quando falo da racionalidade associo-a à inteligência e acredito que, muitas vezes, o lado racional nos condiciona porque temos tendência para complicar. É por isso que digo que é a característica que nos separa dos outros seres mas pelos piores motivos.

    Costumo dizer que aprendi muito com a Lady – não a Diana mas a minha doce cadela que partiu o ano passado. Assisti à degradação dela. Era diabética insulino-dependente e ficou cega. Mas aquilo para ela era apenas uma condição. Se fosse connosco e sem retirar o drama a uma situação semelhante, mas teríamos muita dificuldade em aceitar. Quanto muito resignar-nos-íamos. E, com a Lady, aprendi a diferença entre resignação e aceitação. Esta última está, para mim, directamente associada ao verdadeiro conceito de sobrevivência sem subterfúgios violentos, sem qualquer recurso a desculpas esfarrapadas que somos tão pródigos a inventar.

    Quando falava da tal "maquina" incluí-nos na mesma e por isso mesmo referi que tentaria não entrar em juízos de valor porque provimos da mesma fonte e alimentamo-la.

    Considero este um espaço digno de designar como uma espécie de tertúlia virtual, que as pessoas procuram para, pacífica e civilizadamente, exporem e defenderem os seus pontos de vista, vivências e outras coisas mais.

    Muito obrigada a todos e, uma vez mais, ao Max por fazer deste um espaço único entre tantos!

    Abraço!

  13. "Quando o poder do amor superar o amor pelo poder, o mundo conhecerá a paz" – Jimi Hendrix

  14. Li o texto e todos os comentários. Naturalmente refletem a visão humana das coisas do universo e acho que o exemplo das baratas serve para ratificar a constatação de que fomos feitos para o universo e não o contrário. Talvez nosso maior fardo seja o de ter que aceitar nossa grande insignificância enquanto que a grande maioria dorme o sono da divindade e criam um deus que nada mais é do que a projeção de nossas fantasias mais profundas.
    Li aqui reflexões profundas, aparentemente desprovidas de fanatismo e que podem abrir caminhos para quem não tem medo de andar e repudiam a idéia de serem carregados. Ocorre-me no entanto que a "máxima" que deve ser levantada é: Como conseguir harmonia em um planeta em que a vida depende da morte o tempo todo? Se nossa espécie fosse vegetariana, hoje falaríamos preocupadamente sobre a extinção de espécies vegetais ou então teríamos sido extintos ou postos em risco por espécies do reino animal. Equilíbrio? Vá falar de equilíbrio para a zebra perseguida pelo leão, ou então para o peixe menor sendo devorado pelo maior. Como encontrar perfeição e propósitos benígnos (sempre do ponto de vista humano) nesse estado de coisa? Liberdade, livrre arbítrio? Como falar em liberdade e estar aprisionado na gaiola chamada Terra onde as grades são representadas pela gravidade, oxigênio, luz solar? Como amar, ser "santo" e pode ser abatido por vírus, bactérias e alterações genéticas naturais? Se pegarmos os milênios de história da humanidade, das baratas ou de quaisquer outras formas de vida de nosso planeta, de que serviram ou servirão? Parece-me que servem apenas para alimentar nossas fantasias arrogantes, onde estamos a fazer a lição de casa para apresentar à um mestre. Criamos um deus humano e paramos no tempo, mas mesmo que concebessemos qualquer um outro e de qualquer espécie por mais fantástica ou bizarra que fosse, creio que permaneceríamos estáticos enquanto de joelhos e receosos. Talvez o caminho a ser seguido surja ao vivermos de forma a buscar meios de contornar a existência miserável a que todas as espécies estão submetidas.

  15. O mundo nunca será perfeito ou igual para todos.

    Isso é logico.
    Existe a vida e a morte, o vegetal e o animal, o positivo e o negativo.

    Mexes em um, altera o outro e vice versa. Para qualquer cosia existe o oposto, assim como o feminino e o masculino, a luz e a sombra, dia e noite, Deus e Diabo, quente e frio, etc.. O importante é procurar manter um equilíbrio com essas forças, mas sempre procurando fazer o bem, tentando o mínimo possível alterar ou prejudicar o meio em que vivemos. As diferenças e existem e precisam existir, pois é a logica da natureza, a biodiversidade e diversidade das características.
    Quando vejo certos movimentos feministas me pergunto, o que as mulheres querem afinal? se tornar homens? serem vistas como homens? fazer coisas de homens? Claro que é preciso ter um equilíbrio e todo o respeito, mas a natureza prova que tentar se igualar não da certo, pois são opostos, são diferentes, o feminino não é o masculino, cada um possui suas características e privacidades, cada um merece ser respeitado com suas diferenças.
    Não é preciso ser igual, é preciso respeito. E isso se aplica a muitos outros movimentos que estão explodindo por aí com apoio da ONU e de ONGs .

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