Tropas governamentais da Síria |
Tinha que ser.
Como a comunidade internacional ainda não consegue tomar uma decisão acerca duma intervenção na Síria, é a ONU que tenta elevar a fasquia. Segundo um novo relatório, o regime de Assad:
- rapta crianças
- mutila as crianças
- viola as crianças
- tortura as crianças
- utiliza as crianças como escudos humanos contra os rebeldes.
Nada mais? Claro que há mais, mas vamos com calma.
Radhika Coomaraswamy, representante especial das crianças nas Nações Unidas:
Muito ex-soldados falam de ataques em zonas civis e de crianças mutiladas e mortas. Raramente vi tanta brutalidade como na Síria, onde os rapazes são presos, torturados, justiçados e utilizados como escudos humanos. Há testemunhas que viram as crianças torturadas e ouvimos de crianças postos nos tanques e utilizados como escudos humanos para evitar os tiros.
E agora alguns pormenores para impressionar ainda mais a plateia e tornar tudo mais credível:
No passado 9 de Março, na província de Idlib, antes do ataque contra a aldeia de Ayn Arouz, as forças do governo raptaram dezenas de crianças entre 8 e 13 anos: foram utilizadas como escudos humanos, postos na frente das janelas dos autocarros que transportavam o pessoal militar no interior da aldeia.
Horror, meus senhores, horror. Nem o maligno Saddam Hussein tinha chegado até este ponto: ele gostava de utilizar escudos humanos, mas não crianças, ora essa. Nem o pérfido Khadafi atingia estes picos de brutalidade: costumava entregar Viagra aos soldados para violar as mulheres, mas não as crianças, isso não se faz, significa ser malcriado mesmo.
Mas é necessário. Os Países ocidentais ainda não conseguem tomar uma decisão, aliás, “a” decisão, por isso é preciso partilhar estas notícias, todas rigorosamente sem fonte, para que a opinião pública perceba: o regime de Assad é mau, mas mau mesmo.
Infelizmente ainda não há uma frente pro-invasão suficientemente forte, pelo que será preciso inventar algo mais.
Possíveis próximos passos:
- as tropas do regime utilizam as crianças como prato principal nos churrascos antes de atacar as aldeias de inocentes; mas não as cabecinhas, que são guardadas e servem como bola para o futebol entre os soldados;
- as tropas de Assad bebem o sangue dos civis (tipo zombies);
- o regime de Assad esconde armas de destruição maciça;
- o regime de Assad treina terroristas de Al Qaeda (reparem: a mítica formação ainda não foi utilizada pelos media);
- falta também o testemunho desesperado duma jovem enfermeira ou de alguém que inspire ternura e compaixão.
De momento não consigo lembrar algo mais, mas a ONU tem uma fantasia muito mais desenvolvida e descarada, pelo que não terá dificuldades em encontrar algo ainda mais terrível. Sempre e rigorosamente sem fontes.
Ipse dixit.
Fontes: Corriere della Sera, Children e Armed Conflict (ficheiro da ONU em formato pdf, inglês)
Max, mas o que falar das fotos e imagens liberadas que mostram várias crianças mortas em fileira?
É falso também?
Olá Anónimo!
Já publiquei uma fotografia da BBC que na verdade mostrava os corpos da guerra no Iraque.
Mas além disso há de certeza mortos bem reais. Infelizmente.
O problema é: quem disparou?
O que se passa na Síria é uma guerra civil, na qual uma parte da população (uma minoria, acredito eu) pegou nas armas ajudada por elementos estrangeiros que atravessam a fronteira entre Síria e Iraque.
Como em todas as guerras civis, há mortos inocentes e muitas vezes são a maioria.
Todavia é interessante notar como as imagens difundidas sejam sempre alegadamente só das vítimas do exército de Assad. Os "rebeldes" não matam? Têm pistolas a água? Onde estão os mortos que de certeza os "rebeldes" provocam também?
Como podemos ter a certeza de que as imagens mostradas sejam de verdade das vítimas do regime? Como podemos ter a certeza de que não foram os "rebeldes" a matar para depois apresentar as vítimas como mártires do regime?
Não podemos saber isso. Mas o facto de que todas as mortes serem apresentadas como vítimas do regime não pode não alimentar algumas suspeitas…
Abraçoooo!
O próximo Resident Evil vai ser na Síria…