Europa: as eleições (agora com vídeo!)

Eleições em dois Países europeus: França e Grécia.

Em Paris, como vimos, o marido de Carla Bruni foi derrotado pelo calmo Hollande, que mais do que um presidente parece um contabilista.
Muito mais complicada a situação na Grécia, onde formar um governo parece missão impossível.
E uma surpresa em Italia.

Com ordem: o marido de Carla Bruni.

O fim de Merkozy

A consequência mais evidente é o fim do eixo Merkozy, formado pela chancelera alemã Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. É a dupla que apoiou as medidas de austeridade que abalaram o Velho Continente, com resultados bastante penosos. Hollande, homem da Esquerda, já fiz saber que há vida além da austeridade: por isso é lícito esperar uma mudança de rumo.

Até a que ponto? Esta é a dúvida.
Como sublinha o economista Paul Krugman:

Tanto o Euro quanto o projecto europeu têm agora mais possibilidades de sobreviver.

Sim, verdade: mas “uma andorinha não faz Primavera”, isso é, vamos ver quais as escolhas de Monsieur Hollande, pois para fazer as contas ainda há tempo. Seria ingénuo pensar que os bancos abandonem o leme dum dia para outro, só porque os Franceses elegeram um novo presidente (os Franceses também recusaram a Constituição da União Europeia, que nem por isso foi abandonada).

Também é verdade que os bancos procuram novas soluções, pois viver nesta situação, na qual o “golpe da misericórdia” pode chegar em qualquer altura, está longe de ser confortável. Por isso poderiam desfrutar Hollande para imprimir uma mudança de rumo.

E Angela Merkel? Tentará converter Hollande ou, com uma pirueta, seguirá o novo vento francês? Sobretudo: quais serão as ordens das empresas alemãs?
Por enquanto Berlim parece não ter recebido a mensagem e continua a falar de reforço das privatizações, enquanto Hollande bloqueia o preço da gasolina ao  longo dos próximos três meses.
Começamos bem…

Sobra a boa notícia: o marido de Carla Bruni pode dedicar mais tempo ao filho (e não gostaria de ser no lugar da criatura), quanto ao resto a ver vamos.

Grécia: o pontapé

Bem mais complicada a situação em Atenas.
As eleições foram um pontapé nos dentes dos dois partidos que têm apoiado o governo da austeridade: em conjunto, uma queda de 55% nos últimos anos. Nada mal.

Pelo contrário, sobe a Esquerda, também a asa mais radical, a mesma que há dez anos nem conseguia entrar no Parlamento: acção-reacção, este é o efeito das políticas repressivas da Direita.

O problema, neste caso, é a dispersão dos votos, pois os Gregos abandonaram os dois grandes partidos e votaram tudo aquilo que ficava longe da maioria: com o resultado de que formar um governo agora é quase impossível, por isso não pode ser excluída a possibilidade de novas eleições no curto prazo.

Significativo o facto de segundo partido mais votado ser Syriza, da Esquerda, que defende a ré-negociação da dívida.

Angela Merkel já fez saber que esta hipótese nem pode ser considerada, mas a verdade é que a chancelera alemã se encontra numa posição cada vez mais problemática: perdeu o apoio da França e agora tem a Grécia que levanta a voz.

Steffen
Seibert, porta-voz do governo de Berlim:

Vamos manter as medidas que já foram decididas, a
melhor via para a Grécia

Não parece, Herr Seibert, não parece mesmo…

Italia: o Genovês

Breve nota acerca da Italia.

Eleição em muitas câmaras municipais com uma surpresa: o boom do Movimento Cinco Estrelas, do genovês Beppe Grillo: ecologia, energia limpa, fim dos partidos, novas bases para uma nova sociedade.

Um movimento no qual não há um verdadeiro leader nacional, mas onde os apoiantes decidem a melhor política em reuniões ao vivo ou online, tendo como base a realidade local. Gente jovem, sem problemas com a justiça, que nunca fez política.

As ideias de Grillo? Muitas delas já apareceram neste blog.

Muito interessante.
Tinha que ser um Genovês :)))

Um vídeo Hollandês

Para acabar, eis um vídeo interessante. Outra vez Hollande que fala no Templo Arthur Groussier do Grand Orient de France:

São 12 minutos bastante aborrecidos, gravados em Paris no passado dia 22 de Novembro de 2011.
Hollande não diz coisas de outro mundo: simplesmente apresenta a própria candidatura à maçonaria francesa.

Um vídeo nada de especial, que todavia fará a felicidade de quem gosta de conspirações. Também porque, para dar ouvido as vozes, o mesmo Hollande é maçon.
Pelo menos, assim dizem…

Ipse dixit.

2 Replies to “Europa: as eleições (agora com vídeo!)”

  1. Olá Max:com relação a Hollande, fico com a reflexão do Pepe Escobar (jornalista brasileiro, trabalhando para Asia Times):"Hollande quer que a população idosa aposente-se mais cedo. Quer os fazendeiros franceses confortavelmente subsidiados – para nem citar as vacas francesas, cujo padrão de vida é muito melhor que o de 2 bilhões de pessoas no planeta. Quer que o generoso aparelho de bem-estar francês continue a funcionar.
    Como pagar por tudo isso – quando todo o dinheiro foi sugado para dentro dos bolsos gordos dos 0,1%? Não bastará que o sujeito “normal” planeja mudar só a Europa: ele terá de movimentar-se para mudar o mundo."
    Pessoalmente levo mais fé nos Grillos genoveses. Esse tipo de coisa se altera conspirando, ou seja, se organizando "em casa", de outra maneira. Abraços

  2. Olá Maria!

    Esqueci-me dum pormenor: Hollande é maçon. Ou macçon. Ou macção, como raio se diz, ainda não aprendi.
    Enfim, é parte da Maçonaria. Há um vídeo na internet, quase quase vou pô-lo no fundo do artigo, no qual Hollande participa numa reunião de "pedreiros".

    Por isso não sei qual a tarefa dele.

    Pode ser que tenha algumas boas ideias: de certeza não aquelas da campanha eleitoral, caso contrário a França ficaria de pernas para o ar em poucos meses.

    E pode ser que o trabalho dele seja mesmo este.

    Sinceramente ainda não sei que dizer.

    Grillo, que teve a ocasião de conhecer, é um gajo simpático. Passou a vida a ser comediante, pois um dia foi afastado da televisão pública por causa duma piada acerca dos socialistas (falo dos anos '80).

    A partir dai começou a interessar-se aos problemas da sociedade. Disse disparates e fez enormes, com o tempo conseguiu "focar" quais os temas mais importantes.

    Conhece o problema do "Seigniorage", só que decidiu não falar disso agora porque, como afirma: "É muito complicado e, além disso, se as pessoas percebessem, explodiria uma revolução".
    O que é verdade. Por isso limita-se a tratar "por alto" o assunto durante os seus espectáculos (pois continuas nas praças).

    Não escondo que inspira-me confiança, apesar dalguns pormenor que ao longo destes anos todos ainda não consegui esclarecer (Casaleggio e Associati…talvez serei obrigado a tratar do assunto um dia).
    Talvez sou eu que estou a ficar cada vez mais paranóico, não sei…

    Graaaande abraço!!!

Obrigado por participar na discussão!

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