CIA: o forno nos espiona

Nova Ordem Mundial.
Mais uma vez.

Há pessoas que vivem no pesadelo do NWO (acrónimo de New World Order, Nova Ordem Mundial em inglês). E, como consequências, entram no colorido jardim da demência.

É o caso de Resistance71, blog que retoma uma notícia de Russian Today.
Segundo o artigo, a CIA afirma que em 2020 máquinas de lavar roupa e frigoríficos poderão ser “lidos” pela agência americana. No total, 100 milhões de dispositivos nos Estados Unidos.

David Petraeus, director da CIA:

Itens de interesse serão localizados, identificados, monitorados e controlados remotamente por meio de tecnologias como a Radio Frequency Identification, redes de sensores, pequenos servidores incorporados, todos conectados à Internet de próxima geração.

Wow. Que tecnologia.

Segundo a notícia, todos os dados serão conectados a um maciço mainframe no Utah, um complexo com um custo estimado de 2 biliões de Dólares., capaz de controlar, analisar e armazenar todas as formas de comunicação pessoal, incluindo compras on-line, chamadas de telefone celular, buscas no Google e mensagens privadas.

Wow. Que impressão.

Amie Stepanovich do Electronic Privacy Information Center.

Eles querem de-criptografar todos os dados. Por exemplo, quando você usa o Gmail, todos os seus e-mails são criptografados por padrão. O Centro estará projectado em torno da construção de sistemas que vão de-criptografar os dados e remover qualquer protecção que você pode utilizar.

Wow. Que novidade.

Steve Rambam, detective particular, fundador e CEO da Pallorium, Inc., uma agência investigativa:

Você está a caminhar na rua e uma câmara tira uma foto, pode compará-la, através do mapeamento facial, com a foto da sua carta de condução ou com outra foto qualquer, e dizer tudo bem, você estava no esquina da Baxter e Canal às três horas da Quinta-feira.

Wow. Deslumbrante.

Ou se calhar não. Se calhar é apenas lixo. E nada mais.
Porque tudo o que é vendido como “notícia”, em boa verdade constitui a nossa realidade. Não futura, mas presente.

Não é preciso chamar em causa o NWO, somos já controlados.

A CIA vai construir uma nova grande central para ver quais as nossas compras online? E porquê? É já possível fazer isso, sem gastar 2 biliões de Dólares. Mais: é possível seguir todas as nossas movimentações, cada vez que utilizemos algo de digital deixamos as nossas “impressões”.

As compras em qualquer loja, pagas com um cartão.
A conta do restaurante ou do café.
O bilhete do cinema ou do parque de estacionamento.
As portagens.
Os levantamentos nas caixas automáticas.

Tudo deixa rastos. Tudo fica gravado. E a CIA queria construir uma nova central? Para vigiar o nosso frigorífico? Ou para ler os nossos mails?
Porque, alguém acredita mesmo que Gmail guarde o nosso correio bem escondido, se calhar numa cave protegida, com uma criptografia impenetrável?
E se aparecerem os homens da CIA? “Ah, não, lamentamos mas sabem, são dados reservados…”.

A CIA precisa de construir uma central para ouvir as nossas conversas no telemóvel? O que é isso, uma piada? Já ouviram falar de Echelon? Não? Procurem com Google.

Todas as fantásticas novidades descritas neste artigo são coisas que já existem. A única autêntica estreia seria o controle dos frigoríficos e dos fornos microondas. Acerca da cuja utilidade tenho algumas dúvidas.

Mas mesmo que houvesse fornos espiões, não estou a ver grandes problemas.
Explico: nós desejamos ser controlados. Queremos isso ardentemente. E demonstra-lo é simples.

Já viram as câmaras nas ruas? Sim, com certeza viram. Alguém protestou? Não, ninguém. Porquê? Porque o nosso miserável cerebrinho diz: “Não temos nada para esconder, qual o problema?”.

É um raciocínio enganador, mas não importa, gostamos disso. Vendemos a nossa privacidade em troca de quê? De nada, meus senhores, de nada. Ou acham que os crimes baixaram desde a instalação das câmaras de vigilância?

Quantos entre os Leitores utilizam browser (navegadores) que permitem a navegação anónima? Poucos viabilizam uma navegação na internet verdadeiramente anónima, mas mesmo os mais simples permitem afastar os cookies, aqueles pequenos componente que permitem ser reconhecidos por parte dum site.

Segurança do correio electrónico?
Quantos entre os Leitores contactaram Gmail ou outro provider para perguntar “Então, mostrem lá como é que a minha privacidade é garantida” ? Quanto os leram a página acerca da privacidade de Gmail?

Google (dona de Gmail) por exemplo, armazena:

  • Informações fornecidas pelo utente (nome, endereço de e-mail, número de telefone ou cartão de crédito).
  • Informações do dispositivo (modelo de hardware, versão do sistema operacional, identificadores exclusivos de produtos e informações de rede móvel, inclusive número de telefone). O Google pode associar seus identificadores de dispositivo ou número de telefone com sua Conta do Google.
  • Informações de registo ( número de quem chama, números de encaminhamentos, horário e data de chamadas, duração das chamadas, informações de identificador de SMS e tipos de chamadas).
  • Informações de evento de dispositivo (problemas, actividade de sistema, configurações de hardware, tipo de navegador, idioma do navegador, data e horário da sua solicitação e URL de referência).
  • Informações do local (localização real, sinais de GPS enviados por um dispositivo móvel, dados de sensor do dispositivo que podem fornecer informações sobre pontos próximos de acesso Wi-Fi e torres de celular).

E, como explica Google:

Podemos colectar e armazenar informações (inclusive informações pessoais) localmente em seu dispositivo usando mecanismos como armazenamento no navegador da web (inclusive HTML 5) e caches de dados de aplicativo.

Olé.
E se acharem que utilizar Hotmail ou Yahoo seja mais seguro, então não estão a ver bem a situação.

“Tá bom”, pensará o Leitor, “mas depois as informações são guardadas em religioso secreto”.
Assim parece. Mas é a mesma Google que explica:

Informações que compartilhamos

Não compartilhamos informações pessoais com empresas, organizações e indivíduos externos ao Google, salvo em uma das seguintes circunstâncias:

Fornecemos informações pessoais a nossas afiliadas ou outras empresas ou pessoas confiáveis para processá-las para nós, com base em nossas instruções e em conformidade com nossa Política de Privacidade e quaisquer outras medidas de segurança e de confidencialidade adequadas.

Compartilharemos informações pessoais com empresas, organizações ou indivíduos externos ao Google se acreditarmos, de boa-fé, que o acesso, uso, conservação ou divulgação das informações seja razoavelmente necessário para:

  • cumprir qualquer legislação, regulamentação, processo legal ou solicitação governamental aplicável.
  • cumprir Termos de Serviço aplicáveis, inclusive investigação de possíveis violações.
  • detectar, impedir ou abordar de alguma outra forma fraude, questões técnicas ou de segurança.
  • proteger contra dano aos direitos, a propriedade ou a segurança do Google, nossos usuários ou o público, conforme solicitado ou permitido por lei.

 “cumprir qualquer legislação, regulamentação, processo legal ou solicitação governamental aplicável”.
Isso significa que não é precisa uma central de 2 biliões de Dólares, é só ligar com um telefones e dizer “Enviem os dados, é uma questão de segurança nacional”. Ponto.

Deixem em paz a Nova Ordem Mundial e respondam: quantos Leitores já contactaram Google (ou Hotmail, Yahoo…) para perguntar: “Olhem lá, alguma vez partilharam as minhas informações?”.

Resposta: nenhum.

Quantos Leitores fizeram o mesmo com o próprio banco, o supermercado, a bomba de gasolina, a sociedade que gere as portagens?
Resposta: nenhum.

E porquê?
Porque “não temos nada para esconder”. E porque afinal a vigilância é boa: afasta os maus, os bandidos, os terroristas…é por isso que continuamos a votar em pessoas que querem aumentar o grau de controle, para poder ficar mais descansados.

Então, o que fazemos nós para evitar de ser vigiados?
Resposta: nada.

E o problema é o microondas espião?

 

Those who would give up Essential Liberty to purchase a little Temporary Safety,
deserve neither Liberty nor Safety.
Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária
não merecem nem liberdade nem segurança.

Benjamin Franklin, Assembleia da Pensilvânia, 11 de Novembro de 1755.

 
Ipse dixit.

Fontes: Google, Russian Today, Resistance71

5 Replies to “CIA: o forno nos espiona”

  1. Olá Max: cada vez que a maioria de nós humanos mudamos a forma de ver o mundo,os outros e a nós mesmos, instalou-se uma nova ordem mundial. A nova ordem mundial, dentro da qual vivemos, nos faz acreditar que, quanto mais formos monitorados, mais seguros estaremos, quanto menos gente houver no planeta, mais satisfeitas estarão as nossas necessidades, quanto mais liberdade econômica houver, maiores serão as possibilidades para o nosso desenvolvimento econômico financeiro, quanto mais comprarmos, mais felizes seremos, quanto mais vermos Tv, mais informados ficaremos, quanto mais participarmos, mais integrados seremos, quanto mais nos endividarmos, mais atualizados nos tornaremos. Me parece que essas características, descrevem o perfil do sujeito comum desta nova ordem mundial, que se configura como um controlato no Ocidente, tentando tomar de assalto o mundo inteiro. Trata-se de uma maioria monitorada constantemente, assustada, para não dizer aterrorizada, bancarizados,consumistas,leitores do mundo e de si próprios na tela televisiva,participantes de grupelhos de qualquer coisa (torcidas,religiões,grupos de fãs… tentando se reconhecerem como políticamente corretos,endividados eternamente, ou seja, protótipos tão semelhantes comportamentalmente,tão dependentes e submissos,como nunca antes conseguido em anteriores ordens mundiais.

  2. MAX… e restantes, já agora!

    Leiam aqui e abram também o .doc relacionado… É só para distrair!

    Quanto mais controlo existir, melhor se conduz a MANADA!

  3. Max, correndo o risco de remar contra a maré…ao ler o texto fiquei com a impressão que a videovigilanvia é uma coisa má, apesar de ser uma intromissão na vida pessoal dos cidadão e que pelo simples facto de existir pode sempre ser mal utilizada recordo-me de vários exemplos onde a videovigilância é uma ferramenta preciosa como em pontes e tuneis ou troços de estrada de circulação variável, permite aos operadores em tempo real cortar o acesso, enviar socorro ou variar o sentido de transito. Não aprecio futebol, mas, é uma realidade, e aqui a videovigilancia possui uma função antes de mais dissuasora, um estádio de futebol num jogo muito concorrido e sem videovigilância significaria que no fim do jogo …só sobravam “as coleiras” dos adeptos…
    Por outro lado já não me agrada nada saber que quando estou a passear num parque ou numa rua posso estar a ser gravado… parece-me desnecessário, exagerado, mas é o que acontece em Londres e em outras cidades, isto sim parece-me claramente um abuso, não é dissuasor de criminalidade pois os criminosos também veem o CSI …e sabem que as camaras lá estão.
    No caso das superfícies comerciais…não me agrada…mas também sei que acontecem furtos e que as câmaras são dissuasoras, aqui…não tenho opinião formada…
    O que quero dizer com isto que a videovigilância é como o veneno, não esta propriamente na substância mas na quantidade de substancia e na forma como se administra.

Obrigado por participar na discussão!

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