As vendas dos Estados Unidos

Após os controversos dados acerca do desemprego, após a alegada retoma do sector imobiliário (que este blog nem publicou: uma retoma com os preços em queda? Mas por favor…), eis os dados dos Estados Unidos acerca das vendas ao retalho ao longo do mês de Janeiro de 2011.

Por questões de “peso” da imagem, a tabela aqui apresentada é apenas uma miniatura, sendo que a original pode ser encontrada neste link.

Mas vamos ao que interessa: como são os dados?

Muito bons, aliás, os melhores da história americana. As pessoas gastam, e nem pouco: parece uma autêntica febre das compras, o que é um óptimo sinal. Simplesmente, é o melhor sinal por qualquer economia, pois são as vendas (isso é, a procura) o verdadeiro motor do crescimento.

Não apenas isso, mas um aumento da procura é sinónimo de confiança: os cidadãos, apesar das evidentes dificuldades, acreditam que o País tenha os instrumentos para deixar a crise para trás, duma vez por todas. E neste sentido os EUA parecem ter encontrado o caminho da tão desejada retoma.

O quê? A tabela está invertida? Ah, pois é, desculpem. Ehi, mas assim os dados são uma porcaria, o contrário do que foi dito até agora…

Paciência: eis à direita a tabela com o sentido correcto.

A síntese é a seguinte: é este a pior queda “mês após mês”: o mergulho desde os 459.8 biliões de Dólares de Dezembro até os 361.4 biliões de Janeiro significa uma perda líquida de 98.5 biliões de Dólares. Num só mês? Sim, num só mês: é a pior queda na história das vendas ao retalho dos Estados Unidos.

E não há muito para acrescentar. Os sinais dos Estados Unidos estão em linha com os que chegam das outras partes do globo: a Europa está mergulhada numa processo masoquista de austeridade do qual apenas um mercado parece salvar-se, o alemão (até quando, cara Angela?); a China abranda, mesma coisa para o Brasil (segundo as previsões).

Nada de catastrófico, simplesmente a crise iniciada em 2008 ainda não foi ultrapassada. O que seria esquisito no caso duma crise cíclica “normal”, mas que faz sentido no caso duma crise sistémica.

Infelizmente o mundo ainda não conseguiu cortar o cordão umbilical com as economias europeias e, sobretudo, americanas. Em crise elas, em baixa os outros mercados também. É uma situação que irá resolver-se ao longo das próximas décadas, com o crescimento dum mundo multipolar (Rússia, China, Índia, Brasil…) que em princípio poderá ser sinónimo dum mercado mais equilibrado, do qual todos poderão obter vantagens..

Até lá, teremos que aguentar com estas pessoas que provocaram a crise e que agora querem resolve-la com as mesmas velhas receitas de antes…

Ipse dixit.

Fonte: Zero Hedge

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