Um Sábado bem empregue

Portugueses!
Não sabem o que fazer no dia de Sábado? Isso é, amanhã?

Eis que o amigo Mário Nunes, de Kafe Kultura, resolve o vosso problema..

A Câmara de Coimbra e as congéneres lousanense e mirandense (tradução: de Lousã e Miranda do Corvo, ndt) vão disponibilizar transporte gratuito para a acção de protesto que o Movimento Cívico de Cidadãos de Lousã e Miranda do Corvo promove no próximo sábado (amanhã, ndt), em Lisboa.

Este ano, o Movimento propõe-se cantar as Janeiras ao ministro da Economia e das Obras Públicas, Álvaro Santos Pereira.


Em Coimbra, o local de concentração é a rotunda das Lages, sendo que os autocarros deverão sair às 07h30. Por razões de logística, a autarquia solicita a inscrição prévia até às 17h00 de amanhã, dia 5 de Janeiro, através de telefone 239 857 565 (Gabinete de Comunicação) ou do endereço electrónico media@cm-coimbra.pt .

Na Lousã, as inscrições também decorrem até amanhã, às 12h00, no Espaço Internet e nas juntas das freguesias do concelho. A concentração está agendada para as 07h30 no Parque de Exposições.

Em Miranda, as inscrições podem ser feitas, também até às 12h00 de amanhã, junto do Posto de Turismo, através do número de telefone 239 530 316 ou do endereço electrónico turismo@cm-mirandadocorvo.pt ou ainda nas juntas das freguesias. A Alameda das Moitas, junto à rotunda da avenida de Padre Américo, é o local escolhido para a concentração. A partida para Lisboa está prevista para as 07h30.

A organização prevê chegar pelas 10h30 ao Largo de Camões. Meia hora depois, os manifestantes deverão estar a cantar as Janeiras junto do Ministério da Economia (rua da Horta Seca).

Às 12h30, os manifestantes param para almoçar no Parque das Nações (refeição livre/pic-nic), sendo que às 15h00 deverá ser iniciada a viagem de regresso a Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.

Sim mas afinal é para quê?

Eis o que explica o mesmo Mário:

Infelizmente já não temos o centenário Ramal da Lousã, pois fizeram o favor
de acabarem com ele, para desespero dos mais de 40.000 habitantes que vivem
nos concelhos de Miranda do Corvo e da Lousã, autênticos dormitórios de
Coimbra.

As pessoas procuraram em tempos, casas por terras de Miranda e da Lousã, por
estas serem mais baratas, que em Coimbra.

Para além da paz e da serenidade da região é possível ainda desfrutar os
ares da serra e a serenidade. Agora viram desvalorizar os seus imóveis e o
investimento de uma vida.

Para todos aqueles que nos visitavam o comboio tinha algo de mágico, de
nostálgico, que desapareceu infelizmente.

Aliás esta região está sob o ataque cerrado dos Governos de Lisboa, sejam
eles do PS ou do PSD, vimos fechar as urgências dos Centros de Saúde locais
(Miranda do Corvo e Lousã).

O Ramal da Lousã (também se finou), venderam-nos a ideia dum metro que não
passa agora dum milímetro e até as obras do IC3 podem vir a parar.
Tudo pára nesta região, alias ultimamente tornou-se “moda”…
Metro que teima em se afirmar desde 1996.

Só que nunca ninguém é responsabilizado, como já vem sendo um lugar comum
por todo o país, aqui não roubaram um pão, aqui foram largos milhões à
descarada e onde estão os carris? As antigas automotoras? A brita que
revestia a via férrea e as sulipas?

Para onde foram? Será que ninguém faz perguntas? Será que ninguém viu nada?

Será que ninguém ganhou dinheiro com o desmantelamento da linha e do Ramal
da Lousã?

Quanto dinheiro foi gasto nos aparcamentos e nas novas estações, ou nos
taludes e barreiras, entre Coimbra e Serpins?

Creio que mais de 100 milhões de euros.

Sabiam que bastavam 20 milhões para electrificar a linha?

E as polémicas demolições na baixinha de Coimbra?

E os estudos sucessivos pagos a peso de ouro desde 1996?

Se fosse um desgraçado que fosse apanhado com a boca na botija ia logo
dentro… Só que aqui foram gastos largos milhões, 20 milhões bastavam para
electrificar a linha, só que provavelmente já gastaram mais de 100 milhões,
e então ninguém pede contas?

Escaqueiraram um Ramal Centenário e soluções de transporte não há à vista…
Nem ninguém é responsabilizado?

Os habitantes e utentes do Caminho de Ferro de Miranda do Corvo e da Lousã
constituíram um Movimento de cidadãos que efectuou uma marcha lenta na EN 1,
com a participação de milhares de pessoas, (por duas vezes fomos a Lisboa) à
Assembleia da Republica, cantamos as Janeiras a José Sócrates, não
participamos nas Presidenciais (concelhos de Miranda do Corvo e Lousã),
protestamos em jogos de futebol da Académica de Coimbra, tentamos ser em vão
ser recebidos por dois primeiros ministros, ministros e secretários de
estado.

O Estado não tem comparecido às Assembleias da Metro Mondego.
Quem descalça agora a bota?

Vários grupos de parlamentares vieram a Miranda do Corvo.

Protestamos. Até agora obtemos uma mera declaração de intenções. Só que a
imagem parece que não passa na comunicação social. Pois neste país tudo é
permitido…

Em inúmeras reuniões do Movimento pugnei sempre pela responsabilização
criminal dos implicados, fui das poucas vozes a lutar, a remar. Apresentei o
texto que anexo, lancei-o a debate na página do Movimento no Facebook.

Nas obras ainda em curso foi gasto dinheiro do Banco Europeu de
Investimento.
Neste momento há duas empreitadas em curso que estão prestes a acabar.
Depois disso não há nada e as obras vão parar. As obras do Metro
Mondego/Ramal da Lousã nem sequer estão inscritas no QREN é a impunidade
total!

Parece que em breve também não haverá dinheiro para os autocarros e agora
quem descalça a bota?

Pois é, meus amigos: hoje o problema é de Lousã e de Miranda do Corvo, amanhã será Barreiros, Guimarães,Braga, Faro, Évora…

Pessoalmente não conheço Lousã e nem Miranda do Corvo, só fui em Coimbra (cidade bonita mesmo) e tenho óptimas recordações. Mas isso não interessa: o que a classe política está a fazer em Portugal é a sistemática destruição do património comum, me nome duma dívida falsa e duma retoma que não passa duma miragem.

Por isso convido não apenas os Leitores das zonas interessadas como também os outros a participar nesta iniciativa. Mesmo um simples acto de presença será sempre um sinal de que há alguém que resiste.

Resolverá os problemas? Não interessa. O que importa é fazer algo, não ficar imóveis enquanto o nosso mundo desmorona, porque uma vez desmoronado será tarde demais.

Para mais informações acerca do Ramal de Lousã podem consultar o artigo de Mário neste link.

Participem!

Ipse dixit.

9 Replies to “Um Sábado bem empregue”

  1. andei afastado… mas parece que a malta não aprende!

    "Creio que mais de 100 milhões de euros.

    Sabiam que bastavam 20 milhões para electrificar a linha?"

    Então… se podemos dar 100 milhões aos amigos porque carga de água salgada haveríamos de dar apenas 20 milhões?!?

    Não se esqueçam é de cantar a ZERO BEL…

  2. Obrigado Max, temos lutado contra o sistema para passar a mensagem.
    Apresentámos queixa no DIAP de Coimbra em Setembro do ano transacto e ainda não fomos chamados para prestar declarações.
    Há coisas muito esquisitas, breve faço-te chegar a história toda. Porque isto é digno dum filme (a história do Ramal da Lousã).

  3. Aproveitando o que disse o Mario Nunes, há muita coisa esquisita.

    Depois de ler este artigo fui ver os resultados eleitorais nas ultimas legislativas em Miranda do Corvo e na Lousã. Está abaixo o Link

    http://www.legislativas2009.mj.pt/legislativas2011/territorio-nacional.html

    Penso que nas próximas eleições a coisa haverá de ser semelhante, alternando talvez a posição dos 2 primeiros.

    Resumindo: se em vez de virem para Lisboa cantar as janeiras fossem para a Serra da Lousã dar cabeçadas nas pedras, o tempo seria bem melhor empregue.

    Haja paciência
    Krowler

  4. Li há pouco tempo um artigo em que a proposito da crise financeira dizia mais ou menos isto: 'Escolheram os incendiários para apagar o fogo'. Concordo. No caso dos caminhos de ferro, a situação é análogo. Resulta de uma politica de desmantelamento/alienação das nossas infraestruturas e património que será muito bem conduzida pelos habituais partidos do arco do poder.
    Daí eu ter desistido de participar em eleições há muito tempo.
    Se não querem não os ponham lá. Agora se os puserem lá não se queixem depois, Em ultima instância a responsabilidade é de quem os escolheu.

    Krowler

  5. A verdade Krowler é que independentemente do resultado das eleições, a população uniu-se, juntamo-nos todos em torno de uma causa comum, PS, PSD, BE, PCP e CDS, juntaram-se ainda quatro concelhos nesta luta (Coimbra, Góis, Miranda do Corvo e Lousã), coisa rara neste país, meu caro amigo, para além disso, não alinho nem no PS nem no PSD e sempre naveguei em águas da esquerda, algures entre o PCP e o BE, tendo inclusivamente sido candidato pelo BE à Câmara Municipal de Miranda do Corvo.
    Por isso este caso meu amigo deve ser um caso único no país, superamos as diferenças em prol dum bem comum e não nos deixamos comer pelo poder central. Coisa rara noutros cantos do país, por aqui os serranos, ainda pensamos e estamos prontos a reagir e a inundar e a paralisar a capital, por duas vezes fomos à Assembleia da República e pusemos os nervos em franja à PSP, ontem fomos ao Ministério da Economia e enchemos o Largo do Camões. Ah já me ia esquecendo boicotamos as eleições presidenciais esquecestes de referir isso. As eleições foram boicotadas em Miranda do Corvo e na Lousã, pelos vistos não lestes as notícias como deve de ser.
    Desculpamos-te tamanha ignorância pelos visto quem anda às cabeçadas às pedras não somos nós que nos refugiamos debaixo da capa do anonimato.

  6. Mario Nunes, sobre a questão do anonimato vou passar por cima. Deixo o tópico para o Max, Fada, Burgos, Voz ou qualquer outro membro deste forum responderem caso entendam.

    Sobre o meu post, o que está em causa é a memória colectiva ou melhor, a falta dela.

    Concordo com boicotes a eleições pois já faço isso há muito tempo. Já não contribuo para esse peditório. Só iria votar se fosse obrigado, e nesse caso penderia para a esquerda.

    Concordo com manifestações pois são um sinal que nem todos estao em coma induzido. Duvido contudo, da eficácia da maioria delas, sobretudo aquelas organizadas pelos sindicatos.

    No caso da Lousã e Miranda do Corvo, se conseguirem ultrapassar as diferenças e lutar pelo bem comum é um optimo sinal. Que se repita pelo país inteiro. Estaríamos no bom caminho. Vamos aguardar pelas próximas eleições para ver.

    abraço
    Krowler

  7. Olá Krowler: me parece que conseguir ultrapassar diferenças pelo bem comum é uma condição para o amadurecimento político, e a relativização dos partidos. Concordo contigo e cumprimento o Mário. Abraços

Obrigado por participar na discussão!

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