Ponto de viragem: 360 graus à direita

Na reunião do G20, em Paris, poucas palavras, muitos factos.
Ou talvez o contrário.
Aliás, o contrário: nada de factos, muitas palavras.

Os Ministros das Finanças e os Governadores dos Bancos dos Rothschild…não, não era isso…”Centrais”, sim, isso mesmo: os Banco Centrais enviaram para a Europa um verdadeiro ultimato: “Então, o que é isso? Ohé? Mas estamos a brincar? E isso, e aquilo, e que raio!”.

Que traduzido significa: no dia 23 de Outubro terá de ser encontrada uma solução para a crise.

Solução definitiva, algo que devolva o esplendor do sol no céu acinzentado da economia mundial, para que volte o sorriso nos rostos de grandes e pequeninos.


O Ministro das Finanças japonês, João Honda Mitsubishi (aka Jun Azumi, mas os nomes não são muito importantes, pois as ideias não são deles):

A Europa precisa duma acção comum e concertada porque, caso a crise não acabe, começará a contagiar as economias emergentes. Banzai.

Sabedoria oriental, nada a apontar.
E o homólogo britânico, Zé Robin Hood (também conhecido como George Osborne):

Os outros Ministros das Finanças da Zona Euro deixaram Paris tendo bem claro que há uma enorme pressão para que seja encontrada uma solução.

Palavras que pesam como pedras. Pedras pesadas, claro.
No meio de tanta perspicácia, não podia faltar a declaração do Ministro das Finanças francês, Nuno Edith Piaf (François Baroin para os amigos):

Berlim e Paris estão no bom caminho para um acordo na redução da dívida grega, travar o contágio e proteger os bancos europeus.   

Com certeza, parbleu!
Mas qual poderá ser esta solução?
Uma mágica pedra que transforma o lixo em brilhantes moedas de ouro?
Um secreto ritual voodoo que mata os credores e protege os devedores?
Uma ancestral dança africana para multiplicar as pipocas, que não serve para muito mas dá jeito nos cinemas?

Não, o que todos querem é o aumento do capital do Efsf, o European Financial Stability Facility, o fundo para salvar os Estados falidos.

Porque perante uma crise não temos que tratar das causas, mas dos efeitos. Este é o melhor dos ensinamentos.

Implementar medidas para que um País volte a produzir? Apostar nos recursos internos? Devolver a soberania monetária aos cidadãos? Medidas excepcionais para resolver a praga do desemprego? Cortar as regalias das elites políticas e financeiras e apostar mais na ajuda aos mais desfavorecidos? Novas regulamentações contra a especulação selvagem?

Meus senhores, estas são medidas que pertencem ao passado, são velhas. E se podem ter funcionado no passado não significa que possam funcionar hoje: afinal o Leitor usa o cavalo ou o carro? Em frente, temos que olhar para a frente.

O futuro está na dívida: um Estado não consegue pagar as próprias dívidas? Com o Efsf eis que é possível substituir a dívida com outra dívida.
E mais: que tal redistribuir a dívida grega? Um pouco para a Alemanha, um pouco para a França…não é brincadeira, é uma séria hipótese de trabalho, como confirma Bloomberg.

E o simpático Durão Barroso fala dum:

mecanismo de garantias para Países que estão a enfrentar problemas de liquidez nos seus bancos. Temos de ajudar esses países a encontrar uma forma de conseguir algum financiamento para às empresas, aos pequenos empresários e às famílias.

Financiamento. Isso é: outra dívida.
É genial, temos de admitir.

Estamos perante algo de revolucionário, uma medida nunca tentada antes mas que, com certeza, representará o ponto final desta crise.

Por isso, no próximo dia 23 de Outubro, a reunião do Conselho Europeu (o convívio das Mentes Pensantes mais Pensantes) será um marco na história da Humanidade.

Eis o calendário:

Sexta-feira dia 21 de Outubro: reunião extraordinária dos Ministros da Economia da Zona Neuro.
Ordem do dia: “O dinheiro acabou, a economia não funciona: que tal utilizar o dinheiro dos cidadãos para ajudar os bancos privados?”

Sábado, dia 22 de Outubro: Conselho da Zona Neuro.
Ordem do dia: “Mas que ideia revolucionária e fantástica, vamos a isso”

Domingo, dia 23 de Outubro: Reunião dos lideres da Zona Neuro.
Ordem do dia: “Então está decidido, são eles que pagam, não nós, ora essa, era só que faltava”.

Preparem as garrafas de espumante.

Ipse dixit.

Fontes: Il Corriere della Sera, Jornal de Negócios

5 Replies to “Ponto de viragem: 360 graus à direita”

  1. Olá Max: achei um desenho animado no site do Doc.verdade muito engraçadinho. Em meia hora conta a história da economia não virtuosa encabeçada pela família Rohtschild.
    No final exorta o povo norte americano, grandioso e nobre, a se superar, mas mesmo assim acho que vale a pena. Abraços

  2. Olá! só para avisar que há um selo para si no meu blog: asminhasmaosdetesouranewsletter.blogspot.com

    (não precisa aceitar este comentário nem publicar o selo pois sei que nao tem nada a ver com o conteúdo deste blog. nao deixa, no entanto, de ser um dos blogs que mais aprovo 🙂 )

    beijinhos*

  3. Pena que nenhuma reunião irá ocorrer…

    … foram marcadas para ter início no fim do mundo bíblico do post anterior…

    🙂

Obrigado por participar na discussão!

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