O que é esta raio de crise? Parte III

Última parte desta tentativa para perceber a crise.
Prontos?
Mas prontos mesmo?
Ok, então vamos.

Crises cíclicas e sistémicas

Nos media mainstream podemso encontrar gráficos, desenhos e muitas boas palavras para tentar explicar os que, na verdade, são conceitos bastantes simples.

É óbvio que um sistema que continua a pedir sacrifícios, mais taxas e que enche uma bolha especulativa virtual, cedo ou tarde é destinado a rebentar. Falta sustentabilidade.

Culpa do Capitalismo? Não, o Capitalismo não tem nada a ver com esta crise.
Um acaso? Não, nada de acaso aqui.
Culpa nossa que vivemos “acima das possibilidades”? Mas por favor…

A culpa é de quem quer a crise.
Ponto final.


Se o sistema, que como vimos não bombeia a riqueza de forma justa mas aspira a mesma em direcção ao topo, continua a subtrair recursos à base, e se mesmo assim o topo continua a deixar que tudo aconteça, então é óbvio que não de “acidente de percurso” temos que falar mas de deliberada vontade.

Cedo ou tarde não haverá mais nada para ser aspirado e os sacos virtuais no topod o sistema ficarão vazios.
Esta é a altura certa para introduzir uma grave crise.
Esta é a altura que estamos a viver.

A elite tem mais interesse na criação dum sistema novo em vez de ajustar o actual: a construção, tal como as guerras, as privatizações, as conquistas, as reconstruções, darão a dupla vantagem de partir do zero, num sistema virgem e pronto para ser explorado; e isso permitirá voltar a encher os sacos.

A isso podemos acrescentar um Mundo com menos população, mais pobre, mais fácil de controlar.

Resumindo, as crise podem ser divididas em cíclicas e sistémicas.
A crise cíclica acontece quando há uma crise que atinge uma zona específica, no puro âmbito económico, limitada no tempo e no espaço.
É prevista por todas as teorias económicas, podemos defini-la como “crise fisiológica”.

A crise sistémica, pelo contrário, é bem mais profunda: a ser posas em causas são as mesmas bases que regem todo o sistema. É alimentada em grande parte pela bolha especulativa criada com o passar do tempo, de form aque não seja possível uma recuperação nos mesmos moldes nos quais a sociedade evoluiu até o momento.
São as crises das quais não podemos sair, não com os métodos clássicos.

Mas porquê?

Mas porquê uma elite económica-financeira decidiu uma grande crise, mesmo agora?

Porque o panorama tem de mudar. É preciso introduzir uma distorção que, com guerras e revoltas, levará até um novo sistema que poderá garantir a continuidade através da mudança.

A elite poderá reciclar-se num novo centro de poder: ontem a Inglaterra, hoje a América, amanhã a China.

Uma crise sistémica que vai bem mais além da área económica e que acaba com o abranger aspectos estratégicos e políticos. Todas as passagens de poder que conseguiram mover o cento físico do poder ocidental foram obtidas com guerra se/ou revoluções e todos foram antecipados por uma crise sistémica.

O poder mercantil-bancário finge a própria morte para poder manter o anonimado e se prepara em vista dum novo ciclo histórico, não apenas económico.

Porque é importante sublinhar, mais uma vez, que o objectivo final não é o dinheiro: não estamos perante um grupo de bandidos que vivem só para acumular notas, esta seria uma visão infantil.

O que interessa é que nesta fase os povos envolvidos acabam com o pôr em pratica aquelas medidas que a elite deseja: as revoltas, as revoluções sociais, ajudam a reconstituição da nova elite (que, na verdade, é sempre a mesma, só com nova roupa).

Dúvidas? Vejam o que aconteceu com a Revolução de Outubro, na Rússia de 1917.

Voltamos atrás e tentamos perceber.

Porquê a China, País comunista, de repente (relativamente falando, óbvio) começa a abandonar cada vez mais a própria alma “vermelha” para mergulhar num mercado que até poucos anos antes desprezava?

Porquê os Estados Unidos deixaram que a China pudesse tornar-se o maior detentor da dívida americana? Ninguém tinha reparado nisso? Sério?

Porquê os governos ocidentais eliminaram todas as normas que impediam a importação de bens fabricados no Oriente?

Porquê Europa e Estados Unidos começaram há alguns anos uma maciça deportação da capacidade produtiva para a Ásia?

Porquê ainda hoje estamos submergidos de produtos Made em China, muitas vezes de baixa qualidade, que não respeitam as mais elementares normas de segurança? Porquê um estabelecimento é forçado a fechar caso não sejam respeitadas tais normas enquanto uma loja chinesa pode vender artigos que podem causar sérios prejuízos às crianças (e isso com tanto de marca CE falsificada) sem que nada aconteça?

Porquê os nossos sindicatos permitem que as mercadorias chinesas invadam os nossos Países apesar de ter sido fabricadas sem nenhum respeito dos trabalhadores, do ambiente e, mais no geral, das mais básicas normas de concorrência?

Porquê uma empresa ocidental é crucificada (justamente) por explorar os trabalhadores, até com violentas campanhas nos media, enquanto nada disso acontece com as homologas chinesas que podem continuar a desfrutar até os trabalhadores menores?

Porquê nenhum organismo ocidental controla, por exemplo, os métodos de produção utilizados na mercadoria que é adquirida e depois revendida por empresas ocidentais?

Sim, podemos encontrar mais razões por cada uma destas perguntas. Mas há uma que explica isso e muito mais: porque a grande mudança geo-política já começou.

Cavalgar a crise

Qual hoje a coisa mais temida pelo poder real?
Uma verdadeira revolução. Não telecomandada, mas verdadeira, de pessoas fartas.

Por isso temos os convites para “manter a calma”.
Ganham tempos, de forma que os políticos (servos do sistema) possam continuar a esvaziar os Estados, a vender as últimas migalhas de riqueza. E deixar assim que o processo de demolição controlada continue.

Temos assim as acusações aos “especuladores” que arruínam o sistema.
Temos a culpa que é de apenas alguns banqueiros.
Temos movimentos e organizações que falam de reduzir o nível de vida, de reduzir o crescimento, de crise do Capitalismo, do aquecimento global, de Nibiru, dos cometas assassinos, da New Age.
Temos movimentos encarregues de ridicularizar o assunto Nova Ordem Mundial, como se não fossem suficientes os delírios espontâneos de alguns iluminados da web.
E, de facto, um bom 90% daquilo que pode ser encontrado na internet acerca do assunto NWO é puro lixo.

Paralelamente temos algumas guerras locais (caso da Líbia) que têm como função distrais (na verdade esta como as outras revoltas africanas e medi-orientais têm outros objectivos também de mais longo prazo). Pois distrair é fundamental para não perceber, para manter a ignorância.

Só assim será possível evitar uma verdadeira revolta.

E alcançar, com o sorriso nos lábios, a nova Terra Prometida.

Onde todos seremos livres de comer em abundância uma tijela de arroz.

Ipse dixit.

O que é esta raio de crise? Parte I
O que é esta raio de crise? Parte II

Fonte: Mondart

10 Replies to “O que é esta raio de crise? Parte III”

  1. Max:

    Ainda penso que o planeta não suporta o que estamos fazendo. Se a trama é esta: incentivar a favelização das cidades (aqui no Brasil é fato notório), arruinar com a capacidade do planeta de se regenerar, liquidar com as matas nativas, com os manânciais hídricos (há relatos de córregos e até de rios que secaram), a trama é muitíssimo bem engendrada e visível. E o capitalismo, assim como a sociedade à ele está acostumada, uma engenharia dos Senhores do rebanho, não se sustenta. Basta olharmos nossas cidades. Talvez uma correção de rumo, como sugeriste, seja suficiente.

    Uma revolução genuína? Mas como identificá-la? Será suficiente a Nato não estar envolvida? A desinformação alcançou uma dimensão insuspeita (nem tanto insuspeita, suspeitamos, e muito). Você tem razão sobre a política de terra arrasada, fica mais fácil vender uma novidade depois da desgraça estabelecida. Mas ainda pergunto: será mentira, ou ilusão de ótica a percepção da deterioração da vida que nos cerca? Ou os fios estão sendo bem puxados e conduzindo o gado para o abate? Será que os caras são tão perfeitos e conseguem fazer-nos acreditar num mundo apocalíptico, ou ainda, manipular para que realmente ele esteja na situação em que se encontra? Lógico, isto na minha percepção. Será que esta minha percepção possa ser tão infundada, ou pior, tão doutrinada? Perdi o senso total? Meu senso seria o que o meu senhor me designou? Bem, chega de filosofices. Mas que rios secam, secam.

    Até.
    Walner.

  2. Max, obrigado pela atenção na resposta da postagem anterior. Esclareceu muito e passo a perceber teu raciocínio. Com certeza se tivesse lido a tempo, nem seria necessário meu comentário acima.

    Até.
    Walner.

  3. Não Walner, o comentário não é supérfluo.

    Porque além dos problemas com uma elite empenhada a controlar os recursos, temos este problema também: os recursos não são infinitos, mas sim limitados.

    O bacalhau, por exemplo, está em risco de extinção (e esta seria a verdadeira morte de Portugal) e com ele muitos outros animais e plantas.

    Isso para não falar das fontes de energia, em primeiro lugar o petróleo.

    Não é um problema secundário e cedo ou tarde esta realidade acabará por apresentar-se em todo o seu drama.

    É paradoxal, mas enquanto no planeta há cada vez mais pessoas, em Portugal avança a desertificação do território: isso porque estamos a crescer de forma não equilibrada.

    Não sei qual poder ser o limite de sustentabilidade do planeta, mas acho que não interessa: é esta sociedade que em breve atingirá tal limite, independentemente das reais potencialidades do planeta.

    A China está a comprar vastas áreas de terra na África, com o objectivo de torna-las zonas agrícolas: isso porque o problema é conhecido e não é apenas teóricos. Alimentar todos será tarefa cada vez mais complicada se a exploração sem critério da terra acabará nos moldes actuais.

    Não é um por acaso que algumas mentes "iluminadas" falam de redução da população.
    Eu não concordo, gostaria antes de saber quantas pessoas pode suportar a Terra.
    Mas, como afirmado, isso interessa relativamente porque o sistema, o nosso sistema, não mudará de forma suficiente; pelo que, os limites serão atingidos em breve.

    Abraço!!!

  4. Depopulação sim, mas não nos moldes chineses, nem dos Senhores da Terra. Uma imposição de cima pra baixo. Há de haver uma conscientização do homem de forma natural. O indígena deste novo mundo sempre controlou sua população por saber dos recursos que o cercavam e da necessidade da natureza se restabelecer de suas ações. Havia um rodízio dos espaços de culturas. O que o homem branco veio a aprender com estes nativos, mas que até hoje é pouco utilizado de forma racional. È preferível encher a terra com química e defensivos e nos encharcar destes produtos nocivos. Daí muitas de nossas doenças, portanto, mais frequencia nos nossos hospitais. Talvez a resolução de tudo, passe pela conscientização por intermédio da educação. O ser humano se desligou da natureza por completo e ainda há gente esperando que a tecnologia venha a corrigir todos os erros cometidos. Daí, talvez, tanta passividade.

    Até.
    Walner.

  5. A governação dos países feita pela benca desta vez toca à Itália:
    fada do bosque

    Soube-se hoje, pela publicação do documento estritamente confidencial no Corriére della Sera que o governo de Berlusconi recebeu instruções secretas do Banco Central Europeu (uma carta de Jean-Claude Trichet a Mario Draghi do Banco Central de Itália), para que mande cumprir um programa politico: desregulamentar mais a economia, tornar o trabalho mais flexivel e multiplicar as privatizações. http://www.corriere.it/economia/11_settembre_29/trichet_draghi_inglese_304a5f1e-ea59-11e0-ae06-4da866778017.shtml?fr=correlati
    Estamos a ver bem a política da UE, não estamos? Espero bem que isto impluda ou expluda…

  6. Voltei depois de algum tempo meio isolado.

    Não sei se ajuda ou serve de consolo, mas a biomassa das formigas é maior e mais pesada do que a de nós humanos aqui no planeta. A diferença é que elas trabalham melhor, em harmonia com todas as outras e e em sintonia com a natureza.

    Abraço

  7. olá todos: quanta coisa interessante dita nos comentários desse post pessoal! como gostei!Tô comentando de cima para baixo, não por falta de sinal, mas por falta de tempo. De onde estou voltando não existe, acertadamente creio eu, muita pressa. As conversas se extendem, voam longe, e existe silêncios, não porque não haja o que dizer, mas para dar tempo de saboriar o significado profundo de cada expressão dita. Então, lamento mas faltou tempo para ler e digitar.
    Mas voltando ao post e aos comentários, soube (não posso provar) que ano passado os chineses adquiriram milhares de hectares na Patagonia, e não só os chineses (como comentei em outro post). Estão comprando estancias naquelas bandas, ou seja, não que as estancias, muitas não estejam nas mãos de estrangeiros aos argentinos, o que nota-se e que o estrangeiro mudou de estampa.
    Quanto a quanta gente cabe na terra, quanto alimento é preciso plantar etc, não é uma questão de terra versus enxame. Me parece que claramente é uma relação de controle de poder que espreme muitos em território inóspito, evita política, social e econOmicamente a distribuição equitativa de muitos outros, permite viver, condena a morte, enfim, determina fluxos e fixações em função de domínio e não em função da sobrevivência equilibrada em âmbito global.
    Caríssimos, onde não há fronteiras, os seres vivos se organizam e prosperam; gado solto não morre amassado contra o arame.
    Abraços

Obrigado por participar na discussão!

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