De volta ao passado

E começamos a semana com uma boa notícia: a nossa sociedade está preste a acabar.
Diz Joseph A. Tainter:

“O colapso, se e quando ocorrer novamente, desta vez será global. Já não é possível o colapso duma só nação. A civilização mundial irá desintegrar-se toda. Os que evoluem da mesma forma, colapsam de maneira similar”.

Até que enfim um pouco de são optimismo.
Tainter deve ter lido a Teoria Olduvai.

O vale de Olduvai, na verdade, não tem nada a ver com a teoria: é só um pretexto.
O vale de Olduvai é isso mesmo, um vale com com cera de 50 quilómetros de comprimento e 295 de profundidade, nas planícies do Serengeti, na Tanzânia.
Olduvai é defenido como o “berço da humanidade” pois aqui foram encontrados, além duma rica fauna fósseis, os restos dos hominídeos mais antigos com ferramentas de pedra que datam de 2,1 milhão anos atrás.


O nome deste sítio arqueológico foi usado para baptizar a teoria que diz que a civilização industrial entrará em colapso e a humanidade terá um rápido declínio, até voltar para a idade da pedra.

Um exagero?
Eh, um pouco. Já voltar para a Idade Média não seria nada agradável, especialmente para nós ocidentais, mimados que usam a eletricidade para tudo, até para escovar os dentes.

Resumindo, a Teoria Olduvai afirma que a expectativa de vida duma civilização industrial é de 100 anos, mais ou menos, de 1930 a 2030.

Porquê 1930? Porque a lei de Ackerman (1932) define como E = energia / população.
A civilização industrial nasce quando atingir a produção per capita de energia de 30% do seu valor médio e termina quando cai para o mesmo valor, fazendo uma curva.

Não perceberam? Não é um problema, nem eu.
 
A Teoria tem cinco postulados:

  1. O crescimento exponencial da produção de energia do mundo termina em 1970;
  2. Os EUA antecipam a teoria Olduvai (crescimento em 1954-1979, estagnação 1979-2008, declínio até 2030);
  3. O declínio da Civilização Industrial começará no período 2008-2012;
  4. Quedas de tensão e blackout são indicadores do declínio;
  5. A população mundial vai diminuir com a chegada do ano E, isso é, quando voltará para o valor de 30% de produção per capita de energia do seu valor médio.

Agora, vamos ver.

O ponto número 1 já foi.
Também o ponto 2 já foi.
E o ponto 3? Também: é preciso ter em conta o pico do petróleo, o abrandamento da produção mundial do mesmo e a aceleração da produção mundial de carvão.
Blackout ocorreram e ocorrem continuamente. É suficiente procurar “blackout” num motor de pesquisa de internet: começaram no Nordeste dos Estados Unido em 2003.

E o ponto número 5? Este é o ponto mais fraco, pois a população não apenas não diminuiu mas aumentos. E as previsões são para novos aumentos.

A Teoria de Olduvai falhou?
Talvez.

Pessoalmente não acredito num regresso até a Idade da Pedra. Acredito, isso sim, que seria preciso encontrar um novo equilíbrio, caso contrário haverá muitos problemas. Em primeiro lugar, cada vez mais guerras para o controle dos recursos.

E, com certeza, a nossa sociedade está bem longe dum equilíbrio qualquer.

Terminamos com uma frase com Fred Hoyle, 1964:

Costuma-se dizer que, se a espécie humana não conseguir resistir aqui na Terra, algumas outras espécies assumirá o controle. Esta frase não está correcta quando se trata de desenvolvimento da inteligência. Aqui fala-se de requisitos físicos.

Na verdade nós, como espécie, em breve teremos esgotados os pré-requisitos físicos necessários para este planeta. Uma vez acabados o carvão, o petróleo, os campos com altas concentrações de metais, nenhuma outra espécie poderá replicar a longa viagem desde as condições primitivas até o alto nível de tecnologia actual.

Esta arma tem apenas um tiro disponível. Se falharmos, este sistema planetário terá falido no plano da inteligência.

Ipse dixit.

Fonte: Oilcrash, Blogdrome

10 Replies to “De volta ao passado”

  1. Max,

    aproveitando o tema deste post, faça um comentário sobre o mais recente relatório do GEAB: http://resistir.info/crise/geab_57.html

    Eu achei que estão valorizando demais a União Européia, não vejo a situação do Euro como eles, mas não sou economista. Qual sua opinião ??

  2. Acho que quando ele afirma que voltariamos a idade da pedra, ele quis afirmar que não teriamos como usar os recursos que nos fazem "evoluidos tecnologicamente", portanto ser o declínio sem freios, também acho que não funciona assim, mas é possível pois haverão guerras, não haverá equilibrio, os que sobram formam tribos, não da mesma forma que na idade da pedra lógicamente, mas bem parecido…

  3. Um caos organizado por alguns – a superclasse: um neo-feudalismo, uma nova ordem a seguir ao caos.

    -> A superclasse (alta finança internacional – capital global, e suas corporações) não só pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)… como também… pretende conduzir os países à IMPLOSÃO económica/financeira.
    -> Como seria de esperar, a superclasse é anti-povos que pretendem sobreviver pacatamente no planeta…
    .
    -> Não podemos pactuar com os 'Democratas Holocáusticos' – são aqueles que pretendem democraticamente determinar a eliminação de Povos/Identidades -,… visto que o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA é um Direito Universal… assim sendo: há que respeitar aqueles que possuem disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência.
    .
    .
    —>>> Apesar de os portugueses não serem a nação mais antiga da História… será que os portugueses devem abdicar da existência duma Pátria sua?
    RESPOSTA: na minha opinião, NÃO!!!
    .
    Concluindo: Não vamos ser uns 'parvinhos-à-Sérvia'…. antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência… e SEPARATISMO!
    .
    Nota: Quando se fala em SEPARATISMO-50-50… não se está a falar em apartheid, mas sim, em LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA, ou seja, separatismo puro e duro: uma Nação, uma Pátria, um Estado.
    .
    .
    P.S.
    -> Uma NAÇÃO é uma comunidade de indivíduos de uma mesma matriz racial que partilham laços de sangue, com um património etno-cultural comum.
    -> Uma PÁTRIA é a realização e autodeterminação de uma Nação num determinado espaço.
    -> Ora, existindo não-nativos JÁ NATURALIZADOS com uma demografia imparável em relação aos nativos… como seria de esperar, abunda por aí muita conversa para 'parvinhos-à-Sérvia'..

  4. Olá Anónimo!

    Ainda não vi o relatório Geab mas o que Vc. descreve é a marca de água de Europe 2020 (o grupo de prepara o Geab) e que pode ser resumida assim:

    – o Dólar é uma desgraça
    – a Libra ainda pior
    – o Euro tem alguns problemas, mas nada de grave pois em Bruxelas trabalham bem e já prepararam tudo.

    É a visão típica de quem opera no centro Europa (Europe 2020) e está e a razão pela qual deixei de publicar o Geab de forma regular: não estou interessado em ler o último boletim da elite económica franco-alemã e penso que para os Leitores aconteça o mesmo.

    Não estou interessado em ler a cada 15 dias que o Euro é forte, o Euro é bom, o Euro é a solução quando, ao olhar fora da janela, podemos ver uma realidade totalmente diferente.

    Mas espreitar o Geab não faz mal, tendo sempre presente quais os "defeitos" dele.

    Abraço!!!

  5. Olá Pedro!

    De facto, esta é a leitura mais correcta. Temos que aprender a utilizar os recursos (que são limitados) de forma diferente para poder alcançar um novo equilíbrio.

    Caso contrário, mais do que uma descida abrupta vejo um lento decréscimo, com algumas guerras para partir a monotonia…

    Abraço!!!

  6. Olá PVNAM!

    Hoje mesmo pensei em traduzir um artigo que fala disso, o caos induzido pelas elites para alcançar um novo panorama.

    Mas como estou muito mal humorado, deixo isso para outro dia. Há muito de que falar acerca deste assunto e quem vive na Europa pode bem perceber o que se está a passar.

    Abraço!

  7. Também não creio que voltaríamos a idade da pedra. Os resíduos metálicos podem ser reciclados (podem né?), e em questão energética temos alternativas, como a solar, elétrica… Vide a roda de Copenhague.

  8. Isso me fez lembrar também sobre o declínio das mais extraordinárias civilizações antigas.

    Ja pararam para pensar que a maioria dos povos mais fantásticos e desenvolvidos da antiguidade entraram em colapso? Isso também me faz lembrar sobre um ciclo, do tempo talvez, ou dos acontecimentos…

  9. Mau humor… claro! Hoje é segunda-feira! 🙂

    Nem todas as nações se deixarão "derrubar"… temos alguns (poucos) políticos descentes… temos alguns (poucos) cidadãos propensos à lutar pelos seus direitos e fazer o que for preciso (obrigação) para sustentá-los… e há o protencionismo…

    A raiz dos problemas é a ganância (the root of all evil). Ponto final. Os bancos privados são à máxima da ganância… o juros… a busca incansável pelo lucro… a competitividade…

    Há como existir um mundo não muito diferente do de hoje, com significavelmente maior população do que hoje, sem ter um mínimo problema de escassez de recursos…

    Utopia? Há nivel global, SIM… à nivel regional… não…

    Só identificar os individuos dispostos, a localidade propensa e pronto… independente de etnia, cultura, raiz…

    Utopia… utopia…

    Boa semana!

Obrigado por participar na discussão!

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