Grécia: vozes e notas

Como notícia começa mesmo mal: o site ZeroHedge reporta um artigo do diário turco Hurriyet, o qual relança um notícia do alemão Bild, que por sua vez fala dum alegado relatório da CIA.

O estilo é “o meu primo tem um amigo cuja namorada tem uma tia que ouviu dizer que…”; em princípio nem valeria a pena falar disso.

Mas a Grécia vive uma situação bem particular, uma espécie de beco sem saída, potencialmente explosiva: sai do Euro? Não sai do Euro? Nem sei se o problema já é este.

Talvez seja mais: explode? Não explode? O que é diferente.

Porque se até hoje falámos dos bancos, do empréstimo, do FMI, das medidas, é verdade que na Grécia há os Gregos também: e os Gregos são actualmente 11 milhões de pessoas bastante enervada. Eis que a notícia pode ser um sinal. Ou um sintoma.

Segundo tal alegado relatório da CIA, a agência americana avisa que a situação na Grécia é explosiva (mas que análise profunda…) e que será cada vez mais difícil conseguir manter sob controle a situação.
O Prefeito de Atenas,  Giorgos Kaminis, advertiu contra condições semelhantes a duma guerra civil:

É um risco, no curto prazo, ver Atenas como Beirute, como a capital do Líbano na década de setenta
 
O alegado relatório fala abertamente de conversações secretas entre grupo de rebeldes. Um golpe de Estado? Nestas condições não é uma hipótese que possa ser excluída.
Até aqui o relatório no artigo do Bild, diário que tem a mesma credibilidade dum discurso de Barack Obama.
Há outras notícias, bem mais atendíveis. Uma em particular: na semana passada a Grécia esteve perto do pânico de massa. Uma pequena corrida aos bancos, começada na Quarta e culminada na Sexta-feira. A razão? O medo. como sempre nestes casos.
A classe política grega é fortemente dividida e o panorama no estrangeiro não ajuda, com alguns Países (como a Finlândia) fartos de deitar o próprio dinheiro num buraco sem fim.
Por isso: medo de ver a própria conta congelada ou até de ficar sem dinheiro.
Segundo os bancos, em poucos dias foram retirados 1.500 milhões de Euros, 4.000 milhões no mês de Maio contra os 2.000 milhões de Abril. Pequenos montantes, desde 2-3.000 até 10-15.000 Euros.
Por isso as notas de 200 e 500 Euros tinham desaparecido já desde meio-dia: é mais fácil esconder uma nota de que muitas notas.
Nalguns casos, os funcionários dos bancos tentaram avisar os clientes acerca dos perigos de roubos, em particular os clientes mais idosos, mas não foram ouvidos. Deve ser esquisito ouvir um ladrão dizer-te para ter cuidado com os furtos.
Ainda uma vez, a mágica receita do FMI produz frutos mirabolantes. Um País com sérias dificuldades, que todavia poderiam ter sido resolvidas com uma reestruturação consensual da dívida, tornou-se um barril de pólvora, perto da desintegração.
Próxima paragem: Lisboa.

Ipse dixit.

Fontes: Bild via Hurriyet via ZeroHedge, Thema

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