Oh man…

Oh man…não, é Oman, tudo junto e sem “h”.
Omã em bom Português.

O Oman é uma pequena maravilha: a maior parte do território é desértico, mas a dura geografia é compensada com um clima horrível, quente no Inverno mas também quente e húmido no Verão.

Neste cantinho de Paraíso, grande mais do que o dobro de Portugal, moram três milhões de pessoas, governadas há quarenta anos pelo Sultão Qābūs bin Saʿī Āl Saʿīd, filho de Sa‘id ibn Taymur da dinastia Al Bu Sa’idi, e mais não digo.

Qābūs introduziu nos anos ’90 grandes alterações, em consequência das quais hoje bem 190.000 pessoas têm direito de voto.

Os protestos

Qābūs bin Saʿī Āl Saʿīd

Mesmo assim, apesar do clima favorável e da avançada democracia, nos últimos dias o vento da revolta chegou até aqui.

Seis pessoas morreram na semana passada durante confrontos entre manifestantes que exigiam reformas políticas e a polícia.  Parte dos revoltosos bloquearam o acesso ao porto principal e maior refinaria de petróleo do Sultanato do Golfo Pérsico.

Centenas de pessoas bloquearam a entrada da zona industrial de Sohar, uma cidade costeira no Norte do País, que abriga um porto, uma refinaria e uma fábrica de alumínio. Os manifestantes também conseguiram afastar quatro veículos do exército que entretanto tinham aparecido.

Um grande supermercado foi incendiado em Sohar, depois de ter sido saqueado, disseram testemunhas.
Os manifestantes atacaram uma esquadra da polícia para tentar libertar os prisioneiros, antes de incendia-la. Também dois escritórios do governo foram incendiados.

Além de pessoas que estavam a protestar na zona industrial, centenas de pessoas reuniram-se perto do Grande Globo (ex libris da cidade), zangadas depois da polícia ter aberto o fogo sobre os manifestantes.

No Grande Globo havia uma inscrição: “As pessoas estão zangadas.”

Visionários

O Grande Globo

Mas afinal, o que querem estas pessoas zangadas?

“Queremos que os benefícios do nosso petróleo sejam distribuídos de maneira uniforme entre toda a população”, disse um manifestante no porto.

“Queremos ver uma redução dos imigrantes em Omã, para que possam ser criados mais empregos para os habitantes de Omã”.

As reivindicações abrangem reformas políticas e melhores salários também.

Numa palavra: visionários. Justamente ignorados pelos media, mais ocupados com o a mãe de todas as revoltas, a da Líbia (antes a mãe era no Egipto, e ainda antes na Tunísia).

Mas preocupam, pois o Oman faz fronteira com a Arábia Saudita.
E com o Yemen, que também faz fronteira com a Arábia Saudita.

Agora, se já o leitor ficou zangado com o aumento do preço da gasolina destes últimos dias, imagine o que seria com uma revolta em Riade…

Ipse dixit.

Fonte: Reuters

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