Chemtrails alegadas e reais

Parece chemtrail: mas não é

Existem as chemtrails?

Mas ainda mais importante: o que são as chemtrails?

Chemtrails é uma palavra inglesa que podemos traduzir com a expressão “rastos químicos”.

Segundo algumas teorias da conspiração, forças armadas (basicamente americanas, mas não só) utilizam aviões para dispersar no ar elementos químicos.

Qual o fim?

Há quem diga que o objectivo é alterar o clima; outros afirmam que a ideia é controlar os povos com várias substâncias; outros avançam com a ideia que no ar são libertados agentes patogénicos; outros, em fim, dizem que os rastos químicos contêm tudo isso e mais alguma coisa.

Problema: até hoje ninguém conseguiu apresentar a prova definitiva acerca da existência das chemtrails.

Então: existem ou não?
Em verdade, em verdade eu digo: não sei.

Discurso fechado então?
Nem por isso.

Se a actual existência de chemtrails ainda é duvidosa, o mesmo não pode ser dito para o passado.
E, paradoxalmente, as confirmações chegam de fontes insuspeitas.

Wikipedia, a negação como filosofia

Wikipedia é o sitio da negação por excelência.

Os Ufo existem? Os bancos são maus? As chemtrails são uma realidade?

Uma breve visita às páginas de Wikipedia e as respostas são claras: os Ufo são ilusões ópticas, os donos dos bancos são todos filantropos e as chemtrails existem só na fantasia doentia dos conspiradores.

No entanto, até Wikipedia é obrigada a reconhecer factos comprovados. E que no passado houve utilização de chemtrails é um facto comprovado, com tanto de nomes e datas.

(nota: obviamente falamos da Wikipedia mais “ousada”, isso é, a versão inglesa: na portuguesa nem se fala do assunto)

Operação LAC

A Operação LAC (Large Area Coverage) foi uma operação da Divisão Química do Exército dos Estados Unidos que consistiu na dispersão de partículas microscópicas de sulfato de cádmio e zinco (ZnCdS) , ambos conhecidos agentes cancerígenos, sobre grande parte dos Estados Unidos.

O objectivo era determinar a dispersão e a faixa geográfica alcançada pelos agentes biológicos ou químicos.

“Tá bom” pensará o leitor, “afinal foi uma experiência, ora essa, pode acontecer…”

E, de facto, aconteceu, mas mais do que uma vez.: o exército admitiu ter disperso substâncias no Minnesota desde 1953 até meados da década dos ’60.

C-119 Flying Boxcar

Mas voltamos à Operação LAC: esta foi realizada em 1957 e 1958 pelo Exército dos EUA, utilizando um avião da Força Aérea, um C-119 Flying Boxcar; e o primeiro alvo forma os céus do Dakota do Sul (02 de Dezembro de 1957).

A ideia era simples, como muitas vezes acontece nestes casos: após a dispersão, estações no terreno teriam traçado o percurso das partículas fluorescentes (!) de Zinco e de Cádmio.

Só que boa parte das partículas foram levadas até o Canadá: porquê? Porque no céu há uma coisa chamada “vento”.

Pouco mal, afinal a Ciência precisa da colaboração de todos.

Assim os testes continuaram, totalizando em 1958 100 horas de voo, num dos quais a dispersão alcançou 1.400 milhas de cumprimento.

A área atingida pelas partículas foi muito ampla: restos da substância dispersa foram encontrados no Golfo do México, New York, Baía de S. Francisco, Montanhas Rochosas, Oceano Atlântico. Na prática, todo o território dos Estados Unidos foi interessado.

Um sucesso

O resultado? Um sucesso.

Os experimentos conseguiram provar que as partículas microscópicas dispersas no ar são transportadas pelos ventos e alcançam grandes distâncias.
E quem poderia ter imaginado uma coisa destas?

E as consequências na saúde humana?

Nenhuma. Um relatório do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos concluiu que a dispersão de agentes cancerígenos nos céus do País não teve efeito secundário nenhum.

Acreditamos; aliás, a minha impressão é que as pessoas sentiram-se bem melhores após a dose de Zinco e Cádmio.

Dispersando um bocado aqui e um bocado ali

A Operação LAC foi a única do género?

A resposta é negativa: houve outras operações, algumas das quais efectuadas com agentes patogénicos também.
E, coisa mais importantes, estas não são as conclusões de qualquer bloguerio alucinado, mas admissões do Exército do Estados Unidos nas audiências que decorreram no Senado em 1977.

A Serratia marcescens

Na área de S. Francisco, por exemplo, entre os dias 20 e 27 de Setembro de 1950, o Exército dispersou uma nuvem de 48 km2 com Serratia marcescens , bactéria que pode causar o surgimento de infecções respiratórias.

Após duas semanas, 11 pessoas tinham morrido no mesmo hospital por causa de pneumonia, com espanto dos médicos que, obviamente, não puderam relacionar o surto da doença com as experiências militares.

Sempre a mesma Serratia foi dispersa na década dos anos ’50 em Panama City e Key West, na Flórida.

Outra bactéria, o Bacillus globigii, foi utilizada em S. Francisco (evidentemente, não a cidade mais segura do mundo) e outros foram testados em New York, Washington DC e Pennsylvania.

Em 1965 mesma bactéria mas alvo diferente: a zona do teste foi o Aeroporto de Washington e o terminal rodoviário.

Em 1966 outra vez New York: Serratia no metropolitano, para ver quais os efeitos.

Matar para proteger

Por seu lado, o Exército justifica as experiências, observando que as cidades dos EUA podem ficar sob um ataque biológico. Para preparar uma resposta, segundo o Exército, foi preciso testar os micróbios em áreas povoadas.

Como afirmou Edward Miller, Secretário do Exército para a Pesquisa e o Desenvolvimento:

Os lançamentos em cidades e arredores eram considerados essenciais para o programa, porque o efeito duma nuvem com agentes biológicos era desconhecido.

Para nos proteger, devem matar-nos.
Interessante teoria.

Ipse dixit.

Fontes: Wikipedia, New York Times, Wall Street Journal

4 Replies to “Chemtrails alegadas e reais”

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: