Dois candidatos, dois bancos

Em breve, eleições presidências em Portugal.

Qual o meu candidato favorito? Nenhum.
Nenhum dele explica abertamente o que acontece no País. Nenhum dele indica soluções viáveis e ao mesmo tempo justas. E nenhum dele diz uma simples verdade: o destino de Portugal já não é jogado em Lisboa.

Cavaco Silva, o actual Presidente, oriundo do Partido Social Democrata, ou Manuel Alegre, do Partido Socialista?
Existem depois outros candidatos, mas é evidente que as possibilidades de vitória admitem só estes dois nomes.

O bom Cavaco

Começamos com Cavaco Silva.

Prova Final publica um vídeo retirado dum blog acerca do qual não é precisa muita fantasia para perceber a orientação política.
Mas não deixa de ser interessante, pois evidencia alguns aspectos perturbadores do actual Presidente da República, novamente candidato.

Eis o vídeo:

 
Aconselho a visão.

O bom Alegre

Quanto ao outro candidato, temos também uma história engraçada.

Manuel Alegre foi contactado por um banco, o qual pediu um pensamento do candidato-poeta.

Agora, qualquer pessoa normal perguntaria ao banco: “Desculpem, cambada de ladrões sem vergonha, mas porque querem os meus escritos?”

Tudo bem, talvez Manuel Alegre poderia não utilizar termos como “cambada de ladrões sem vergonha”, admitimos, mas um mínimo de curiosidade seria legitima. Afinal o que vai fazer o banco com a nossa obra?

O problema é que Manuel Alegre é poeta. E o poeta não pergunta: escreve. E, segundo a versão do mesmo autor, foi isso que aconteceu.
O candidato escreveu e entregou ao banco.

Imaginem a surpresa quando Manuel Alegre descobriu que o próprio trabalho tinha sido utilizado pelo banco para uma campanha publicitária! Quem poderia ter imaginado uma coisa dessa?

E, pior ainda, o trabalho foi remunerado.

Mas não há crise, pois o bom candidato poeta deu logo uma explicação. Aliás, duas. Ou melhor três. De facto, como diziam os Romanos, Melius abundare quam deficere, melhor abundar que ficar em falta.

Assim descobrimos que o trabalho foi sim remunerado mas que o cheque do banco nem foi levantado.
Ou ainda, foi levantado mas devolvido.
Talvez não devolvido ainda mas está a ser.
Cada um pode escolher a versão mais simpática.

Pergunta: mas o que isso pode interessar numa campanha eleitoral para o lugar de Presidente da República?
Afinal o País atravessa uma fase bem complicada e os verdadeiros problemas são outros.

Afinal estamos perante uma acção não ilícita de Cavaco Silva. Sim, ganhou 300.000 Euros, mas não era crime e na altura nem era um político activo.
E Manuel Alegre? Estamos a falar de 1.500 Euros, não mais do que isso.

Verdade. Em nenhum do dois casos há crimes ou atitudes ilícitas. E os reais problemas do País são outros, como bem afirmou o comentador Marcelo Rebelo de Sousa numa recente passagem televisiva.

Mas não concordo. E explico a razão.

Acima das suspeitas 

O Presidente (sn) e o Poeta (dx)

Contrariamente ao que acontece no Brasil, por exemplo, com a escolha do Presidente da República os Portugueses não optam por um rumo político. Este é definido pelo Governo e o Presidente tem poucas prerrogativas neste sentido.

O real papel do Presidente é o de garante da Constituição. Ele pode recusar a assinatura duma Lei caso esta não esteja de acordo com a lei basilar da República.

Claro, depois o Presidente tem sempre uma palavra para realçar um ou outro aspecto da vida política do País. Mas as decisões neste sentido pertencem ao Governo.

É importante saber o que os candidatos pensam acerca dos actuais problemas do País, sem dúvida. Mas sem esquecer que, neste ponto de vista, a acção deles será sempre limitada e subordinada às decisões do Governo e da Assembleia da República.

Por isso, o mais importantes dos requisitos para ser um bom Presidente da República, no meu entender, é ser uma pessoa acima de qualquer suspeita.

Só assim será possível ter a certeza que o Presidente tomará a decisão mais apropriada perante a aprovação ou a recusa duma lei. Só desta forma será possível ter a garantia de que a Constituição, a lei que está na base da Republica, será plenamente respeitada.

E como podemos descobrir a transparência das figuras em questão? Ao ouvir o pensamento delas acerca da taxa de juro dos Títulos de Estado?
Não: atravesso episódios politicamente “secundários”, como os apresentados.

E neste aspecto, o que os Portugueses podem escolher?
Um candidato com amizades no mínimo “suspeitas” no interior dum banco (e que já lhe proporcionaram um bom ganho) ou um candidato que “esquece” das remunerações doutro banco (reparem: sempre bancos…) e que fica atrapalhado na altura da explicação?  

O resto é conversa.

Ipse dixit.

Fonte: Prova Final

One Reply to “Dois candidatos, dois bancos”

  1. Ainda bem que o homem não lê este blog (presumo), não iria trazer nada de novo às discussões!!!!!!

Obrigado por participar na discussão!

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