A corrente e o gelo

O Independent do dia 20 de Março de 2000:

A neve é coisa do passado

O aquecimento global, o aquecimento da atmosfera pelo aumento da quantidade de gases industriais, é hoje aceite como uma realidade por parte da comunidade internacional.[…]

No entanto, o aquecimento manifesta-se mais com Invernos menos frios do que com Verões mais quentes.Segundo o Dr. David Viner, um cientista chefe pesquisador da unidade de pesquisa climática (CRU) da Universidade de East Anglia, no prazo de poucos anos a neve de inverno vai tornar-se “um evento muito raro e emocionante”:

As crianças não vão saber o que a neve é

David Parker, do Centro Hadley para Pesquisa e Previsão Climática, em Berkshire, diz que, em última análise, as crianças britânicas poderão ter apenas uma experiência virtual de neve. Via internet, eles podem observar cenas polar ou, eventualmente, “sentir” frio virtual.

Moral: se estiverem à procura de dicas para o loto da próxima  semana, não consultem o Independent. Simplesmente não tem jeito para certas coisas.

Lembram da plataforma da BP?

A realidade, como os leitores sabem, é bem diferente. Na Europa a neve caiu, e muita. Até demais, até o ponto de bloquear a normal circulação aérea. Milhares de pessoas retidas nos aeroportos ao longo de dias, com companhias aéreas que não sabiam o que fazer.

E mais: os teóricos do aquecimento global afirmam que é mesmo assim, que o planeta está a aquecer e por isso os Invernos estão mais frios. Deveria existir um limite legal para o ridículo.

Quem tem paciência, pode ir a ler o que Informação Incorrecta publicou no passado dia 7 de Julho (As Bolas e a Corrente):  

Agora, um estudo italiano concluiu que o derrame de petróleo no Golfo do México “quebrou” a Loop Current, uma das principais componentes da Corrente do Golfo e um dos motores que ajuda a aquece-la.

Segundo a pesquisa, é impossível prever como a situação evoluirá, mas se esse processo continuar, pode haver consequências graves para a corrente quente que atravessa o Atlântico até o Norte de Europa.

A pesquisa

Voltamos à pesquisa citada. Informazione Scorretta contactou o responsável do estudo, Gianluigi Zangari.
Eis quanto escreve o cientista: 

Provas do satélite mostram uma redução drástica na concentração de clorofila no Golfo do México, que poderia ter um sério impacto sobre os ecossistemas e a circulação no oceano.

Como é bem conhecida a correlação entre a dinâmica oceânica e a biologia (por exemplo, a abundância do fitoplâncton), a redução da concentração de clorofila pode ter consequências graves sobre o movimento (de água ou correntes, NDT) do Golfo até a Corrente do Golfo.

Isso poderia representar mais uma prova do impacto ambiental provocado pelo desastre BP e as sucessivas intervenções humanas.

A importância da clorofila como parâmetro de qualidade da água é bem conhecida: a medida da sua concentração e distribuição é uma das melhores maneiras de controlar as plantas microscópicas (fitoplâncton e / ou algas), que desempenham um papel vital na vida do oceano como a base da cadeia alimentar.

As águas com elevadas concentrações de clorofila geralmente são ricas em nutrientes e permitem a sobrevivência e a evolução da vida. Quando a distribuição da flora cai e morre como resultado de mudanças no ambiente, reduz os níveis de oxigénio dissolvido: esta é uma das principais causas da mortalidade em massa de peixes, como foi amplamente noticiado pela media nos últimos meses sobre a situação no Golfo do México.

Poderia ser uma evidência clara do efeito da poluição gerada pela intervenção humana.

Desde o acidente da plataforma BP e a subsequente introdução de diversos produtos químicos no ecossistema do Golfo, os dados dos satélites mostraram evidências duma drástica redução na concentração de clorofila (miligramas por metro cúbico) no Golfo do México até aproximadamente um factor de 100 numa primeira análise, embora mais estudos sejam necessários para confirmar este dado.

Como mostrado nas imagens de satélite a seguir (neste estudo foram consideradas, as imagens correspondentes até 20 anos atrás, mas devido à falta de espaço estão presentes apenas as fotos dos últimos 5 anos), esta observação não parece ser nem um fenómeno sazonal, nem um fenómeno esperado.

O incidente e as acções subsequentes causaram uma alteração irreparável de todo o ecossistema do Golfo, que agora parece um novo sistema biofísico artificial, diferente do sistema natural que existia anteriormente.

As imagens
 
 

Novembro, desde 2005:

Dezembro, desde 2005:

Como acontece com qualquer sistema complexo, poderíamos descrever o Golfo como um enorme organismo vivo cujas partes, vida e dinâmicas, são tão fortemente ligadas e interligadas de forma que cada elemento não pode ser separados [dos outros, NDT].

De facto, uma correlação forte entre a dinâmica do oceano e a biologia (por exemplo, a abundância do fitoplâncton) é bem conhecida, e qualquer investigação e modelo demonstrada isso em sistemas diferentes do Golfo do México.

Agora o Golfo é um sistema novo criado pelo homem, virtualmente instável: um enorme organismo gravemente doente, como um paciente que sofre de câncer.

A consequência directa é que ninguém pode prever o futuro deste novo sistema.

Em particular, não se pode antecipar o impacto sobre a Corrente do Golfo, cujas dinâmicas e actividades estão intimamente relacionadas e dependentes do sistema do Golfo, como já afirmei no anterior trabalho.

Na minha opinião, poderia ser muito difícil, se não impossível, que o estado natural do Golfo seja restaurado como estava antes do acidente.

Uma vez que esses dois sistemas, como todos os sistemas complexos, existem e se desenvolvem longe do equilíbrio termodinâmico, não é possível referir-se ao conceito de equilíbrio, mas acreditamos que, certamente, chegarão a um novo estado físico complexo, que pode ser significativamente diferente do estado natural anterior.

A situação actual do clima global [a referência é a baixas temperaturas na Europa e os EUA em Dezembro, NDT] já pode ser um primeiro indício desta evolução.

Referencias:
– N. Lovendusky and N. Gruber “Impact of the Southern Annular Mode on Southern Ocean circulation and biology”, Geophysical Research Letters, Vol. 32, L11603, 2005;
– G. Zangari, “Risk of Global Climate Change by BP Oil Spill”, 2010, Associazione Nazionale di Geofisica–National Geophysical Association.
http://www.myocean.eu.org
http://oceancolor.gsfc.nasa.gov
– G. Zangari patent n. 9903198/1999

Ficou claro, não ficou? Pois…

Fonte: The Independent, Informazione Scorretta
Agradecimentos: European Program MyOcean, National Aeronautics and Space Administration-NASA Laboratorio Nazionale di Frascati dell’Istituto Nazionale di Fisica Nucleare

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