A retoma não é para todos

Como antecipado, o índice ECRI continua a própria descida e agora atingiu quota – 7,70%.

Breve resumo dos últimos episódios:

21 de Maio: +10%
28 de Maio: +0,3%
04 de Junho: -3,7%
11 de Junho: -5,7%
19 de Junho: -6,9%
26 de Junho: -7,70%

Estamos perto duma recessão W?
Ou existem outros cenários?

Existe, de facto, outra possibilidade: um longo período de estagnação com frequentes Recessões.

A perspectiva não é das melhores, mas é avançada por Lakshman Achuthan, que os leitores de Informação Incorrecta já conhecem: é o director do ECRI.

Numa entrevista reportada pelo blog Il Grande Bluff, Achuthan  explica o próprio ponto de vista, condensados nos seguintes pontos:

1 – Estamos perante a perspectiva infeliz de “encontrar” Recessões durante a próxima década, com mais frequência do que o habitual.
2 – A desaceleração económica dos EUA agora é um facto inevitável e não pode ser parada com nenhuma uma política federal
3 – Nos próximos 10 anos, há a ameaça de que o desemprego na EUA venha a piorar antes que o nível normal possa ser restaurado.

Como realça o professor Robert Reich no seu The Huffington Post:

A economia ainda está no campo gravitacional da Grande Recessão e todos os incentivos estão a falhar.
As probabilidades de um duplo mergulho estão a aumentar.
Em Junho, o País somou menos empregos do que o necessário apenas para acompanhar o crescimento da população.
A típica semana de trabalho declinou.
O rendimento médio caiu.
As vendas de casas estão em baixo.
As vendas no varejo estão em baixa.
As ordens das fábricas em Maio sofreram a maior queda desde Março do ano passado.
Então, o que estamos a fazer acerca de tudo isso?
Menos do que nada.
Os Estados estão a executar um programa anti-estímulo (aumento de impostos, cortes nos serviços, demissão de professores, bombeiros, policiais e outros funcionários), que é agora maior do que o programa de estímulo federal.
O 75% peste estímulo federal já foi.
E o Senado e a Câmara recusam aprovar outro.

O que preocupa mesmo é o mercado do trabalho: no futuro próximo, a taxa de desemprego de 10% poderá ser ultrapassada, apesar de inicialmente diminuir um pouco.

Acerca deste último ponto, Informação Incorrecta já publicou as próprias críticas perante a ideia duma retoma que não contemple uma diminuição da taxa de desemprego. Não é uma “questão de principio” ou a defesa duma posição ideológica: é uma questão quase “matemática”. O que faz trabalhar o motor da economia é o mercado: mas se os consumos estão em baixo, pois uma significativa percentagem da população não tem os recursos necessários para aceder ao mercado, quem alimenta a economia?

Isso sem contar as despesas acrescentadas que envolvem o Estado.

Verdade, podemos sempre “drogar” o mercado, tal como acontecido nas últimas semanas. Mas é uma solução de recurso e a prazo, curto prazo.

O problema é este: não há, no horizonte, a possibilidade de reintegrar um bom número de trabalhadores que perderam o próprio emprego.

Continua Achuthan do ECRI com os seus pontos-chave:  

1 – Pelo menos 40% dos Norte-Americanos desempregados (principalmente na indústria) estão permanentemente não-empregáveis. Isso é: nunca mais vão encontrar um emprego.
2 – Estas pessoas foram substituídas .
3 – E ainda: a economia não quer o contributo deles, por uma razão ou outra, essa é a dura realidade, é inevitável

Então temos que decidir o que entender com o termo de “retoma”.
Um retoma técnica, com uma finança ainda mais afastada do mundo real, dominada pelas empresas que podem literalmente conduzir os índices das várias Bolsas? Ou uma retoma real, clássica, que seja o espelho de Países que ultrapassam as dificuldades?

O discurso é muito mais complexo do que pode parecer com estas perguntas.
Não é uma questão secundária: o que está em jogo é um modelo de sociedade, o futuro nosso e o das próximas gerações.

Ipse dixit.

Fontes: Il Grande Bluff, The Huffington Post

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