Scut: pagar é justo. Mas…

Portugal, como é sabido, foi atingido por uma desgraça de proporções ímanes.
A crise económica? Não, nada disso. Estamos a falar da eliminação dos Mundiais de Futebol.

Mas nas últimas semanas outro assunto tem ganho relevância: as portagens nas Scut.

O que é uma Scut? É uma auto-estrada sem portagens: de facto a acrónimo Scut significa “Sem Custo para os UTilizadores”.

Qual o problema com as Scut? O problema é que o governo (e parte da oposição) quer introduzir as portagens. E os cidadãos não gostam da ideia.

Há razões dum lado e do outro: não vamos tratar destes aspectos agora.
O nosso ponto de vista é outro.

Continuamos a raciocinar segundo o axioma pelo qual o petróleo existe e continuará a existir para sempre. Mas assim não é, e quem segue Informação Incorrecta sabe disso.
Mesmo não tendo em conta os problemas ligados aos hidrocarbonetos, os gastos ligados ao petróleo representam uma fatia enorme das despesas que o Estado (isso é, todos nós) tem que suportar a cada ano.

Quanto custa hoje entrar em Lisboa pela Ponte 25 de Abril? 1,40 Euros.
É um preço justo? Não. O preço correcto não deveria ser inferior ao 10 Euros, parte do qual (acerca do 90%) deveria ser empregue em acções para contrabalançar os terríveis custos do petróleo (pensem só no que está a acontecer no Golfo do México).

O mesmo raciocínio aplica-se no caso das Scut, que deveriam ser pagas, e bem.

Mas…pois existe um grande “MAS”.

Alguém já explicou que estamos nos encaminhando para um período difícil, onde teremos que usar menos o carro?
Já viram uma séria campanha televisiva para responsabilizar os cidadãos sobre o consumo de energia, para ensinar a poupar, para fazer entender que a energia custa e que a utiliza tem que paga-la?
Será que alguém notou, juntamente com o aumento das portagens, as iniciativas do governo para promover a utilização do comboio ou de transportes públicos, nomeadamente através de um melhor serviço?
Alguém, em suma, ligou esses aumentos à crise energética? Nem pensar.

Nada disso acontece.

Então a introdução das portagens nas Scut só é uma maneira para descarregar o custo da crise económica nas carteiras dos cidadãos. E nada mais.

Quem ganha com isso?
Os cidadãos? Não, de certeza.
O Estado? Nem por isso.

Muitas das pessoas que hoje utilizam as Scut encontrarão longas alternativas apenas para não pagar as portagens. Ficarão retidos em filas ao longo das estradas nacionais, bloqueados antes dos inúmeros semáforos vermelhos, atrasados, com o ar condicionado ligado.
Gastarão mais combustíveis.
E a factura energética do País irá subir.

O que o Estado pensa ganhar dum lado, na verdade gasta no outro.

Nos termos apresentados, uma medida impopular e inútil.

Previdência? Não é aqui.

Ipse dixit.

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