O cadáver e a cadeira

O que pensam na América da situação europeia?

Verdade, também os EUA têm os próprios problemas, e não são poucos. E é verdade também que a moeda de Bruxelas sempre foi mal-amada nos Estados Unidos.
Todavia é interessante ouvir as considerações dum povo reconhecidamente mais “pragmático” do Europeu.

Por isso Ainhoa Giménez, do jornal El Economista, foi entrevistar alguns especialistas do sector:

O Euro é um cadáver sentado numa cadeira

Nos EUA começa a falar-se directamente no final do projecto Euro como resultado das crises de dívida soberana na Europa. “Não é possível manter vivos os mortos. Podemos sentar-los numa cadeira e fingir que estão vivos, mas todos sabem que não são”, diz Roger Nightingale, estrategista da empresa Pointon York.

E não está sozinho. Analistas do grupo francês AXA têm uma previsão sinistra em que a zona do Euro irá partir-se em metade ou desintegrar-se directamente, e descartam a ideia de que o pacote de resgate de 750 mil milhões de Euros possa evitar-lo; consideram este mais como um alívio temporário da dor que não cura a raiz do problema. E esta ajuda significa que os cidadãos da Grécia e dos outros Países mediterrânicos terão anos de sofrimento em troca de benefícios para os credores estrangeiros.

Nightingale acredita que a desintegração já começou: “O Euro não está intacto e a economia europeia é um desastre.” Estas observações reflectem o sentimento do famoso Nouriel Roubini, o guru da crise, que acha que o risco dum retorno à recessão está crescendo de forma muito rápida na zona do Euro, onde a reestruturação da dívida grega é inevitável .

Nightingale está alarmado com a fraqueza da recuperação em curso:

Estamos na metade do ciclo e deveria haver um crescimento com ritmo mais rápido, mas o crescimento é praticamente zero. É extremamente preocupante.

Outro que se junta na alegra conversa é o analista da Pimco, a maior gestora mundial de dívida, Mohamed El-Erian, que acredita que os investidores enfrentam anos de menor crescimento devido à instabilidade da Europa e que os governos têm poucas ferramentas disponíveis para estimular a economia.

Para Nightingale, salvar os bancos foi um erro, porque as autoridades tiraram aos cidadãos dinheiro que poderia ter sido depositado nos bancos, o que piorou a situação económica.

Se a Zona Euro se desintegrar, os medos atingirão a Ásia, já que a situação actual faz lembrar a vivida há 11-12 anos atrás. No entanto, os especialistas estão mais confiantes na China do que na Europa e pensam que irá reequilibrar a própria economia, aumentar o consumo e as exportações, em comparação com a impossibilidade do Japão e da Alemanha.

“O saldo da China é muito mais forte do que os Países PIIGS”, conclui Gita Wirjawan do Investiment Coordinating Board da Indonésia, numa entrevista à CNBC.

Fonte: El Economista
Tradução: Informação Incorrecta

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