Os Prémios Nobel é que sabem

E depois dizem o caso…

Barack Obama falou no G8 e no G20: os Estados Unidos não concordam com a política de austeridade adoptada no Velho Continente.

Aliás, segundo o presidente americano o fantasmagórico deficit orçamental dos EUA não pode ser considerado um problema agora, pois a prioridade é estimular a economia.

O dono atirou o osso e os perdigueiros já estão lançados. Alguém tem que fazer o trabalho sujo.
Dois Prémios Nobel, ambos americanos, atacam as escolhas europeias.

Stiglitz: nova recessão em Grã Bretanha

A lei financeira de emergência aprovada pelo governo britânico do primeiro-ministro conservador David Cameron está “completamente errada”: a dizer isso, conforme relatado pelo semanal The Independent on Sunday, é o Prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz.
Segundo Stiglitz, a medida assinada por George Osborne, Ministro das Finanças inglês, vai tornar a recuperação mais lenta e difícil, enquanto o aumento do IVA pode até causar uma nova recessão; a receita correcta seria estimular o crescimento económico, uma política também apoiada pela administração de Barack Obama, contrariamente à Europa que prefere a consolidar os orçamentos:

Não temos de cortar a despesa, mas re-canaliza-la. Basta cortar a guerra no Afeganistão e um par de centenas de bilhões de gastos militares desnecessárias como os subsídios para a indústria do petróleo. Existe uma longa lista de itens a ser cortado, mas deve ser aumentada a despesa em outras áreas como a investigação e o desenvolvimento, as infraestruturas e a educação.

Stiglitz sugere aos governos de criar os seus próprios bancos para estimular o crédito às empresas e salvar as famílias ameaçadas por hipotecas.

Krugman: efeito dominó na Grécia, Italia, Portugal, Espanha

O prémio Nobel da Economia Paul Krugman rejeita de maneira firme  o plano de saneamento de por 80 bilhões de Euros aprovado na Alemanha porque agora, afirma, “não é tempo de preocupar-se com o deficit orçamentário, mas com o crescimento.” O economista, entrevistado pelo jornal alemão Handelsblatt, argumenta que um País pode muito bem apontar para um orçamento equilibrado dentro de 5-10 anos:

A questão é saber se devemos começar quando a economia está 7-8% abaixo das suas capacidades e os juros estão a zero….

De acordo com Krugman, nesta situação as preocupações acerca do deficit devem ficar em segundo lugar.

O pacote de austeridade alemão é realmente uma má ideia porque a política de consolidação na Alemanha não afecta só a economia domésticos, mas também retarda o crescimento de outros Países.

A outra rejeição de Krugman é para a nomeação de Axel Weber, actual governador do Banco Central Alemão, como presidente do BCE.

Se o BCE tivesse que acabar com um presidente tão conservador o risco de um efeito dominó a partir da Grécia para a Itália atravesso Espanha e Portugal seria muito maior.

Em especial, o Prémio Nobel critica o banqueiro central, que de acordo com as indiscrições da imprensa é apoiado por Angela Merkel, por ser demasiado focado nos riscos da inflação e não o suficiente sobre um possível período prolongado de estagnação.

Wof.

Ipse dixit.

Fontes: Rassegna, Mobile

2 Replies to “Os Prémios Nobel é que sabem”

  1. Ainda não percebi Vitor Constâncio como vice-presidente do BCE.

    Eu achava que as pessoas fossem escolhidas com base nos resultados obtidos. Mas assim não perece ser: todos lembramos o "Não vi e se vi não percebi" do Constâncio com os bancos portugueses.

    Então as nomeações são feitas segundo outros princípios.

    Diz Wikipedia verão inglesa (e não portuguesa, repare-se) acerca do novo vice-presidente do BCE: "Enquanto no cargo, tem defendido a estagnação dos salários ou aumentos abaixo da inflação, para permitir o crescimento económico. O sucesso desta estratégia reflecte-se no facto na duração de sete anos do seu mandato."

    Podemos discutir (e muito) acerca do "sucesso", mas o que interessa é o que Constâncio defende: salários parados ou abaixo da inflação.
    Uma maravilha segundo a União Europeia numa altura como esta.

    E não podemos esquecer que Constâncio foi presidente do BPI, entre cujos accionistas encontramos o poderoso Grupo Allianz e uma tal JPMorgan…

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