Puff! E a Belgica já não é – Parte I

Na Bélgica acabaram as eleições.

O Reino da Bélgica tem pouco mais de 30.000 km quadrados com 10.300.000 habitantes.
Pode um País com mesma população e uma superfície que é um terço de Portugal ter tanto problemas?
Pode, pode…

Vencemos

“Nós vencemos, os Flamengos votaram pela mudança e não vamos decepcionar, o Estado deve ser reformado”. Assim, o líder dos separatistas flamengos, Bart De Wever, inflamou a plateia de centenas de partidários reunidos numa discoteca em Bruxelas para comemorar a avalanche de votos que chegou na Nova Aliança Flamenga (N-VA), e que, como um tsunami, varreu os partidos tradicionais. Mas o primeiro partido da Bélgica é o socialista liderado por Elio Di Rupo. “Conseguimos um sucesso espectacular, os socialistas voltaram a ser os primeiros” repetiu o protagonista indiscutível da esmagadora vitória no sul, na Valónia. São eles, o separatista do norte e o socialista do sul, os vencedores incontestáveis duma campanha que radicalizou a votação na Bélgica, redimensionando todos os outros partidos, desde os democratas-cristãos do premier  Yves Leterme até a direita xenófoba de Vlaams Belang.

A votação concluída, o N-VA ganha 27 lugares na Câmara Federal, bem 19 mais do que os 8 de três anos atrás. Mas ao não ter um alter ego francófono, o N-VA é ultrapassado pela família socialista, que pode acrescentar os 26 lugares (+6) obtidos pelo Ps de Di Rupo na comunidade de língua francesa aos 13 confirmados pelo SP nas Flandres, para um total de 39 lugares. Na Bélgica, os partidos são regionais e no governo federal são representados os da comunidade de língua francesa (Valónia) e os da Flamenga (Flandres). Somente na região de Bruxelas os eleitores podem escolher das duas partes. Atrás dos dois vencedores, os outros partidos são todos perdedores, excepto os ambientalistas que ganham um assento (13). Os liberais perderam 10 (descem para 31). Os democratas-cristãos deixar 13 lugares e ficam com 27. A direita racista e xenófoba do flamengo Vlaams Belang é reduzida dum terço, caindo de 17 para 12 lugares.

 E agora?

Este resultado confirma a previsão da vigília, que indicavam o socialista Elio Di Rupo possível futuro primeiro ministro, depois de De Wever ter declarados de não estar interessado. Mas com qual coligação? “Temos de governar com o N-VA” admitiu, logo após as primeiras projecções o líder dos socialistas francófonos Paul Magnette. “Este é um partido nacionalista conservador, mas não racista como o Vlaams Belang para o qual seria preciso “cordão sanitário”, acrescentou o ex-ministro socialista. Mesmo para o presidente da região de Bruxelas, Charles Piquet, é necessário negociar com o N-VA. “Mas Bruxelas – advertiu – vai resistir a qualquer tentativa de ser colocadas sob tutela.”

Pronto a resposta de De Wever. “A nossas prioridade – disse perante centenas de apoiantes, que muito aplaudiram quando anunciou a vitória – é a duma reforma do Estado e da consolidação orçamental. Ninguém tem o interesse de viver num país bloqueado, por isso apertamos a mão dos franceses “. A estranha aliança ainda está por ser verificada no terreno das não fáceis nem curtas negociações e deve também ter em conta os humores dos derrotados. Assim, nas melhores tradições da Bélgica, podem ser precisos meses de espera e rotina até que ter um novo governo, mesmo quando o País assumirá a presidência da UE (dia 01 de Julho).

Fonte: Il Secolo XIX,

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